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Por que o desmame das canetas emagrecedoras decide se o emagrecimento será duradouro ou não
"Pouco se fala sobre um momento decisivo do tratamento: a retirada do medicamento, o chamado desmame das canetas emagrecedoras"
Nos últimos anos, as chamadas canetas emagrecedoras ganharam grande visibilidade no Brasil, tornando-se aliadas no tratamento da obesidade.
Substâncias como liraglutida, semaglutida e, mais recentemente, a tirzepatida — todas aprovadas pela Anvisa — passaram a ser amplamente utilizadas por pessoas com sobrepeso, obesidade e comorbidades associadas.
Com a chegada de novas moléculas, o cenário se torna ainda mais promissor, oferecendo mais recursos para personalizar condutas e atender diferentes perfis metabólicos.
No entanto, em meio a esse avanço, pouco se fala sobre um momento decisivo do tratamento: a retirada do medicamento, o chamado desmame das canetas emagrecedoras.
Desmame das canetas emagrecedoras: parte essencial do tratamento
O desmame não é uma pausa no processo, mas sim parte da própria estratégia de emagrecimento.
O uso dessas medicações deve sempre estar inserido em um plano estruturado, conduzido por um médico, que contemple o momento certo de iniciar, ajustar e, principalmente, retirar o medicamento.
Esse passo não pode ser feito de forma brusca, nem deixado de lado. Ele exige planejamento, acompanhamento e preparo do organismo.
Isso porque, ao perder peso, o corpo entra em um estado de alerta biológico.
Ele “entende” aquele novo peso como uma ameaça, algo fora do padrão estabelecido.
Com isso, diversas adaptações metabólicas começam a ocorrer para recuperar o peso anterior: aumento da fome, desaceleração do metabolismo, alterações hormonais, entre outras.
Esse processo é conhecido como adaptation response (resposta adaptativa) e está entre os principais motivos para o reganho de peso após a interrupção da medicação.
Leitura Recomendada: Você faz tudo certo e não emagrece? O erro pode estar nas dietas genéricas, alerta médico
Por que o desmame das canetas emagrecedoras ajuda a manter os resultados?
O desmame é fundamental para garantir que o peso perdido seja mantido.
Estudos mostram que o corpo precisa de, no mínimo, um ano com o peso estabilizado para reconhecê-lo como o “novo normal”.
Durante esse período, oscilações devem ser evitadas, e o foco deve estar em estabilizar os resultados por meio de mudanças reais e sustentáveis.
Mais do que o medicamento em si, é preciso tratar as causas do ganho de peso.
As canetas são ferramentas poderosas, mas não definitivas. O verdadeiro protagonista do processo deve ser o paciente.
Por isso, é essencial investigar e tratar os fatores que levaram ao acúmulo de peso: hábitos alimentares, sedentarismo, inflamações crônicas, resistência à insulina, desequilíbrios hormonais, disbiose intestinal, além de aspectos emocionais e genéticos.
Sem essa base, o uso da medicação tende a ser temporário e frustrante.
Desmame das canetas emagrecedoras: quando e como fazer?
O tratamento da obesidade é multifatorial e exige condução técnica, escuta ativa e personalização.
A retirada da medicação deve ser tão estratégica quanto sua introdução.
Com suporte adequado e um plano de desmame bem estruturado, é possível não apenas manter os resultados alcançados, mas transformar a saúde de forma duradoura.
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Danilo Almeida é médico pós-graduado em Nutrologia pela ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia) e fundador da Clínica Versio, localizada em Vitória/ES.