Cardiologista desmonta mitos sobre marcapasso e estilo de vida

Sempre que o assunto é marcapasso, uma série de dúvidas, mitos e crenças populares cercam pacientes e seus familiares.

No consultório, é rotina esclarecer essas questões e reforçar um ponto essencial: o marcapasso é um dispositivo desenvolvido para salvar vidas e proporcionar mais qualidade de vida a quem o utiliza.

Com raras exceções, os riscos associados ao uso são mínimos. A maior parte das preocupações vem, na verdade, de informações equivocadas.

Marcapasso e eletrodomésticos: é seguro usar?

Um dos mitos mais comuns é o de que pessoas com marcapasso não podem utilizar eletrodomésticos.

Micro-ondas, televisores, celulares, computadores, nenhum desses equipamentos representa ameaça ao funcionamento do dispositivo.

Isso porque os marcapassos modernos são blindados contra campos eletromagnéticos de baixa intensidade.

A não ser que o paciente fique, literalmente, encostado no aparelho — o que, vale ressaltar, não é algo comum — as chances de interferência são praticamente nulas.

Viagens, esportes e exames: o que muda com o marcapasso?

Outro tema frequente é o receio de viajar de avião.

Não há qualquer contraindicação para voos, seja em relação à altitude ou à pressurização da cabine.

O marcapasso funciona normalmente durante todo o trajeto.

O único cuidado que o usuário deve ter é com os detectores de metal em formato de portal, pois as ondas eletromagnéticas emitidas por eles são intensas o suficiente para, em alguns casos, interferir no dispositivo; isso, dependendo do modelo e do grau de dependência do paciente.

Por isso, a orientação que sempre dou é: vai viajar? Leve o cartão do marcapasso, a receita médica e um resumo do quadro clínico.

Também é importante informar ao agente de segurança sobre o uso do dispositivo e solicitar que a checagem seja feita com bastão manual, evitando a região do implante.

Para praticantes de esportes radicais ou frequentadores de academia, vale reforçar: o marcapasso não impede, em geral, a prática de atividades físicas, desde que haja acompanhamento médico.

A única exceção são esportes de contato (como lutas e artes marciais) que oferecem risco de impacto direto sobre a região implantada.

Nesses casos, os cuidados precisam ser maiores, e pode haver alguma limitação.

Em relação a exames médicos, pessoas com marcapasso podem realizar a maioria deles sem complicações.

A única atenção especial é com a ressonância magnética. Alguns modelos de dispositivos são incompatíveis com esse tipo de exame, exigindo avaliação médica prévia.

Estética, bateria e novas tecnologias

Outro mito bastante difundido envolve a aparência estética do implante.

Algumas pessoas acreditam que o dispositivo fica visível sob a pele, com um volume aparente.

Na realidade, ocorre justamente o oposto.

Atualmente, os marcapassos são bastante pequenos. Já existem modelos que permitem o implante por punção, pela veia femoral; sem cortes, sem dor e com recuperação muito mais rápida.

Além disso, as baterias desses dispositivos têm longa duração, variando em média de 8 a 12 anos. Ou seja, não é necessário substituí-las com frequência. E, quando a troca for indicada, o procedimento é simples e seguro, com riscos muito baixos para a saúde.

Em resumo, o marcapasso é um recurso altamente confiável, que devolve autonomia ao paciente.

Quem convive com o dispositivo pode, e deve, manter uma rotina normal, com viagens, exercícios e todos os compromissos do dia a dia.

A principal recomendação é manter o acompanhamento médico em dia e esclarecer sempre qualquer dúvida com seu cardiologista.

Dr. Ricardo Ferreira é médico cardiologista, doutor pela Universidade de São Paulo e especialista em Estimulação Cardíaca Artificial, Arritmia Clínica e Eletrofisiologia Clínica e Invasiva.

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