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Cirurgia bariátrica tem novas regras no Brasil e libera procedimento para mais pessoas
Novas normas ampliam quem pode fazer cirurgia bariátrica, incluindo adolescentes e pacientes com menor índice de massa corporal e comorbidades.
A cirurgia bariátrica, também conhecida como cirurgia para redução do estômago, acaba de passar por importantes mudanças no Brasil.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou nesta terça-feira, 20, novas regras para a realização desse tipo de cirurgia no país.
O objetivo é facilitar o acesso ao procedimento para pessoas que convivem com obesidade e doenças associadas, como diabetes tipo 2, apneia do sono e hipertensão.
As mudanças ampliam o número de pessoas que podem se beneficiar da cirurgia.
A partir de agora, adolescentes com 16 anos ou mais poderão ser indicados para o procedimento, seguindo critérios semelhantes aos dos adultos.
Além disso, pacientes com IMC entre 30 e 34,9 kg/m² (que antes não se enquadravam) passam a ser incluídos, desde que apresentem doenças graves ligadas à obesidade.
Essas atualizações surgem em um cenário preocupante: a obesidade cresce de forma acelerada no Brasil e já afeta milhões de pessoas.
Segundo o Atlas Mundial da Obesidade, três em cada dez brasileiros vivem com obesidade, e quase 70% da população adulta do país está acima do peso ideal.
O que é cirurgia bariátrica e para quem ela é indicada
Como apontamos no início, a cirurgia bariátrica, também chamada de cirurgia de redução do estômago, é um procedimento médico voltado para o tratamento da obesidade grave.
Ela é indicada especialmente para pessoas que não conseguem perder peso de forma eficaz apenas com mudanças na alimentação, atividade física e uso de medicamentos.
Mais do que promover emagrecimento, a cirurgia tem o objetivo de reduzir riscos de complicações sérias provocadas pela obesidade, como:
- Diabetes tipo 2;
- Hipertensão;
- Apneia do sono;
- Doenças cardíacas;
- Esteatose hepática avançada.
Não se trata de uma cirurgia estética, mas sim de uma intervenção terapêutica com potencial de melhorar significativamente a saúde e a qualidade de vida do paciente.
Cirurgia bariátrica agora pode ser feita por adolescentes a partir dos 16 anos
Antes, os adolescentes entre 16 e 18 anos só podiam fazer a cirurgia bariátrica em situações muito específicas.
Era necessário, por exemplo, que o corpo já tivesse parado de crescer, além de outras exigências.
Já os menores de 16 anos só podiam ser operados dentro de pesquisas científicas, pois o procedimento ainda era considerado experimental nessa faixa etária.
Com as novas regras, adolescentes a partir de 16 anos poderão fazer a cirurgia bariátrica seguindo os mesmos critérios usados para adultos, desde que entendam os riscos envolvidos e estejam dispostos a mudar os hábitos de vida.
Em casos mais graves, até adolescentes com 14 ou 15 anos poderão ser considerados para a cirurgia, mas apenas se tiverem obesidade muito severa (IMC acima de 40 kg/m²) e risco elevado para a saúde.
Nesses casos, é necessária uma avaliação completa por uma equipe médica e o apoio da família.
Redução do IMC mínimo amplia acesso à cirurgia bariátrica
O Índice de Massa Corporal (IMC) é uma medida usada para avaliar o grau de sobrepeso ou obesidade.
Ele é calculado dividindo o peso da pessoa (em quilos) pelo quadrado da altura (em metros).
Até então, a cirurgia bariátrica só era recomendada para pessoas com IMC acima de 35 kg/m² e com doenças associadas.
Com a nova norma, pessoas com IMC entre 30 e 34,9 kg/m² também podem fazer a cirurgia, desde que tenham comorbidades graves, como:
- Diabetes tipo 2 de difícil controle;
- Apneia obstrutiva do sono;
- Doença hepática gordurosa em estágio avançado (esteatose hepática).
Para quem tem IMC entre 35 e 39,9 kg/m², continua sendo exigida a presença de ao menos uma doença associada à obesidade.
Já pessoas com IMC acima de 40 kg/m² não precisam apresentar doenças adicionais: a cirurgia bariátrica é indicada mesmo sem comorbidades, devido aos riscos que o peso elevado representa por si só.
Essa mudança é importante porque reforça que o objetivo da cirurgia é melhorar a saúde e a qualidade de vida dos pacientes, e não apenas reduzir o peso corporal.
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Novas técnicas permitidas e procedimentos vetados
A nova resolução do CFM também trouxe mudanças importantes sobre quais tipos de cirurgia bariátrica podem ser usados no Brasil.
As duas técnicas mais utilizadas continuam permitidas e reconhecidas como seguras:
Bypass gástrico: esse procedimento reduz o tamanho do estômago e desvia parte do intestino delgado. Com isso, a pessoa passa a comer menos e também absorve menos calorias e nutrientes. É uma técnica indicada para casos de obesidade grave, especialmente quando há doenças associadas, como diabetes tipo 2 ou refluxo grave.
Gastrectomia vertical (também chamada de sleeve): consiste na retirada de até 80% do estômago, deixando-o com o formato de um tubo fino. Isso reduz a quantidade de comida que a pessoa consegue ingerir e também diminui a produção de hormônios relacionados à fome. É um dos métodos mais usados atualmente por ser menos invasivo e com bons resultados no controle do peso e de doenças relacionadas.
Já algumas técnicas mais antigas deixaram de ser recomendadas, por apresentarem riscos maiores ou resultados inferiores:
Banda gástrica ajustável: trata-se de um anel colocado ao redor da parte superior do estômago para limitar a quantidade de alimento ingerido. Com o tempo, esse método foi perdendo espaço por causar complicações e exigir muitas reoperações.
Cirurgia de Scopinaro: essa técnica envolve uma combinação de retirada parcial do estômago e um desvio intestinal ainda mais intenso que o do bypass tradicional. Apesar de promover grande perda de peso, ela tem alto risco de deficiência nutricional e outros efeitos colaterais graves. Por isso, o CFM contraindicou seu uso.
Além disso, alguns procedimentos que antes eram considerados experimentais passaram a ser permitidos, mas apenas em situações específicas, como casos em que outras cirurgias falharam:
Duodenal switch com gastrectomia vertical: une a técnica de retirar parte do estômago (como no sleeve) com um desvio intestinal mais agressivo. É indicada apenas para pacientes com obesidade extrema e que não responderam a outros tratamentos.
Bypass com anastomose única: é uma variação do bypass tradicional, com uma técnica mais simplificada. Também pode ser considerada em situações específicas, com avaliação médica criteriosa.
Essas mudanças visam garantir mais segurança, eficácia e individualização no tratamento da obesidade, levando em conta o perfil e as necessidades de cada paciente.
Exigências hospitalares mais rigorosas para a cirurgia bariátrica
A nova norma também determina mudanças nas condições hospitalares para a realização da cirurgia bariátrica.
Agora, o procedimento deve ocorrer em hospitais de grande porte, que tenham estrutura adequada para cirurgias de alta complexidade, além de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e equipe disponível 24 horas por dia.
Para pacientes com IMC acima de 60 kg/m², as exigências são ainda maiores.
Os hospitais precisam dispor de equipamentos reforçados (como macas e mesas cirúrgicas apropriadas) e equipes multidisciplinares preparadas, já que esses pacientes apresentam maior risco de complicações durante e após a cirurgia.
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