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O que é Esclerodermia? Saiba por que a doença rara afeta mais mulheres
A esclerodermia, também conhecida como esclerose sistêmica, é uma doença rara e complexa que causa o endurecimento da pele e, em alguns casos, pode afetar órgãos vitais como pulmões, rins e coração.
Apesar de ser pouco conhecida, ela traz impactos significativos para a qualidade de vida de quem convive com ela. E um dado chama a atenção: as mulheres são quatro vezes mais propensas a desenvolver a doença do que os homens. Mas por quê?
Dois estudos recentes liderados por pesquisadores do Hospital for Special Surgery (HSS), nos Estados Unidos, trouxeram respostas surpreendentes e abriram caminho para novas possibilidades de tratamento.
O que é esclerodermia?
A esclerodermia é uma doença autoimune, ou seja, ocorre quando o sistema imunológico ataca erroneamente os tecidos do próprio corpo. Isso desencadeia um processo de fibrose, que é o espessamento e endurecimento da pele e, em casos mais graves, de órgãos internos.
A doença afeta cerca de 300 mil pessoas nos Estados Unidos, sendo que um terço delas desenvolve a forma sistêmica, que pode comprometer funções vitais. No Brasil, ainda faltam dados precisos, mas a realidade dos pacientes é igualmente desafiadora.
Por que as mulheres são mais afetadas?
A resposta para essa pergunta está nos cromossomos. Os estudos publicados na Journal of Experimental Medicine revelaram que dois receptores genéticos, chamados TLR7 e TLR8, presentes no cromossomo X, desempenham um papel crucial no desenvolvimento da esclerodermia.
Esses receptores ativam células imunológicas conhecidas como células dendríticas plasmacitoides (pDCs), que estão diretamente ligadas ao processo de fibrose.
Aqui está o detalhe fascinante: as mulheres têm dois cromossomos X, enquanto os homens têm um X e um Y. Em células saudáveis, um dos cromossomos X das mulheres é desativado naturalmente, como uma forma de equilíbrio.
No entanto, nos pacientes com esclerodermia, esse mecanismo falha. Os receptores TLR7 e TLR8 “escapam” da desativação, resultando em uma superexpressão desses genes.
“Ficamos surpresos com a magnitude desse escape”, explica o Dr. Franck Barrat, PhD, líder dos estudos. Enquanto em pessoas saudáveis apenas 10% a 15% das células escapam da desativação, em pacientes com esclerodermia, esse número salta para mais de 35%.
Essa superativação das pDCs explica por que a doença é tão prevalente em mulheres.
O papel da inflamação crônica
Além da descoberta sobre os cromossomos, os pesquisadores identificaram outro fator crucial: uma proteína chamada CXCL4, que desempenha um papel central na perpetuação da inflamação.
Em condições normais, quando há uma lesão na pele, o sistema imunológico entra em ação para promover a cicatrização e, em seguida, desliga o processo inflamatório. No entanto, em pacientes com esclerodermia, a CXCL4 impede que essa “pausa” aconteça, mantendo as pDCs em estado de ativação crônica e perpetuando o ciclo de fibrose.
“Basicamente, as pDCs são atraídas pela fibrose, mas, em vez de serem desativadas, a CXCL4 as mantém ativas, contribuindo para o agravamento da doença“, detalha o Dr. Barrat.
Novas esperanças no horizonte
Apesar de ainda não haver cura para a esclerodermia, as descobertas abrem portas para tratamentos mais eficazes. Os pesquisadores acreditam que terapias direcionadas às pDCs podem ser a chave para interromper o ciclo de fibrose.
“Há medicamentos em desenvolvimento que já mostraram potencial em bloquear as pDCs, especialmente em pacientes com lúpus, e que podem ser testados para a esclerodermia“, afirma o Dr. Barrat.
Esses avanços são fruto de uma colaboração internacional, envolvendo cientistas e clínicos de instituições como a Universidade de Toulouse, na França, e o Centro de Excelência em Esclerodermia, Vasculite e Miosite do HSS.
A união de esforços tem sido fundamental para desvendar os mistérios dessa doença e oferecer novas esperanças aos pacientes.
O que isso significa para os pacientes?
Para as milhares de mulheres que convivem com a esclerodermia, essas descobertas representam um passo importante em direção a tratamentos mais eficazes e personalizados.
A compreensão dos mecanismos biológicos por trás da doença não apenas explica a disparidade de gênero, mas também aponta caminhos para terapias inovadoras.
Enquanto a ciência avança, é essencial que os pacientes tenham acesso a informações confiáveis e a um acompanhamento médico especializado. A esclerodermia pode ser uma doença desafiadora, mas, com o suporte adequado e as novas descobertas, há motivos para acreditar em um futuro melhor.
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