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Saúde mental dos jovens passa por crise que antes só aparecia na meia-idade, aponta estudo
A saúde mental dos jovens tem se tornado um dos maiores desafios globais da atualidade.
Um estudo publicado na revista científica PLOS One analisou dados de 44 países entre 2020 e 2025 e trouxe um alerta: os adolescentes e jovens adultos estão enfrentando níveis recordes de ansiedade, depressão e sentimentos de desesperança.
Até pouco tempo atrás, as pesquisas mostravam que a felicidade seguia um padrão em forma de “U”: as pessoas eram mais felizes na juventude, passavam por uma queda de bem-estar na meia-idade e depois recuperavam a satisfação de viver ao envelhecer.
Porém, esse cenário mudou.
Agora, os cientistas observaram que a infelicidade não atinge mais o pico no meio da vida; ela começa cedo, justamente entre os mais jovens, e vai diminuindo conforme a idade avança.
O que está acontecendo com a saúde mental dos jovens?
Os pesquisadores destacam que houve um crescimento marcante nos índices de sofrimento psicológico entre os mais novos ao longo das últimas décadas.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a proporção de pessoas com menos de 25 anos que relataram problemas de saúde mental graves passou de 2,9% em 1993 para 8% em 2023.
Entre as mulheres com menos de 25 anos, a situação é ainda mais preocupante, com índices de depressão e ansiedade chegando a níveis históricos.
Na prática, isso significa mais internações hospitalares, maior uso de antidepressivos, aumento no número de suicídios e dificuldades crescentes em áreas como escola, universidade e inserção no mercado de trabalho.
O retrato global: América Latina, Europa, África e Ásia
Um dos pontos fortes do estudo foi a análise de dados de diferentes continentes.
Na América Latina, na Europa, na África e na Ásia, a pesquisa encontrou o mesmo padrão: jovens, especialmente mulheres, apresentaram índices de sofrimento mental mais elevados do que adultos mais velhos.
Embora o estudo não detalhe cada país individualmente, os dados confirmam uma tendência clara e global de piora na saúde mental dos jovens.
Impactos na vida escolar e no futuro profissional
O estudo também revelou que o impacto da crise na saúde mental dos jovens vai além da vida pessoal.
Nos Estados Unidos, por exemplo, quase 30% dos estudantes em 2021 apresentaram absenteísmo grave (definido como faltar a 10% ou mais do ano letivo).
Pesquisas complementares mostram que ansiedade e depressão estão entre os fatores mais associados a esse fenômeno, que preocupa professores e famílias.
Esse cenário prejudica a formação escolar e universitária e compromete o futuro profissional de milhões de pessoas.
No Reino Unido, por exemplo, houve um aumento significativo no número de jovens que deixaram de trabalhar ou estudar devido a problemas de saúde mental.
O papel da pandemia e das redes sociais
Os pesquisadores destacam dois fatores importantes para entender essa mudança global: a pandemia de COVID-19 e o uso excessivo de smartphones e redes sociais.
A pandemia agravou um problema que já estava em curso, aumentando a solidão, o isolamento e a insegurança em relação ao futuro.
Já as redes sociais, segundo o estudo, têm contribuído para a piora da autoestima e da comparação constante entre os jovens, reforçando sentimentos de inadequação.
Saúde mental dos jovens: um desafio para governos e famílias
O estudo mostra uma mudança importante em relação ao que se observava em pesquisas anteriores: a quebra do padrão histórico de felicidade em formato de “U” ao longo da vida.
Agora, a saúde mental dos jovens aparece como o elo mais frágil, em um problema que afeta diferentes culturas e regiões.
Esse cenário exige respostas urgentes, tanto de políticas públicas quanto de ações familiares e comunitárias.
Investir em programas de prevenção, ampliar o acesso a serviços de saúde mental e promover ambientes digitais mais saudáveis são caminhos apontados pelos especialistas para tentar reverter essa tendência preocupante.
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