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Como uma infância difícil influencia a gordura visceral em mulheres
Pesquisadores descobriram que a gordura visceral em mulheres pode ser influenciada por fatores que começam muito antes da vida adulta.
Um estudo publicado na revista Communications Biology, do grupo Nature, mostra que experiências adversas na infância (como conflitos familiares, negligência, violência, instabilidade emocional ou falta de suporte dos cuidadores) podem aumentar o risco metabólico, especialmente quando se combinam com determinadas características genéticas do cérebro.
O trabalho analisou uma rede de genes ligada ao receptor de insulina em regiões cerebrais relacionadas ao uso de energia e ao comportamento alimentar.
Essa rede, chamada ePRS-IR-PFC-STR, não corresponde a um único gene, mas a um conjunto de variantes que influenciam como o cérebro responde à insulina.
As pesquisadoras observaram que mulheres com pontuações genéticas mais altas e maior exposição a adversidades na infância apresentaram maior tendência a acumular gordura visceral e desenvolver síndrome metabólica na vida adulta.
Por que a gordura visceral preocupa mais
A pesquisa destaca que a gordura visceral é diferente da gordura localizada logo abaixo da pele.
Ela se acumula na cavidade abdominal, próxima a órgãos como fígado e intestino, sendo mais associada a condições como síndrome metabólica, diabetes tipo 2, colesterol alterado e doenças cardiovasculares.
Nos resultados, as mulheres mais vulneráveis geneticamente (e expostas a ambientes adversos no início da vida) apresentaram maior volume de gordura visceral.
O estudo também identificou que, nessas mesmas mulheres, a dieta adulta tendia a ter maior proporção de calorias vindas de gorduras, o que reforça a importância do comportamento alimentar como peça desse quebra-cabeça.
Gordura visceral: o papel do cérebro nessa história
A rede genética analisada pelos pesquisadores está ligada ao receptor de insulina em áreas do cérebro que participam de funções importantes, como sensação de recompensa, controle da energia que o corpo usa e relação com a comida.
Em vez de avaliar um único gene, o estudo observou um conjunto de variações genéticas que influenciam como essas regiões cerebrais funcionam ao longo da vida.
O que o estudo mostra é que essas variações podem tornar algumas mulheres mais sensíveis aos efeitos de experiências adversas na infância.
Não quer dizer que o cérebro “se desregule”, mas que essa combinação entre genética e ambiente altera a forma como o organismo lida com energia, alimentação e armazenamento de gordura.
Por isso, duas mulheres com hábitos parecidos na vida adulta podem ter riscos metabólicos bem diferentes.
O histórico de vida (incluindo fatores da infância) pode influenciar como o metabolismo se comporta hoje.
Em outras palavras, não é apenas o que fazemos agora, mas também como o organismo aprendeu a responder a esses estímulos ao longo dos anos.
Como esse conhecimento pode ajudar na prática
Embora o estudo aponte uma ligação clara entre adversidade na infância e maior risco de gordura visceral em mulheres, ele também reforça que essa relação não determina o futuro.
Pelo contrário, trazer esse tipo de evidência à tona amplia possibilidades de prevenção e cuidado.
A compreensão de que fatores ambientais, comportamentais e genéticos atuam juntos permite que profissionais adotem uma abordagem mais completa.
Isso significa avaliar histórico, hábitos, contexto emocional e vulnerabilidades individuais, e não apenas medir peso e circunferência abdominal.
Essas descobertas abrem portas para estratégias personalizadas de saúde, intervenções mais precoces e ações que ajudem mulheres a reconhecer sinais que muitas vezes passam despercebidos.
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