Tem hérnia de disco? Veja se é seguro (ou não) continuar no crossfit e como adaptar o treino

A hérnia de disco é uma condição cada vez mais comum, especialmente entre pessoas que mantêm uma rotina intensa de trabalho, sedentarismo ou, paradoxalmente, práticas esportivas mal orientadas.

Ao mesmo tempo, o Crossfit tem ganhado popularidade como um método eficaz de treinamento de força e condicionamento físico, atraindo desde iniciantes até atletas experientes.

Esse cenário levanta uma dúvida frequente: quem tem hérnia de disco pode fazer Crossfit?

Aqui, no SaúdeLAB, você entenderá como a hérnia afeta o corpo, quais os cuidados necessários e quando o Crossfit pode ser benéfico ou contraindicado.

O que é hérnia de disco e como ela afeta os movimentos?

A coluna vertebral é formada por vértebras separadas por discos intervertebrais, que funcionam como amortecedores naturais.

A hérnia de disco ocorre quando há o deslocamento ou extravasamento do conteúdo gelatinoso (núcleo pulposo) do disco, geralmente por desgaste ou sobrecarga.

Esse material pode pressionar raízes nervosas próximas, gerando sintomas variados. As hérnias mais comuns ocorrem na região lombar, mas também podem afetar a coluna cervical.

Nem todas as hérnias causam sintomas. Em muitos casos, o diagnóstico é feito por exames de imagem solicitados por outros motivos, sem que o paciente sinta dor.

Sintomas e limitações mais comuns

Quando sintomática, a hérnia de disco pode provocar:

  • Dor localizada (geralmente lombar ou cervical)
  • Irradiação para pernas ou braços (como ciática)
  • Dormência, formigamento ou queimação
  • Perda de força muscular
  • Dificuldade para manter algumas posturas ou executar certos movimentos

Esses sintomas variam conforme a localização da hérnia e o grau de compressão nervosa. Em casos mais graves, pode haver perda de controle dos esfíncteres ou comprometimento motor, exigindo intervenção cirúrgica.

Mas, diante disso, será que quem tem hérnia de disco pode fazer Crossfit?

Hérnia de disco.
Hérnia de disco. Foto: Canva PRO

Por que o diagnóstico por si só não define o que a pessoa pode ou não fazer

Receber o diagnóstico de hérnia de disco não significa, automaticamente, que a pessoa está incapacitada para praticar atividades físicas como o Crossfit.

O fator determinante é a presença de sintomas ativos, sua intensidade e a resposta individual ao movimento.

Há pessoas com hérnia de disco que convivem bem com a condição e conseguem realizar exercícios físicos com desempenho funcional.

Em contrapartida, outras apresentam sintomas limitantes mesmo com hérnias pequenas.

Portanto, é essencial uma avaliação individualizada, que leve em conta não apenas os exames, mas principalmente o quadro clínico e a funcionalidade do paciente. Por isso, a resposta para a pergunta: “quem tem hérnia de disco pode fazer Crossfit?” não é tão simples.

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Quem tem hérnia de disco pode fazer Crossfit?

O Crossfit é um método de treinamento de alta intensidade, que envolve movimentos multiarticulares com cargas variáveis, exigindo força, mobilidade e coordenação.

Embora traga diversos benefícios quando bem orientado, ele também pode representar riscos para pessoas com histórico de hérnia de disco.

Os principais riscos incluem:

  • Sobrecarga excessiva da coluna vertebral
  • Execução incorreta de movimentos com carga
  • Falta de controle de tronco e core durante exercícios complexos
  • Progressão rápida sem base de preparo físico

Esses fatores podem agravar sintomas preexistentes, provocar crises de dor e até gerar novas lesões, principalmente em quem treina sem acompanhamento adequado.

Movimentos que exigem atenção

Alguns movimentos típicos do Crossfit demandam maior atenção de quem tem hérnia de disco. Entre eles:

  • Agachamentos pesados (back squat, overhead squat): exigem alinhamento preciso e estabilidade de tronco
  • Levantamento terra (deadlift): muito eficaz para fortalecimento, mas também um dos mais lesivos quando mal executado
  • Movimentos balísticos e de tração (kipping pull-ups, snatch, clean & jerk): podem sobrecarregar a região lombar se feitos sem preparo técnico
  • Isso não significa que esses movimentos são proibidos. Muitos deles podem ser adaptados, com ajustes de carga, amplitude e tempo de execução.

Casos em que o Crossfit deve ser evitado

O Crossfit pode ser temporariamente contraindicado nas seguintes situações:

  • Dor intensa e persistente na coluna ou irradiada
  • Perda de força muscular nos membros
  • Quadro inflamatório agudo ou recente
  • Falta de liberação médica para atividades físicas
  • Ausência de acompanhamento especializado (médico, fisioterapeuta, educador físico capacitado)

Nestes casos, o ideal é passar por uma reabilitação adequada antes de retornar ao treino, garantindo segurança e melhores resultados a longo prazo.

Crossfit.
Crossfit. Foto: Canva PRO

Quando o Crossfit pode ser benéfico mesmo com hérnia?

Embora a hérnia de disco exija cuidados específicos, isso não significa que a prática de exercícios intensos esteja completamente fora de questão. Em muitos casos, o Crossfit (quando adaptado e bem orientado) pode até oferecer benefícios importantes à coluna e à saúde geral da pessoa.

Fortalecimento do core e estabilização da coluna

Uma das bases do Crossfit é o fortalecimento do core (grupo de músculos que inclui abdômen, lombar, glúteos e pelve). Ter um core forte é essencial para a estabilização da coluna vertebral, o que pode reduzir a sobrecarga nos discos intervertebrais e prevenir crises de dor.

Exercícios bem executados, com foco na ativação do core e na técnica correta, podem contribuir para uma coluna mais estável e funcional, favorecendo a convivência com a hérnia de forma segura.

Melhora da mobilidade, postura e consciência corporal

O Crossfit também trabalha aspectos importantes como mobilidade articular, alinhamento postural e consciência dos movimentos.

Pessoas com hérnia de disco frequentemente apresentam desequilíbrios musculares, encurtamentos ou padrões de movimento compensatórios que agravam os sintomas.

Com supervisão adequada, o treino pode ajudar a:

  • Melhorar a flexibilidade da cadeia posterior
  • Corrigir desequilíbrios musculares
  • Aprimorar a postura estática e dinâmica
  • Reduzir comportamentos que geram sobrecarga na coluna

Benefícios psicológicos (autonomia, autoestima)

Além dos ganhos físicos, o Crossfit também pode promover impactos positivos na saúde mental e emocional. Manter-se ativo e engajado em um ambiente motivador pode ajudar a:

  • Recuperar a confiança no corpo
  • Sentir-se menos limitado pela dor
  • Reduzir o medo de se movimentar
  • Melhorar a autoestima e o bem-estar geral

Esses fatores influenciam diretamente a qualidade de vida de quem convive com a hérnia de disco e podem contribuir até mesmo para o controle da dor crônica.

Leitura Recomendada: O Que É Crossfit? Por Que é Bom Para Você?

Como adaptar os treinos de Crossfit para quem tem hérnia de disco?

A chave para praticar Crossfit com segurança está na individualização e adaptação dos treinos, sempre com base em avaliação clínica e supervisão técnica qualificada.

Avaliação individual com fisioterapeuta ou médico do esporte

Antes de iniciar (ou retornar ao) Crossfit, é fundamental passar por uma avaliação com um profissional de saúde habilitado, como fisioterapeuta especialista em coluna ou médico do esporte.

Essa avaliação permite:

  • Entender o grau da hérnia e os riscos envolvidos
  • Identificar limitações funcionais
  • Traçar metas seguras de reabilitação e treino

Com essas informações, o plano de treino pode ser adaptado de forma personalizada.

Acompanhamento por profissional qualificado

Um bom profissional de educação física (especialmente um treinador com experiência em reabilitação e anatomia funcional) é essencial para orientar o aluno durante os treinos. Ele deve:

  • Corrigir a execução dos movimentos
  • Ajustar a carga e a amplitude conforme necessário
  • Monitorar sintomas e sinais de fadiga
  • Incentivar o progresso sem ultrapassar os limites
  • Treinar por conta própria, sem orientação, aumenta significativamente o risco de lesão.

Movimentos que podem ser adaptados ou substituídos

Muitos exercícios do Crossfit podem (e devem) ser adaptados. Alguns exemplos:

  • Agachamento profundo: substituir por variações com menor amplitude e sem carga no início
  • Levantamento terra: começar com halteres ou kettlebell leve, focando na técnica
  • Kipping pull-ups: trocar por remada ou pull-up estrito com assistência
  • Snatch e clean & jerk: evitar nas fases iniciais, priorizando movimentos menos explosivos

O importante é respeitar a progressão e priorizar a qualidade do movimento, não a performance.

Sinais de alerta para interromper o treino

Durante o treino, é fundamental estar atento a sinais de que algo não está bem:

  • Dor aguda ou irradiada na coluna
  • Sensação de formigamento ou dormência
  • Perda de força em braços ou pernas
  • Dificuldade para manter a postura
  • Fadiga extrema ou sensação de “travar” as costas

Ao perceber qualquer um desses sintomas, o ideal é parar o exercício imediatamente e buscar avaliação profissional.

Um estudo publicado em 2022 analisou os impactos do Crossfit na integridade musculoesquelética.

O estudo concluiu que, embora haja risco de lesão em qualquer modalidade de alta intensidade, a taxa de lesões no Crossfit pode ser comparável (ou até menor) à de outros esportes, desde que a prática seja bem orientada e adaptada ao nível do praticante.

Dicas práticas para treinar com segurança se você tem hérnia de disco

  • Escute seu corpo: dores e desconfortos não devem ser ignorados.
  • Comece devagar: respeite a fase de readaptação e foque na técnica.
  • Priorize o core: inclua exercícios que ativem e fortaleçam o centro do corpo.
  • Alongue-se com regularidade: invista em mobilidade e flexibilidade.
  • Evite comparações: cada corpo tem seu ritmo. Foque na sua evolução.
  • Siga orientação profissional: treinar sozinho, com dor ou sem liberação médica, aumenta os riscos.

Então, quem tem hérnia de disco pode fazer Crossfit?

Sim, é possível praticar Crossfit mesmo com hérnia de disco, desde que haja avaliação médica, adaptação dos exercícios e acompanhamento de profissionais qualificados.

Cada caso é único, e o mais importante é respeitar os limites do próprio corpo. Com os cuidados certos, o Crossfit pode deixar de ser um vilão e se tornar um aliado no fortalecimento, na reabilitação e na melhora da qualidade de vida.

O movimento pode ser parte do tratamento e não o problema. E, com consciência e responsabilidade, é possível treinar com segurança, motivação e autonomia.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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