Book Appointment Now

O que é a síncope vasovagal e quais riscos ela traz?
A síncope vasovagal é a causa mais comum de desmaios em adultos jovens e pessoas aparentemente saudáveis. Apesar de, na maioria das vezes, ser um evento benigno, o episódio costuma gerar grande apreensão em quem vivencia ou presencia a situação, especialmente quando ocorre de forma súbita.
Entender o que acontece no organismo, quais são os riscos reais e quando investigar é fundamental para evitar alarmismos desnecessários e, ao mesmo tempo, não negligenciar sinais de alerta.
O que acontece no organismo durante a síncope vasovagal
Esse tipo de síncope ocorre por um reflexo exagerado do sistema nervoso autônomo, responsável por controlar funções involuntárias como frequência cardíaca e pressão arterial.
Em determinadas situações, há uma ativação excessiva do sistema parassimpático, mediada pelo nervo vago, associada à dilatação dos vasos sanguíneos.
O resultado é uma queda abrupta da pressão arterial e da frequência cardíaca, reduzindo temporariamente o fluxo de sangue para o cérebro, o que leva à perda momentânea da consciência.
Principais gatilhos e sintomas que antecedem a síncope vasovagal
Os gatilhos mais comuns incluem:
- dor,
- estresse emocional,
- calor intenso,
- desidratação,
- jejum prolongado,
- longos períodos em pé,
- esforço físico excessivo,
- mudanças bruscas de postura.
Antes do desmaio completo, muitos pacientes apresentam sinais de alerta, conhecidos como pródromos, como tontura, escurecimento da visão, sudorese fria, náusea, palidez e sensação súbita de fraqueza.
Reconhecer esses sintomas é essencial, pois permite que a pessoa se sente ou se deite antes da queda.
Síncope vasovagal é perigosa?
Do ponto de vista clínico, a síncope vasovagal raramente está associada a doenças cardíacas graves.
Diferentemente de arritmias malignas ou obstruções coronarianas, o coração, nesses casos, é estruturalmente normal.
O principal risco relacionado ao episódio não costuma ser cardiovascular, mas sim o trauma decorrente da queda, que pode causar fraturas ou lesões na cabeça, especialmente em ambientes inadequados.
Ainda assim, todo episódio de síncope deve ser avaliado por um médico, principalmente quando ocorre pela primeira vez, de forma recorrente, durante esforço físico ou sem sintomas prévios.
A investigação é importante para excluir outras causas potencialmente graves, como arritmias, doenças estruturais do coração ou alterações neurológicas.
Somente após essa exclusão é possível confirmar o diagnóstico de síncope vasovagal com segurança.
Tratamento e prevenção
O tratamento, na maioria das vezes, é comportamental.
Manter boa hidratação, evitar longos períodos em pé parado, fracionar refeições, levantar-se lentamente e aprender a reconhecer os sinais iniciais fazem grande diferença na prevenção de novos episódios.
Não existe um medicamento específico capaz de bloquear completamente o reflexo vasovagal, mas o controle dos gatilhos costuma ser eficaz.
No entanto, alguns quadros exigem um tratamento intervencionista, como a cardioneuroablação, que é uma modulação do sistema nervoso parassimpático.
Essa é uma técnica relativamente recente, desenvolvida no Brasil.
Ela ganhou notoriedade devido aos seus benefícios e por ser minimamente invasiva quando comparada a outros métodos existentes.
Por conta disso, cada vez mais o implante de marcapasso vem perdendo espaço nesse cenário.
Convivendo de forma segura
Em resumo, a síncope vasovagal é uma condição comum, geralmente benigna, mas que exige orientação adequada.
Informação correta, acompanhamento médico e atenção aos sinais do próprio corpo são as principais ferramentas para conviver com o quadro de forma segura e tranquila.
Leitura Recomendada: Genética e saúde cardiovascular: cardiologista explica quando o perigo é herdado
Dr. Ricardo Ferreira é médico cardiologista, doutor pela Universidade de São Paulo e especialista em Estimulação Cardíaca Artificial, Arritmia Clínica e Eletrofisiologia Clínica e Invasiva.



