Estudo mostra desigualdade na cirurgia de catarata no SUS e alerta para risco de cegueira

A cirurgia de catarata no SUS é o principal caminho para muitos brasileiros que dependem da rede pública de saúde. Esse procedimento é considerado a única forma eficaz de tratar a doença, que é a maior causa de cegueira evitável no mundo.

Mas apesar da sua importância, um novo estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) mostrou que ainda existem grandes desigualdades no acesso a esse tratamento entre os usuários do Sistema Único de Saúde e aqueles que têm planos de saúde.

O que a pesquisa revelou sobre a cirurgia de catarata no SUS

Segundo o levantamento, em 2024 foram realizadas cerca de 1,8 milhão de cirurgias de catarata no Brasil.

À primeira vista, parece um número alto, mas quando a análise leva em conta a proporção de pessoas atendidas, a diferença fica clara: os planos de saúde fizeram 73% mais cirurgias de catarata do que o SUS.

Isso significa que quem depende do atendimento público ainda enfrenta mais dificuldades para ter acesso a esse tipo de tratamento.

O estudo também destacou que essa disparidade muda de região para região.

Enquanto no Sudeste a diferença entre o público e o privado é menor (39%), no Norte ela é muito maior, chegando a 157%.

Fila de espera na cirurgia de catarata no SUS

O impacto dessa desigualdade é visível no dia a dia de quem precisa do procedimento.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2024 a cirurgia de catarata foi o procedimento com a maior fila de espera da rede pública, ultrapassando 168 mil solicitações em todo o país.

Esse atraso representa muito mais do que números: a demora prejudica a qualidade de vida de quem já sofre com a visão comprometida, dificultando atividades simples como ler, dirigir ou até mesmo andar com segurança.

Além disso, a falta de tratamento pode levar à perda progressiva da visão, algo que poderia ser evitado com um acesso mais rápido à cirurgia.

Para o coordenador do estudo, Prof. Dr. Mário Scheffer, a fila da cirurgia de catarata no SUS não deveria mais existir:

É inadmissível que ainda exista fila para essa cirurgia no SUS. Ela pode e deve ser zerada, pois não faltam oftalmologistas no país.

Desigualdade na distribuição de oftalmologistas

A pesquisa também apontou concentração desigual de oftalmologistas no Brasil.

Em 2024, havia 16.784 especialistas, mas mais de 65% atuavam em apenas 48 cidades com mais de 500 mil habitantes.

Isso significa que moradores de estados como Amazonas, Pará e Maranhão, que têm menos de quatro oftalmologistas por 100 mil habitantes, enfrentam barreiras maiores para marcar consultas e realizar a cirurgia de catarata no SUS.

Já no Distrito Federal, essa taxa chega a 19 por 100 mil habitantes.

Médias diferentes entre os estados

Além da desigualdade geográfica, o estudo mostrou também diferenças no número de cirurgias feitas por cada oftalmologista.

No Piauí, cada especialista chegou a realizar em média 180 procedimentos por ano, enquanto no Distrito Federal essa média foi de apenas 21.

Esses números indicam contrastes importantes entre os estados e sugerem que, em algumas regiões, a capacidade de trabalho dos especialistas pode não estar sendo plenamente utilizada, enquanto em outras a demanda é bem maior.

Por que é urgente ampliar a cirurgia de catarata no SUS

A cirurgia de catarata é simples, rápida, segura e com alto índice de sucesso.

Mas o atraso no acesso aumenta o sofrimento dos pacientes e gera impactos sociais e econômicos: pessoas com visão comprometida perdem autonomia, correm mais riscos de acidentes e precisam de auxílio constante em tarefas do dia a dia.

Caminhos para reduzir a desigualdade

O levantamento reforça que não faltam oftalmologistas no Brasil. Portanto, o grande desafio está em distribuir melhor esses profissionais e organizar os recursos já disponíveis.

Segundo o coordenador do estudo, a solução passa por uma melhor articulação entre os gestores do sistema público e privado, além de condições adequadas de trabalho para os profissionais.

Leitura Recomendada: Catarata: o que é, sintomas, tratamento e tudo sobre a cirurgia que restaura a visão

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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