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CID-11 como ferramenta de saúde e uma receita de sorvete para colocar em prática
A adoção da CID-11, nova revisão da Classificação Internacional de Doenças, representa um avanço importante para a compreensão da desnutrição em adultos ao trazer códigos específicos que permitem identificar e monitorar esse agravo de forma mais precisa.
A desnutrição nessa faixa etária é um fenômeno muitas vezes invisibilizado, mascarado por rotinas exaustivas de trabalho, estresse socioeconômico — como inflação excessiva e baixo poder de compra — e dietas empobrecidas em nutrientes essenciais.
Ela não se limita à perda de peso severa: inclui quadros de “fome oculta”, quando o indivíduo consome calorias suficientes, mas carece de micronutrientes fundamentais para o funcionamento adequado do organismo.
CID-11 ajuda a reconhecer a fome que não aparece na balança
Esse cenário se agrava diante de um sistema alimentar baseado em ultraprocessados, com baixa variedade e pouca presença de alimentos frescos.
A fome oculta pode afetar energia, imunidade, saúde mental, produtividade laboral e qualidade de vida — aspectos centrais para a população adulta ativa.
Ampliar o repertório alimentar, diversificar fontes nutricionais e fortalecer a conexão com os territórios são estratégias fundamentais.
CID-11 e o papel da biodiversidade na alimentação adulta
É nesse ponto que entram os alimentos da sociobiodiversidade brasileira e as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), que oferecem elevada densidade nutricional, alto potencial funcional e, muitas vezes, grande resistência climática, sendo importantes para a segurança alimentar em um país de dimensões e desigualdades tão amplas.
O aproveitamento integral dos alimentos (cascas, talos, folhas e sementes) completa essa chave de transformação, reduzindo desperdício e ampliando o aporte de fibras, vitaminas e fitoquímicos.
Ao incluir alimentos da biodiversidade e PANC na rotina, aliando-os a práticas culinárias sustentáveis, o adulto brasileiro amplia o acesso a nutrientes essenciais, diminui custos, valoriza saberes tradicionais e contribui para um sistema alimentar mais resiliente.
Com a CID-11 iluminando a desnutrição adulta e qualificando sua identificação nos sistemas de saúde, o Brasil tem a oportunidade de fortalecer políticas públicas e práticas cotidianas que enfrentem a fome não apenas como falta de comida, mas como ausência de qualidade nutricional, equidade e sustentabilidade.
Da classificação à prática: quando a CID-11 chega à cozinha
O conhecimento sobre os alimentos da biodiversidade brasileira é uma chave central, mas ele só se torna realmente transformador quando chega à cozinha e se materializa em práticas culinárias acessíveis.
A mandioca, por exemplo, demonstra como técnicas tradicionais carregam potência nutricional e cultural: quando é pubada, passa por um processo natural de fermentação que pode melhorar sua digestibilidade, estar associado ao aumento da disponibilidade de nutrientes e conferir uma textura singular a preparações como beiju, bolos e pães.
A farinha de puba, além disso, é uma alternativa rica e saborosa para substituir a farinha de trigo em receitas, especialmente para pessoas que buscam diversificar a alimentação ou reduzir o consumo de refinados.
São saberes ancestrais que, quando reconhecidos, podem ajudar a enfrentar a fome de forma criativa e sustentável.
Alimentos abundantes, mas ainda subutilizados
O mesmo vale para frutos e plantas que, apesar de abundantes, ainda são subutilizados no país.
Todos os anos, toneladas de cambuci (uma fruta nativa da Mata Atlântica) são desperdiçadas, embora possua aroma potente, acidez equilibrada e grande versatilidade culinária, podendo gerar sorvetes, geleias, caldas e até molhos para pratos salgados.
A ora-pro-nóbis, conhecida por seu teor proteico relevante para um alimento de origem vegetal e excelente conteúdo de fibras, pode ser incorporada a bolinhos, refogados e massas, enriquecendo preparações simples com grande densidade nutricional.
Já o buriti, quando desidratado, transforma-se em um snack com alto valor nutricional, riquíssimo em carotenoides, sendo uma alternativa nutritiva e ambientalmente alinhada a contextos de extrativismo responsável.
Incorporar essas técnicas dietéticas no cotidiano coloca a biodiversidade na mesa, fortalece economias locais e amplia a autonomia alimentar das famílias, tornando a luta contra a fome uma prática que nasce dentro da cozinha brasileira.
Dito isso, uma excelente opção para se refrescar no verão que está chegando é o sorvete de cambuci, que, além de muito prático, é bastante palatável:
Sorvete de Cambuci
Ingredientes:
- 2 bananas congeladas
- 3 cambucis congelados
- 1 punhado de castanha-de-caju
- 2 colheres de sopa de mel
Modo de preparo:
- No liquidificador ou processador, bata as castanhas.
- Em seguida, acrescente as bananas e os cambucis sem casca e bata novamente.
- Adicione o mel e misture bem.
- Transfira a massa para um recipiente de vidro e pronto: uma sobremesa deliciosa que valoriza a nossa biodiversidade.
Uma sobremesa deliciosa valorizando a nossa biodiversidade!
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