Câncer de ovário: o que toda mulher precisa saber

Quando falamos em câncer, muitos tipos acabam sendo mais conhecidos pela população, como câncer de mama, próstata e pulmão. No entanto, existe um tipo que, apesar de menos falado, representa um grande desafio tanto para as pacientes quanto para nós, médicos: o câncer de ovário.

Este é um dos tipos de câncer ginecológico mais graves, justamente porque costuma ser silencioso em seus estágios iniciais.

Quando aparecem os primeiros sinais, muitas vezes a doença já se encontra em uma fase mais avançada.

Por isso, é fundamental que as mulheres entendam os riscos, saibam reconhecer os sinais de alerta e busquem sempre acompanhamento médico regular.

Meu propósito aqui é compartilhar informações que considero fundamentais sobre o câncer de ovário.

Quando compreendemos melhor o que é a doença, os sinais que ela dá e os caminhos possíveis para enfrentá-la, fortalecemos não só a prevenção, mas também a esperança e o cuidado com a própria saúde.

O que é o câncer de ovário?

O câncer de ovário é uma doença que se desenvolve nas células dos ovários, localizados na parte inferior do abdômen da mulher e responsáveis pela produção dos óvulos e dos hormônios estrogênio e progesterona.

Existem vários tipos de câncer de ovário, classificados de acordo com o tipo de célula onde a doença começa. Os mais comuns são:

  • Tumores epiteliais: representam cerca de 90% dos casos e surgem nas células que revestem a parte externa dos ovários.
  • Tumores de células germinativas: começam nas células que produzem os óvulos, mais comuns em mulheres mais jovens.
  • Tumores estromais: surgem nas células que produzem hormônios, sendo mais raros.

Quais são os fatores de risco?

O câncer de ovário não tem uma causa única, mas alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento da doença. Os principais são:

  • Idade: mais comum em mulheres acima dos 50 anos, especialmente após a menopausa.
  • Histórico familiar: ter mãe, irmã ou filha que teve câncer de ovário ou de mama aumenta o risco.
  • Mutação genética: especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2, que também estão ligados ao câncer de mama.
  • Não ter tido filhos: mulheres que nunca engravidaram têm risco ligeiramente maior.
  • Menarca precoce e menopausa tardia: ou seja, começar a menstruar muito cedo ou parar muito tarde.
  • Terapia de reposição hormonal prolongada: uso de hormônios na menopausa, principalmente estrogênio sem progesterona.
  • Síndromes hereditárias: como a síndrome de Lynch, também elevam o risco.

Importante dizer que ter um ou mais desses fatores não significa, necessariamente, que a mulher terá câncer de ovário.

Da mesma forma, mulheres sem nenhum desses fatores também podem desenvolver a doença.

Por que o câncer de ovário é silencioso?

O grande desafio do câncer de ovário é que, nas fases iniciais, ele quase não dá sinais.

Quando os sintomas aparecem, costumam ser muito sutis e facilmente confundidos com problemas comuns do dia a dia, como questões intestinais ou desconfortos abdominais.

Os principais sinais de alerta incluem:

  • Inchaço ou aumento do volume abdominal;
  • Desconforto, dor ou sensação de peso no abdômen ou na região pélvica;
  • Sensação de estar sempre cheia, mesmo comendo pouco;
  • Náusea ou indigestão;
  • Mudanças no hábito intestinal (prisão de ventre ou diarreia);
  • Vontade frequente e urgente de urinar;
  • Cansaço excessivo;
  • Perda de peso sem explicação.

Perceba que são sintomas que podem ser confundidos com gastrite, síndrome do intestino irritável, problemas urinários e outros distúrbios comuns.

Por isso, muitas mulheres demoram para procurar um especialista.

A orientação é simples: se esses sintomas persistirem por mais de duas semanas, procure um médico para investigar.

Existe prevenção para o câncer de ovário?

Infelizmente, diferente do câncer de colo do útero, que pode ser prevenido com o exame de Papanicolau e a vacina contra HPV, não há um exame específico capaz de detectar precocemente o câncer de ovário em mulheres sem sintomas.

No entanto, existem algumas estratégias que podem reduzir o risco:

  • Uso de anticoncepcionais hormonais: estudos mostram que o uso contínuo por vários anos pode reduzir o risco.
  • Gestação e amamentação: também oferecem efeito protetor.
  • Cirurgias preventivas: mulheres com mutações nos genes BRCA1 ou BRCA2 podem optar, em comum acordo com o médico, pela retirada dos ovários após completar a prole.

Além disso, o acompanhamento regular com o ginecologista, a realização de exames de rotina e a atenção aos sintomas são fundamentais.

⭐️ Leitura Recomendada: Câncer de boca: o que você precisa saber sobre prevenção, sintomas e tratamento

 Como é feito o diagnóstico?

Quando há suspeita de câncer de ovário, o médico pode solicitar alguns exames, como:

  • Ultrassom transvaginal: avalia a presença de cistos, massas ou alterações nos ovários.
  • Exames de sangue: como o marcador tumoral CA-125, que pode estar elevado, embora não seja específico.
  • Tomografia, ressonância ou PET-CT: ajudam a avaliar se há disseminação da doença.
  • Biópsia: geralmente feita durante a cirurgia, para confirmação do diagnóstico.

O diagnóstico definitivo e a classificação do estágio da doença são fundamentais para definir o melhor tratamento.

Tratamento do câncer de ovário: quais as opções?

O tratamento do câncer de ovário geralmente envolve uma combinação de cirurgia e quimioterapia.

  • Cirurgia: é o primeiro passo e tem como objetivo remover os ovários, trompas, útero, e, se necessário, parte de outros órgãos onde o câncer tenha se espalhado.
  • Quimioterapia: aplicada antes (em alguns casos) ou após a cirurgia para eliminar células cancerígenas restantes.
  • Terapias-alvo e imunoterapia: em alguns casos, medicamentos específicos podem ser usados, especialmente em tumores com alterações genéticas como BRCA.

O sucesso do tratamento depende, principalmente, do estágio em que a doença é diagnosticada.

Quanto mais cedo, maiores as chances de cura.

O câncer de ovário tem cura?

Sim, o câncer de ovário tem cura, especialmente quando diagnosticado nas fases iniciais.

No entanto, como a maioria dos casos é descoberta em estágios mais avançados, o tratamento pode se tornar mais desafiador.

Mesmo assim, os avanços da medicina têm trazido cada vez mais opções, tanto para controle da doença quanto para melhora da qualidade de vida das pacientes.

A importância do autocuidado e da informação

Finalizo este texto reforçando uma mensagem essencial: prestar atenção aos sinais do próprio corpo salva vidas.

Não normalize sintomas que se arrastam por semanas.

Procure um médico, converse sobre seus riscos, faça seus exames de rotina e cuide de você.

O câncer de ovário ainda é um grande desafio na oncologia, mas quanto mais falamos sobre ele, mais mulheres poderão buscar ajuda no momento certo.

⭐️ Leitura Recomendada: Câncer vem de família? Veja os tipos mais comuns e como reduzir os riscos

Sou Dr. Victor Cordeiro Trevas, médico especialista em Oncologia

Siga no Instagram – @dr.victorcordeiroonco

Compartilhe este conteúdo
Dr. Victor Cordeiro Trevas
Dr. Victor Cordeiro Trevas

Sou médico, especialista em oncologia clinica, pelo hospital Felício Rocho. Atualmente trabalho na cidade de Manhuaçu onde coordeno o centro de oncologia da cidade. Atuo desde a prevenção até o tratamento do câncer incluindo quimioterapia, imunoterapia e hormonioterapia. Atuo também na parte da clínica médica onde busco tratar diversas comorbidades. Busco atender os pacientes tanto online quanto presencialmente sempre focando no paciente e nas perspectivas dele sobre a sua dor.
Graduação em Itaúna, 2016
Clínica médica Hospital Vera cruz 2021, Oncologia clínica Felício Rocho 2024

plugins premium WordPress

VIRE A CHAVE PARA EMAGRECER

INSCRIÇÕES GRATUITAS E VAGAS LIMITADAS