Alimentação vegana para crianças e bebês é recomendado?

Dra. Kátia Cristina Andrade, professora de Nutrição da Universidade Cidade de São Paulo, explica as adequações recomendadas para cada idade

A alimentação vegana vem sendo cada vez mais difundida na sociedade. E muitos pais que adotaram essa maneira de viver e experenciar a alimentação ensinam e almejam que seus filhos também sigam o veganismo.  Mas o que muitos se questionam é: crianças e bebês podem seguir o veganismo de imediato? 

O que diz a especialista

De acordo com a Profa. Dra. Kátia Cristina Andrade, professora do curso de Nutrição da Universidade Cruzeiro do Sul, a dieta vegana pode ser recomendada para crianças desde que tenham as adequações necessárias para a idade. 

É consenso que esse tipo de prática leva a um menor consumo de colesterol, gordura saturada e aumento do teor de fibras alimentares na dieta, características essas que seriam um fator de proteção na vida adulta contra doenças crônicas não transmissíveis. Entretanto, por serem grupos mais vulneráveis é importante o acompanhamento para proporcionar a oferta de todos os grupos de alimentos, além de, quando necessário, recomendar a suplementação de nutrientes que se apresentam deficientes”, salienta. 

Em contrapartida, Katia explica que o veganismo é mais recomendado em ciclos de vida onde não há o intenso crescimento e desenvolvimento. Ou seja, as demandas nutricionais geralmente são menores e a pessoa tem mais autonomia em suas escolhas alimentares, inclusive para seguir um plano alimentar adequado às suas características de vida, como trabalho, vida social e condição financeira. 

Alimentação vegana para crianças e bebês é recomendado
Alimentação vegana para crianças e bebês é recomendado? Foto: Canva PRO

Quais os riscos

Já para as crianças e bebês, as dietas veganas podem oferecer riscos justamente pelo intenso crescimento e desenvolvimento da fase. “A oferta de alimentos adequados quantitativa e qualitativamente é imprescindível para garantir os nutrientes necessários para a faixa etária. As crianças devem ser monitoradas e acompanhadas em relação ao seu estado nutricional, e deve haver orientação aos pais ou cuidadores quanto as melhores escolhas alimentares para garantir o aporte de nutrientes para proporcionar o desenvolvimento esperado na infância. Muitas vezes somente a dieta não garante o aporte de nutrientes, se fazendo necessário a suplementação em risco de deficiência como: cálcio, ferro, zinco, vitaminas D, B1, B2, B6 e B12”, reforça. 

A nutricionista aponta ainda que nesse ciclo da vida a preocupação está no fato de a alimentação não ser quantitativa e qualitativamente suficiente e adequada para proporcionar o crescimento e desenvolvimentos assertivos para idade. Nesse sentido, Kátia recomenda:  

  • Oferecer alimentação em intervalos mais frequentes, proporcionando, assim, uma adequação na oferta calórica;  
  • Garantir que na dieta sejam oferecidos alimentos com densidade energética aumentada como as oleaginosas que, além de proporcionarem energia, também veiculam gorduras de boa qualidade e proteínas;  
  • Orientar a ingestão de feijões e proporcionar melhores condições de utilização do ferro presente nesse grupo de alimentos como: ingerir fontes de vitamina C na refeição onde o feijão está presente, fazer o remolho do feijão com o objetivo de reduzir os fatores antinutricionais e não ingerir leite e derivados na mesma refeição; 
  • Utilizar alimentos fonte de cálcio tendo em vista que nessa fase o mineral é fundamental para o crescimento, mineralização óssea e dentária. Os alimentos de origem vegetal como vegetais verdes escuros tem o mineral, mas sua utilização pelo organismo é muito reduzida e, sendo assim, a utilização de bebidas vegetais fortificadas com cálcio são uma sugestão de viabilizar a oferta do nutriente. 

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Cuidados necessários

Os pais devem sempre avaliar os prós e contra do modelo de alimentação que proporcionará aos seus filhos, independentemente de ser estritamente vegetariana ou não. 

Para ajudá-los nisso, Kátia cita os prós: maior ingestão de fibras alimentares; menor ingestão de gordura saturada e colesterol; menor risco de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis e menor impacto ambiental. Já o contra é o risco de desenvolver carências nutricionais, já que dietas restritivas podem levar a problemas nutricionais futuros. 

Por fim, a professora orienta que os pais busquem sempre um nutricionista. Esse é o profissional habilitado para elaborar planos alimentares adequados para evitar carências nutricionais, orientando a adoção de práticas alimentares adequadas que proporcionam crescimento e desenvolvimento na infância. 

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* Colaboração: Nutrição / Universidade Cruzeiro do Sul – Há quase 50 anos atuando no ensino superior, a Universidade Cruzeiro do Sul possui alunos distribuídos em cursos de Graduação, Pós-graduação lato e stricto sensu, a distância e presencial, nos campi Anália Franco, Liberdade, São Miguel, Paulista, Santo Amaro, Guarulhos e Villa Lobos. É reconhecida por sua forte atuação na área social e pelo destaque em vários indicadores oficiais nas áreas de ensino, pesquisa e extensão. Pertence ao grupo Cruzeiro do Sul Educacional, um dos mais representativos do País, que reúne instituições academicamente relevantes e marcas reconhecidas em seus respectivos mercados, Universidade Cruzeiro do Sul e Universidade Cidade de São Paulo – Unicid (São Paulo/SP), Universidade de Franca – Unifran (Franca/SP), Centro Universitário do Distrito Federal – UDF (Brasília/DF, Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio – Ceunsp (Itu e Salto/SP), Faculdade São Sebastião – FASS (São Sebastião/SP), Centro Universitário Módulo (Caraguatatuba/SP), Centro Universitário Cesuca (Cachoeirinha/RS), Centro Universitário da Serra Gaúcha – FSG (Bento Gonçalves e Caxias do Sul/RS), Centro Universitário de João Pessoa – Unipê (João Pessoa/PB), Centro Universitário Braz Cubas (Mogi das Cruzes/SP) e Universidade Positivo (Curitiba e Londrina /PR), além de colégios de educação básica e ensino técnico.

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