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Catarata: o que é, sintomas, tratamento e tudo sobre a cirurgia que restaura a visão
Imagine acordar um dia e perceber que o mundo aos poucos se apaga, como se uma névoa espessa se instalasse diante dos seus olhos. Foi assim que Dona Maria, aos 70 anos, descreveu sua experiência com a catarata antes da cirurgia que mudou sua vida. “Parecia que eu vivia em um filme desfocado“, contou.
Mas, após um procedimento rápido e indolor, ela recuperou não apenas a visão, mas também a independência para ler, costurar e ver os netos crescerem.
A catarata é uma das principais causas de perda de visão no mundo, mas, diferentemente do que muitos pensam, ela tem cura. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 20 milhões de pessoas no Brasil convivem com essa condição, muitas delas sem saber que a solução pode ser mais simples do que imaginam.
Hoje, aqui no SaúdeLAB, vamos desvendar tudo sobre a catarata: desde os primeiros sinais até os detalhes da cirurgia que devolve a clareza aos olhos.
Se você ou alguém próximo está enfrentando dificuldades para enxergar, veio ao lugar certo. Acompanhe e descubra como a medicina moderna pode transformar uma visão embaçada em um futuro cheio de cores.
O que é Catarata?
Nosso olho possui uma lente natural chamada cristalino, responsável por focalizar a luz e nos permitir enxergar com nitidez. Com o tempo, essa estrutura pode se tornar opaca, como um vidro fosco, dificultando a passagem da luz e distorcendo as imagens. Esse fenômeno é o que chamamos de catarata.
Embora o envelhecimento seja a causa mais comum — afetando principalmente pessoas acima dos 60 anos —, a catarata também pode surgir em decorrência de diabetes, traumas oculares, uso prolongado de corticoides ou até mesmo exposição excessiva ao sol sem proteção.
Em casos mais raros, bebês podem nascer com catarata congênita, exigindo diagnóstico precoce para evitar complicações no desenvolvimento visual.
Um dos maiores mitos sobre a doença é a ideia de que a catarata seria uma “pele” ou membrana que cresce sobre o olho. Na realidade, trata-se de uma alteração interna do cristalino, que perde sua transparência progressivamente.
Por isso, não adianta esperar que ela “amadureça” ou suma com colírios milagrosos. A boa notícia? A medicina já domina um tratamento seguro e eficaz: a cirurgia de catarata, capaz de restaurar a visão em poucos minutos.
Sintomas de catarata
A catarata não surge da noite para o dia. Ela se instala sorrateiramente, como um véu que vai se tornando mais espesso com o tempo. No início, as mudanças podem ser sutis — um pequeno embaçamento aqui, uma dificuldade para ler ali — e muitas pessoas atribuem esses sinais ao “cansaço da vista” ou à idade.
Mas como distinguir o desgaste natural dos olhos dos primeiros alertas da catarata?
Os sintomas mais comuns são:
- Visão nublada ou embaçada, como se você estivesse olhando através de um vidro sujo, mesmo após limpar os óculos.
- Dificuldade crescente para enxergar à noite, com halos ao redor de luzes de carros e postes — um perigo para quem ainda dirige.
- Sensibilidade à luz (fotofobia), onde até mesmo a claridade do dia parece ofuscante e incômoda.
- Cores que perdem vivacidade, como se o mundo estivesse gradualmente desbotando.
- Troca frequente do grau dos óculos, sem melhora significativa na qualidade visual.
Há relatos curiosos, como o de pacientes que, de repente, conseguem ler sem óculos após anos de dependência deles. Isso acontece porque a catarata, em estágios iniciais, pode alterar o grau do olho, criando uma falsa sensação de melhora. Mas não se engane: é um alívio passageiro, seguido por piora progressiva.
Se você se identificou com algum desses sinais, não os ignore. A catarata não tratada pode levar à cegueira reversível — ou seja, uma perda de visão que poderia ter sido evitada.
Catarata tem cura?
A pergunta que mais ouvimos em consultórios oftalmológicos é também a mais esperançosa: “Doutor, catarata tem cura?” Sim, tem! E a resposta vem acompanhada de um alívio quase palpável. Mas é preciso desfazer equívocos perigosos que ainda circulam por aí.
O mito do “colírio que derrete catarata”
Em buscas na internet, surgem promessas de colírios milagrosos capazes de dissolver a catarata sem cirurgia. Aqui vai a verdade dura: não existe nenhum medicamento, colírio ou suplemento comprovado cientificamente que cure a catarata.
A opacificação do cristalino é um processo irreversível — uma vez instalada, só a remoção cirúrgica resolve.
Então, qual é o tratamento?
A cirurgia de catarata é o único método eficaz, seguro e definitivo. E a boa notícia? Você não precisa esperar a catarata “amadurecer” (como se dizia antigamente). O momento ideal para operar é quando a visão comprometida começa a afetar sua qualidade de vida: dificuldade para trabalhar, dirigir, ler ou até mesmo reconhecer rostos.
O procedimento substitui o cristalino opaco por uma lente intraocular (LIO) artificial, transparente e permanente. E não se preocupe: não é preciso “esperar a catarata voltar”. A lente implantada dura para sempre.
Cirurgia de Catarata
Se você está apreensivo com a ideia de uma cirurgia nos olhos, respire fundo. A facoemulsificação — técnica mais moderna para remoção da catarata — é um dos procedimentos mais seguros e rápidos da oftalmologia, com mais de 95% de sucesso.
Passo a passo da cirurgia
- Pré-operatório: Exames detalhados para medir o olho e escolher o tipo ideal de lente intraocular.
- Anestesia: Apenas colírios anestésicos ou uma sedação leve — nada de injeções doloridas.
- Microincisão: Um corte minúsculo (menor que 3 mm) é feito na córnea. Não são necessários pontos.
- Fragmentação da catarata: Um aparelho de ultrassom emite vibrações delicadas para liquefazer o cristalino opaco, que é aspirado.
- Implante da LIO: A lente intraocular é inserida dobrada e se posiciona sozinha no lugar do cristalino removido.
Quanto tempo demora?
A cirurgia de catarata é realizada em um olho de cada vez por segurança e melhor adaptação visual.
O intervalo entre os procedimentos varia de uma a quatro semanas, permitindo que o primeiro olho se recupere adequadamente antes de operar o segundo.
O procedimento em si é rápido, durando apenas 15 a 30 minutos por olho, com alta no mesmo dia.
É dolorido?
Quanto à dor, a anestesia local (colírios ou injeção leve) elimina qualquer desconforto significativo durante a cirurgia. Os pacientes podem sentir apenas uma leve pressão ou a sensação de movimento no olho.
Nos primeiros dias pós-operatórios, é comum uma ligeira ardência ou irritação, como se houvesse um cílio no olho, mas isso melhora rapidamente com os colírios prescritos.
A maioria descreve a experiência como muito mais tranquila do que imaginava, com desconforto mínimo que não chega a ser considerado dor verdadeira. Qualquer dor intensa ou persistente deve ser imediatamente comunicada ao médico.
Lente Intraocular: como escolher a melhor para seus olhos (e seu bolso)
A escolha da lente intraocular é uma das decisões mais importantes no tratamento da catarata. Essas pequenas lentes substituem permanentemente o cristalino opaco e podem, em muitos casos, melhorar a qualidade visual além do que o paciente tinha antes da catarata. Vamos conhecer os principais tipos disponíveis:
Lente monofocal
A lente monofocal é o modelo mais básico e amplamente utilizado. Ela oferece correção visual para uma única distância – geralmente para longe. Isso significa que após a cirurgia, o paciente consegue enxergar bem à distância, mas ainda precisará de óculos para atividades de perto, como leitura ou uso do celular.
Essa lente é a mais acessível financeiramente e está disponível na maioria dos planos de saúde e pelo SUS. É uma excelente opção para pacientes que não se incomodam em usar óculos para perto ou que têm um orçamento mais limitado.
Lente multifocal
Para quem deseja reduzir ou eliminar a dependência dos óculos, a lente multifocal é a opção mais avançada. Ela possui um design especial que permite focar em diferentes distâncias simultaneamente – longe, intermediário e perto.
Pacientes que optam por essa lente frequentemente relatam satisfação por poderem ler, usar o computador e enxergar à distância sem precisar trocar de óculos. O investimento é maior comparado à monofocal, mas muitos consideram o custo-benefício vantajoso pela comodidade adquirida.
Lente tórica
Desenvolvida especificamente para pacientes com astigmatismo, a lente tórica corrige tanto a catarata quanto o erro refrativo causado pelo astigmatismo. Ela possui um design assimétrico que compensa a curvatura irregular da córnea, proporcionando visão mais nítida sem a necessidade de óculos específicos para astigmatismo.
Assim como a multifocal, a lente tórica tem um custo mais elevado que a monofocal, mas pode ser a diferença entre continuar dependendo de óculos após a cirurgia ou recuperar uma visão plenamente funcional.
Como escolher a melhor lente?
A decisão deve considerar três fatores principais:
- Seu estilo de vida – Quão importante é para você a independência de óculos?
- Condições oculares – Presença de astigmatismo ou outras alterações que possam influenciar
- Possibilidade financeira – Quanto você pode ou deseja investir na qualidade da sua visão
Seu oftalmologista é o profissional mais indicado para orientá-lo nessa escolha, considerando suas necessidades específicas e as características dos seus olhos.
O importante é entender que, independentemente da lente escolhida, a cirurgia de catarata representa uma oportunidade única de recuperar – e muitas vezes melhorar – a qualidade da sua visão.
Recuperação pós-cirúrgica
A cirurgia de catarata é um procedimento rápido e seguro, mas o sucesso do tratamento também depende dos cuidados durante a recuperação. Entender o processo de cicatrização e seguir as orientações médicas são essenciais para obter os melhores resultados.
Os primeiros dias após a cirurgia
Nas primeiras 24 horas, é comum sentir um leve desconforto ocular, como a sensação de areia nos olhos ou uma discreta ardência. A visão pode parecer embaçada ou turva, como se houvesse uma névoa fina diante dos olhos. Esses sintomas são normais e tendem a melhorar gradualmente.
Durante este período inicial, recomenda-se repouso relativo. Evite esforços físicos, não coce os olhos e proteja-os com os óculos escuros ao sair ao sol. O uso dos colírios prescritos deve ser rigorosamente seguido, pois eles previnem infecções e auxiliam no processo de cicatrização.
A primeira semana de recuperação
Após os primeiros dias, a maioria dos pacientes já nota uma melhora significativa na qualidade da visão. No entanto, alguns cuidados continuam importantes:
- Evite atividades que possam expor os olhos a poeira, vento ou água, como nadar ou lavar o rosto com vigor.
- Não levante peso ou faça exercícios intensos durante este período.
- Durma com a proteção ocular recomendada pelo médico para evitar esbarrões involuntários durante o sono.
Muitas pessoas conseguem retomar atividades leves, como trabalhar no computador ou assistir televisão, já nos primeiros dias após a cirurgia. No entanto, cada caso é único, e o oftalmologista pode ajustar as recomendações conforme a evolução individual.
A recuperação a longo prazo
A visão continua a melhorar nas semanas seguintes à cirurgia. Entre o primeiro e o terceiro mês, ocorre a estabilização completa da acuidade visual. Alguns pacientes podem precisar de um ajuste no grau dos óculos após esse período, especialmente se foram implantadas lentes monofocais.
É fundamental comparecer a todas as consultas de acompanhamento pós-operatório. Nessas visitas, o médico avalia a cicatrização, verifica a pressão ocular e confirma se a lente intraocular está posicionada corretamente.
Possíveis complicações e quando buscar ajuda
Embora raras, algumas complicações podem ocorrer durante a recuperação. Dor intensa, vermelhidão excessiva, piora súbita da visão ou flashes de luz são sinais de alerta que exigem avaliação médica imediata.
A maioria dos pacientes, porém, experimenta uma recuperação tranquila. Com os cuidados adequados, em poucas semanas é possível desfrutar plenamente dos benefícios da cirurgia – uma visão mais nítida e clara, livre dos efeitos da catarata.
Mitos e verdades sobre catarata
“Só idosos têm catarata”
Mito. Apesar de mais comum após os 60 anos, jovens com diabetes, traumas oculares ou uso prolongado de corticoides também desenvolvem.
“A catarata ‘volta’ depois da cirurgia”
Mito parcial. A catarata em si não retorna, mas 20% dos pacientes desenvolvem opacidade da cápsula (tratável com um rápido procedimento a laser).
“É preciso esperar a catarata ‘amadurecer’ para operar”
Mito perigoso. Hoje, opera-se assim que a visão prejudica a qualidade de vida. Esperar aumenta riscos cirúrgicos.
“A cirurgia é dolorida e demorada”
Mito. Dura menos de 30 minutos e é indolor (apenas um leve desconforto pós-operatório).
“Colírios ou suplementos podem curar catarata”
Mito sem base científica. Nenhum estudo comprova eficácia de tratamentos não cirúrgicos.
Um futuro mais nítido espera por você
A catarata já não é a sentença de cegueira que assombrava nossos avós. Com avanços médicos, a cirurgia moderna transformou-se em um procedimento rápido, seguro e transformador – capaz não apenas de devolver a visão, mas, em muitos casos, de oferecer uma qualidade visual até melhor do que antes do diagnóstico.
Se você identificou sintomas em si mesmo ou em alguém querido, não adie a consulta com um oftalmologista. Como Dona Maria, que citamos no início, milhares de pessoas redescobrem anualmente o prazer de ver o mundo em alta definição após a cirurgia.
Próximo passo? Agende uma avaliação. Sua visão é um dos sentidos mais preciosos – e merece ser preservada com o que a medicina tem de melhor.
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