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Quais os riscos do ácido fólico em excesso? Veja o que pode acontecer com você
O ácido fólico, uma forma sintética da vitamina B9, é amplamente conhecido por seu papel crucial na prevenção de malformações fetais, como os defeitos do tubo neural. Por isso, muitas gestantes recebem a recomendação de suplementá-lo. Mas, ácido fólico em excesso pode faz mais mal do que bem?
Desta modo, o que acontece quando o consumo de ácido fólico ultrapassa os níveis recomendados?
Uma revisão publicada na revista Nutrients analisou os efeitos do aumento significativo da ingestão de ácido fólico na saúde humana, apontando possíveis riscos associados ao excesso, como angiogênese exacerbada, inflamação e até neurotoxicidade. Mas será que vale a pena suplementar sem orientação médica?
O papel do ácido fólico no organismo
O ácido fólico é essencial para processos biológicos fundamentais, como síntese e reparo de DNA, produção de glóbulos vermelhos e metabolismo de aminoácidos. Durante a gravidez, sua deficiência está diretamente ligada a complicações no desenvolvimento fetal, daí a recomendação quase universal de suplementação para gestantes.
Além disso, ele participa ativamente do metabolismo de um carbono (1C), um sistema bioquímico que regula desde a produção de energia até a metilação de genes – um processo vital para o controle da expressão gênica. Quando esse equilíbrio é perturbado, seja por falta ou por excesso de ácido fólico, as consequências podem ser graves.
O perigo do excesso: quando mais nem sempre é melhor
Enquanto a deficiência está associada a níveis elevados de homocisteína – um marcador de risco cardiovascular –, o ácido fólico em excesso também pode trazer complicações. Estudos em modelos animais demonstraram que altas doses diárias podem:
- Promover inflamação e angiogênese descontrolada, especialmente em condições de hipóxia (baixo oxigênio), aumentando o risco de doenças vasculares.
- Interferir na sinalização celular do sistema nervoso, levando a possíveis efeitos neurotóxicos.
- Gerar acúmulo de ácido fólico não metabolizado (UMFA), que pode comprometer a função imunológica.
Um dos mecanismos mais preocupantes envolve a ativação da via Notch, essencial para a proliferação de células-tronco neurais. Embora esse processo seja vital para o desenvolvimento cerebral, sua superestimulação pelo excesso de ácido fólico pode desencadear efeitos indesejados, como crescimento celular desregulado.
A relação delicada com a vitamina B12
Outro ponto crítico é a interação entre o ácido fólico e a vitamina B12. Ambas trabalham em conjunto no metabolismo da homocisteína.
Quando há deficiência de B12, o ácido fólico em excesso pode mascarar sintomas de anemia megaloblástica, ao mesmo tempo em que contribui para o acúmulo de homocisteína – um fator de risco para declínio cognitivo e doenças cardiovasculares.
Pacientes com polimorfismos genéticos, como a mutação MTHFR 677TT, são ainda mais vulneráveis, pois já apresentam dificuldade em metabolizar o folato adequadamente. Para eles, a suplementação indiscriminada pode agravar o risco de AVC e outras complicações.
Sono, hipóxia e os riscos não tão óbvios
Condições como a apneia obstrutiva do sono (AOS) – que causa intermitência na oxigenação – podem ser agravadas por desequilíbrios no metabolismo do folato. Estudos sugerem que o excesso de ácido fólico pode piorar a resposta à hipóxia, aumentando o risco de danos cognitivos e cardiovasculares em pacientes com AOS.
Apesar dos benefícios bem estabelecidos do ácido fólico, a ciência vem mostrando que o excesso pode ser tão prejudicial quanto a falta. A suplementação por conta própria, sem avaliação individualizada, pode levar a desequilíbrios metabólicos com consequências sérias.
A recomendação atual é clara: antes de aumentar a ingestão de ácido fólico, seja por suplementos ou fortificação alimentar, é essencial consultar um profissional de saúde. Só assim será possível garantir que os níveis estejam adequados às necessidades específicas de cada pessoa, evitando riscos desnecessários.
Enquanto pesquisas futuras ajudam a esclarecer os mecanismos exatos por trás desses efeitos, uma coisa é certa: quando se trata de nutrição, moderação e orientação profissional continuam sendo as melhores estratégias.
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