O diabetes em crianças e adolescentes tem se tornado uma preocupação crescente para médicos e famílias em todo o mundo.

Um estudo internacional que analisou dados de 204 países entre 1990 e 2021 revelou que a incidência da doença quase dobrou nesse período.

Esse avanço coloca o tema em destaque não apenas como um desafio médico, mas também como um alerta para os hábitos de vida da nova geração.

Aumento expressivo nos diagnósticos

De acordo com os pesquisadores, em estudo publicado na revista Frontiers in Endocrinology, em 1990 havia pouco mais de 580 mil casos de diabetes infantil registrados.

Três décadas depois, esse número ultrapassou 1,3 milhão.

Ou seja, em pouco mais de 30 anos, a quantidade de diagnósticos aumentou em cerca de 94%.

O dado mais preocupante é que não se trata apenas do diabetes tipo 1, mais comum em jovens por ser uma doença autoimune. O crescimento mais acelerado ocorreu no diabetes tipo 2 em jovens, especialmente em adolescentes mais velhos, próximos dos 20 anos.

Pesquisadores associam esse aumento a fatores já reconhecidos, como obesidade, sedentarismo e estilo de vida, embora o estudo não tenha investigado causas diretas.

Menos mortes, mas impacto segue alto

Apesar do crescimento no número de casos, o estudo apontou que a mortalidade relacionada ao diabetes caiu no período analisado.

Em 1990, a taxa de óbitos era de 0,39 a cada 100 mil jovens; em 2021, esse número caiu para 0,31.

Isso significa que os tratamentos têm avançado e estão salvando mais vidas. No entanto, o impacto da doença sobre a qualidade de vida segue sendo um desafio.

Embora o peso global do diabetes (medido em anos de vida perdidos por incapacidade) tenha diminuído em média, ele ainda permanece alto em algumas regiões e aumentou entre adolescentes com diabetes tipo 2.

Diferenças regionais chamam atenção

O levantamento mostrou que países de renda mais alta registram mais diagnósticos de diabetes em crianças e adolescentes, mas conseguem reduzir a mortalidade graças ao acesso a medicamentos e acompanhamento médico.

Já em países mais pobres, embora a taxa de incidência seja menor, o risco de morte é maior justamente pela falta de acesso a tratamento adequado.

Principais fatores de risco

Os cientistas identificaram três fatores principais ligados ao aumento de mortes por diabetes em crianças e adolescentes:

Níveis elevados de glicose em jejum: quando o açúcar no sangue se mantém alto mesmo sem alimentação, aumentando o risco de complicações.
Altas temperaturas extremas: ondas de calor podem agravar o quadro de quem já tem a doença.
Baixas temperaturas extremas: o frio intenso também aumenta o risco de descompensação.

Esses dados reforçam que a condição não está ligada apenas à genética ou ao estilo de vida, mas também às mudanças climáticas e ao ambiente em que as pessoas vivem.

O que esses dados significam para as famílias

O aumento do diabetes infantil e do diabetes tipo 2 em jovens é um sinal claro de que os hábitos das famílias precisam ser repensados.

Incentivar a prática de atividades físicas, reduzir o consumo de ultraprocessados e priorizar uma alimentação equilibrada podem fazer diferença na prevenção.

Além disso, a informação é uma das maiores ferramentas de proteção.

Pais e responsáveis devem estar atentos a sintomas como sede excessiva, vontade frequente de urinar, perda de peso sem motivo aparente e cansaço extremo.

Tais sinais podem indicar o início da doença.

Os dados do estudo reforçam que o crescimento do diabetes em jovens é um fenômeno global e que exige atenção urgente de governos, escolas, profissionais de saúde e famílias.

Diabetes em crianças e adolescentes dispara no mundo: o que as famílias precisam saber