No Brasil, dedicamos o mês de março à campanha Março Azul-Marinho, um importante movimento de conscientização e combate ao câncer de intestino.

Esse tipo de câncer é o segundo mais frequente entre os homens (atrás apenas do câncer de próstata) e também o segundo entre as mulheres, ficando atrás apenas do câncer de mama.

Apesar da campanha estar concentrada em um mês específico, acredito que esse debate deve se estender durante o ano todo.

Só assim conseguiremos ampliar o conhecimento da população, promover a prevenção e aumentar significativamente as chances de diagnóstico precoce e cura da doença.

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa é de que o Brasil registre cerca de 44 mil novos casos de câncer de intestino por ano entre 2023 e 2025, sendo a maior parte concentrada nas regiões Sudeste e Sul.

Entre esses, mais de 23 mil casos devem ocorrer em mulheres e quase 22 mil em homens.

A visibilidade da doença aumentou nos últimos anos, em parte devido aos diagnósticos divulgados por figuras públicas, como Pelé, o ex-jogador Roberto Dinamite e as cantoras Preta Gil e Simony.

Esses casos despertaram um alerta importante: é preciso falar sobre o câncer colorretal com mais seriedade e frequência.

Sintomas que merecem atenção

Os sintomas do câncer colorretal podem ser discretos no início, o que dificulta o diagnóstico. Alguns sinais de atenção incluem:

Sangue nas fezes ou no papel higiênico após evacuação;
Alterações persistentes no hábito intestinal, como diarreia ou constipação;
Dor abdominal constante;
Sensação de evacuação incompleta;
Perda de peso sem causa aparente;
Cansaço excessivo ou fadiga inexplicada.

É importante lembrar que muitos pacientes não apresentam sintomas nas fases iniciais da doença, justamente por isso, a prevenção e a vigilância regular são fundamentais.

A importância da colonoscopia e de hábitos saudáveis

Entre os exames mais importantes, destaco a colonoscopia, que é o principal método diagnóstico e pode ser determinante para identificar lesões precoces, com grandes chances de cura.

Recomendo a realização da colonoscopia de forma preventiva a partir dos 45 anos, com repetição a cada cinco anos, mesmo na ausência de sintomas. Mas a prevenção não se limita ao exame.

Ela também passa por escolhas diárias, como:

Praticar atividades físicas com regularidade;
Manter uma alimentação rica em fibras;
Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados;
Evitar bebidas alcoólicas em excesso;
Parar de fumar ou buscar apoio para isso.

Mesmo atuando em alguns dos melhores hospitais do país, com acesso à cirurgia robótica e outras técnicas minimamente invasivas, reforço que o caminho ideal é evitar que o câncer se desenvolva ou ao menos diagnosticá-lo precocemente.

A tecnologia salva vidas, mas o conhecimento salva ainda mais.

Infelizmente, o câncer de intestino ainda é subestimado por boa parte da população.

Muitas pessoas acreditam que, por estarem sem sintomas, não precisam procurar um coloproctologista.

Essa percepção precisa mudar.

O especialista em doenças intestinais deve ser procurado antes que os sintomas apareçam, e não apenas em situações de emergência.

Acredito que cada um de nós pode ser um agente multiplicador de informações.

Será que a DIETA DO OVO é uma BOA IDEIA ou é FURADA?

Levar esse tema para rodas de conversa, redes sociais, ambientes de trabalho e família pode fazer toda a diferença.

Quando falamos abertamente sobre prevenção, ajudamos a salvar vidas.

Dr. Alexandre Nishimura é médico, cirurgião-geral, cirurgião robótico e coloproctologista.
Membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva, Robótica e Digital (SOBRACIL), atua com foco em técnicas avançadas e tratamentos de alta precisão.

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