Estudo revela como erros gramaticais e esquizofrenia estão mais ligados do que se imagina

Erros gramaticais e esquizofrenia podem estar mais ligados do que muita gente imagina.

Uma análise científica mostrou que pessoas com esquizofrenia tendem a ter dificuldades em formar frases corretas e entender estruturas mais complexas da linguagem.

Essa descoberta pode abrir caminho para métodos mais precisos de detecção precoce da doença, o que é essencial para um tratamento mais eficaz.

O que é esquizofrenia?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a esquizofrenia é um transtorno mental grave que afeta a forma como uma pessoa pensa, sente e se comporta.

Os impactos vão muito além das alucinações ou delírios; a forma como o paciente se comunica também pode ser profundamente afetada.

Quem sofre com essa condição pode apresentar alucinações, pensamentos desorganizados, delírios, dificuldade para se comunicar com clareza e, em alguns casos, afastamento da vida social.

É importante deixar claro que a esquizofrenia não tem relação com múltiplas personalidades, como muitos ainda acreditam.

Trata-se de um transtorno complexo, que pode comprometer profundamente a percepção da realidade.

Entre os sintomas mais comuns estão:

  • Dificuldade de concentração;
  • Pensamentos confusos;
  • Alterações no comportamento;
  • Isolamento social;
  • Dificuldade para manter uma conversa coerente.

E é justamente nessa dificuldade de manter uma conversa clara e organizada que os pesquisadores decidiram investigar melhor o papel da linguagem e da gramática nesse transtorno.

O que diz o estudo sobre erros gramaticais e esquizofrenia

Pesquisadores analisaram dezenas de estudos científicos publicados entre 1982 e 2024 e reuniram dados de mais de 1.600 pessoas diagnosticadas com esquizofrenia e 1.200 pessoas saudáveis, usadas como grupo de comparação.

O foco da análise foi entender como a esquizofrenia afeta a capacidade de entender e produzir frases.

O que eles descobriram foi que pacientes com esquizofrenia costumam cometer mais erros gramaticais, usam frases mais curtas e simples, e têm mais dificuldade para identificar quando uma frase está incorreta.

Isso afeta não só a clareza da fala, mas também o entendimento de outras pessoas, o que pode causar confusão, isolamento e problemas nas relações sociais.

Por que a linguagem é tão importante?

A linguagem é uma das principais formas de nos conectarmos com o mundo.

Quando uma pessoa tem dificuldade para expressar o que pensa ou entender o que os outros dizem, ela pode se sentir isolada, incompreendida e até mesmo ameaçada.

Isso pode agravar os sintomas da esquizofrenia, como os delírios persecutórios (quando o paciente acredita que está sendo seguido ou vigiado, por exemplo).

Segundo os autores do estudo, entender melhor os padrões de linguagem desses pacientes pode ajudar a identificar sinais precoces do transtorno.

Por isso, os erros gramaticais e esquizofrenia passaram a ser estudados com mais atenção pelos cientistas, como uma possível ferramenta para diagnósticos mais rápidos.

O que são erros gramaticais no contexto da esquizofrenia?

Não estamos falando aqui de pequenos deslizes como esquecer uma vírgula ou trocar um tempo verbal.

Os pesquisadores analisaram erros que mostram uma dificuldade mais profunda de organizar ideias em frases, como colocar as palavras fora de ordem ou esquecer elementos essenciais da estrutura de uma frase.

Além disso, muitos pacientes com esquizofrenia não conseguem identificar quando uma frase está gramaticalmente errada.

Essa falha de percepção revela que o problema está mais relacionado ao funcionamento do cérebro do que ao simples conhecimento da língua.

Entendendo os termos: sintaxe, produção e compreensão

Durante a análise, os especialistas dividiram os estudos em dois grandes grupos.

Um analisava a produção da linguagem, ou seja, como a pessoa monta uma frase. Já o outro avaliava a compreensão (como a pessoa entende o que é dito).

Nos dois casos, os resultados mostraram que quem tem esquizofrenia apresenta desempenho inferior ao de pessoas sem o transtorno, principalmente quando a tarefa exigia o uso de frases mais complexas.

Os principais problemas encontrados foram:

  • Redução da duração da fala (falam menos);
  • Frases mais simples e curtas;
  • Menor capacidade de detectar erros gramaticais;
  • Dificuldade para organizar ideias em sequência lógica.

A gramática como ferramenta de diagnóstico

Essa nova perspectiva trazida pelo estudo é promissora: se os erros gramaticais e esquizofrenia estiverem realmente ligados, profissionais de saúde mental poderão, no futuro, usar a análise da fala como uma ferramenta clínica.

Isso significaria que, ao conversar com um paciente, um psicólogo ou psiquiatra poderia avaliar o padrão linguístico como parte do diagnóstico.

A fala da pessoa passaria a ser observada não apenas pelo conteúdo, mas também pela forma como as frases são construídas.

Inclusive, essa análise já vem sendo testada com o uso de tecnologias de inteligência artificial, que conseguem identificar padrões linguísticos de forma automática, oferecendo apoio à avaliação médica.

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Diferenças entre os pacientes

Uma das descobertas mais importantes foi que nem todas as pessoas com esquizofrenia apresentam os mesmos tipos de dificuldades.

Alguns têm mais problemas com a produção de frases, outros com a compreensão, e há aqueles com poucos déficits gramaticais.

Isso indica que o transtorno é ainda mais diverso do que se imaginava e que qualquer ferramenta de diagnóstico baseada em linguagem deve ser personalizada.

Erros gramaticais e esquizofrenia: o que o estudo também mostrou

Apesar dos resultados animadores, o estudo também alertou para alguns desafios. Entre eles:

  • A falta de padronização entre os estudos (cada um usava métodos diferentes);
  • A baixa participação de mulheres nas pesquisas;
  • A predominância de estudos com pessoas que falam inglês, o que limita a aplicação dos resultados em outros idiomas e culturas.

Mesmo assim, os pesquisadores reforçam que há evidências sólidas de que os erros gramaticais e esquizofrenia estão conectados e que a linguagem pode ser um dos caminhos mais promissores para melhorar o diagnóstico e o acompanhamento da doença.

E quanto à medicação ou à gravidade dos sintomas?

Curiosamente, o estudo mostrou algo importante: os erros gramaticais não estão diretamente ligados à gravidade da esquizofrenia nem à dose de remédios antipsicóticos.

Em outras palavras, isso reforça a ideia de que essas dificuldades com a linguagem são um aspecto próprio do transtorno, e não apenas um efeito colateral de remédios ou da fase em que o paciente se encontra.

Um novo caminho para a saúde mental

Ao entender melhor a relação entre erros gramaticais e esquizofrenia, abrimos portas para estratégias mais eficazes de tratamento e, principalmente, para identificação precoce do transtorno.

Isso pode mudar completamente o rumo da vida de quem sofre com essa condição.

Quanto mais cedo a esquizofrenia for detectada, maiores são as chances de a pessoa receber suporte adequado, retomar suas atividades e reconstruir seus laços com a família e com a sociedade.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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