Como o cigarro afeta seu intestino: o que todo fumante deve saber

Você já deve ter ouvido falar muito sobre os males do cigarro, mas talvez não saiba o quanto o hábito de fumar pode prejudicar o intestino. Quando falamos em fumo e doenças intestinais, a ciência já comprovou que essa relação é direta e preocupante.

Durante muitos anos, fumar era comum no Brasil, a ponto de ser permitido até mesmo em ambientes fechados.

Hoje, felizmente, essa realidade mudou. A conscientização aumentou, e o número de fumantes vem caindo.

Mas, mesmo com essa melhora, ainda existe uma parcela significativa da população que mantém o hábito e precisa entender como o cigarro interfere na saúde digestiva.

O que torna o cigarro tão viciante

O tabaco presente em cigarros, charutos e até no popular cigarro de palha contém uma substância chamada nicotina.

Ela é a grande responsável pelo vício, porque causa dois efeitos importantes no organismo:

  1. Aumenta a pressão nos vasos sanguíneos – A nicotina provoca vasoconstrição, ou seja, os vasos ficam mais estreitos e o sangue circula com mais dificuldade.
  2. Estimula o prazer imediato – A substância também ativa a produção de dopamina, neurotransmissor ligado à sensação de bem-estar. É por isso que parar de fumar não é simples: o cérebro associa o cigarro a uma sensação de recompensa.

Além disso, a nicotina é capaz de provocar mutações no DNA das células, favorecendo o surgimento de diferentes tipos de câncer.

Vale lembrar que, apesar de muitos acreditarem que o cigarro eletrônico (vape) seja uma alternativa mais segura, ele também libera nicotina em doses que podem ser até maiores do que as de um cigarro comum.

Isso significa que os riscos de dependência, inflamações e até de doenças intestinais continuam presentes, mesmo quando não há a fumaça tradicional.

Fumo e doenças intestinais: quais são os riscos

O cigarro está ligado a problemas em diversos órgãos, mas no intestino seus efeitos são ainda mais impactantes. Entre as condições mais comuns, estão:

  • Doença de Crohn;
  • Úlcera péptica;
  • Pólipos intestinais;
  • Câncer colorretal.

Cada uma delas tem características próprias, mas todas têm em comum o fato de serem mais frequentes ou mais agressivas em pessoas fumantes.

Doença de Crohn e o cigarro

A Doença de Crohn é uma inflamação crônica que atinge principalmente o intestino delgado e o cólon.

Os sintomas incluem diarreia persistente, cólicas, febre, perda de apetite, emagrecimento e até sangramento retal.

Pesquisas mostram que quem fuma tem maior risco de desenvolver a doença e, quando já é portador, tende a apresentar sintomas mais fortes e crises mais frequentes.

Além disso, mesmo após cirurgias, o risco de recidiva é maior em fumantes.

O tratamento geralmente envolve medicamentos para controlar a inflamação, ajustes na dieta e, em casos graves, cirurgia.

Mas para o fumante, esses recursos podem ter menos eficácia justamente por causa da interferência do cigarro no organismo.

Úlcera péptica: como o cigarro atrapalha a cicatrização

A úlcera péptica é uma ferida que aparece no estômago ou no duodeno.

As principais causas são a infecção pela bactéria Helicobacter pylori e o uso contínuo de anti-inflamatórios.

O tabagismo aumenta o risco de infecção por essa bactéria, atrapalha a cicatrização das lesões e favorece o reaparecimento das úlceras mesmo após o tratamento. Isso acontece porque fumar:

  • Reduz a produção de muco protetor no estômago.
  • Diminui o fluxo sanguíneo da parede gástrica.
  • Estimula a produção de enzimas que agridem o revestimento interno.

Em outras palavras, o fumante fica mais vulnerável à formação da úlcera e ainda enfrenta mais dificuldade para se recuperar dela.

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Pólipos intestinais: sementes do câncer

Os pólipos são pequenas formações que surgem na parede interna do intestino grosso.

Embora no início sejam benignos, eles podem se transformar em tumores malignos ao longo dos anos.

O tabagismo é um fator de risco importante nesse processo.

Fumantes tendem a desenvolver pólipos maiores, em maior quantidade e com maior chance de voltarem após a remoção.

A retirada deve ser feita por meio de colonoscopia, procedimento chamado polipectomia.

É um cuidado fundamental para evitar a evolução para câncer de intestino.

Câncer colorretal: a complicação mais grave

Entre os impactos da relação entre fumo e doenças intestinais, o câncer colorretal é o mais grave.

Ele pode se desenvolver a partir de pólipos que não foram removidos a tempo.

Os sinais de alerta incluem:

  • Sangramento nas fezes;
  • Anemia sem causa aparente;
  • Perda de peso repentina;
  • Alteração no hábito intestinal.

O diagnóstico precoce aumenta muito as chances de cura, por isso exames como a colonoscopia são essenciais a partir dos 45 anos ou antes, em casos de histórico familiar.

O tratamento varia entre cirurgia, quimioterapia e radioterapia, podendo exigir a combinação desses métodos.

Fumo e doenças intestinais: por que parar de fumar é fundamental

O intestino tem papel vital na digestão, na absorção de nutrientes e até na defesa imunológica.

Quando o cigarro entra em cena, todo esse equilíbrio é comprometido.

A relação entre fumo e doenças intestinais é clara: o hábito de fumar aumenta as chances de inflamações, pólipos e até câncer colorretal.

Interromper o tabagismo reduz drasticamente esses riscos e fortalece a saúde digestiva.

Mesmo para quem já enfrenta algum problema intestinal, parar de fumar pode melhorar a resposta ao tratamento e diminuir as complicações.

Se você ainda fuma, o melhor momento para cuidar da sua saúde intestinal é agora.

Procurar ajuda médica é o primeiro passo para abandonar o vício e recuperar a qualidade de vida.

Leitura Recomendada: Como reconhecer os sintomas de doença de Crohn antes que evoluam para complicações graves

Dr. Alexandre Nishimura

Médico cirurgião-geral, cirurgião robótico e coloproctologista. Membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva, Robótica e Digital (SOBRACIL). Atua com foco em técnicas avançadas e tratamentos de alta precisão.

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