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Risco de diabetes pode cair com 4 hábitos simples, diz estudo com 165 mil pessoas
Um dos maiores estudos sobre saúde populacional nos Estados Unidos trouxe novas pistas sobre o que mais impacta no risco de diabetes tipo 2: os hábitos diários ou o peso corporal?
Os resultados mostram que, embora manter um peso saudável continue sendo essencial, o estilo de vida pode ter um papel tão importante quanto (e, em alguns casos, até maior) na prevenção da doença.
Publicado no European Journal of Nutrition, o estudo acompanhou mais de 165 mil pessoas ao longo de 17 anos.
Os pesquisadores buscaram entender como fatores como tabagismo, atividade física, consumo de álcool e alimentação influenciam o desenvolvimento do diabetes tipo 2, principalmente quando considerados em conjunto.
Estudo com 165 mil pessoas revela hábitos que reduzem o risco de diabetes
O estudo original contou com mais de 215 mil adultos, mas, para essa análise sobre diabetes tipo 2, os pesquisadores consideraram 165.383 pessoas.
Todas tinham entre 45 e 75 anos e viviam no Havaí ou na Califórnia, nos Estados Unidos.
Os participantes eram de cinco grupos étnicos: afro-americanos, nipo-americanos, latinos, nativos havaianos e europeus-americanos.
Todos responderam a um questionário sobre estilo de vida e saúde, e com base nessas respostas foi criado um índice chamado LSRI (uma espécie de “placar da saúde”).
Esse índice avaliou quatro atitudes consideradas importantes para a prevenção do diabetes tipo 2:
- Não fumar;
- Fazer pelo menos 150 minutos por semana de atividade física moderada a intensa (como caminhada rápida, corrida leve ou pedalar);
- Beber álcool com moderação (até uma dose por dia para mulheres e até duas para homens);
- Ter uma alimentação com pelo menos três dos sete hábitos saudáveis recomendados (como comer frutas, vegetais e grãos integrais com frequência, e evitar carne processada, carne vermelha e grãos refinados).
Cada um desses hábitos valia 1 ponto, e a pontuação total ia de 0 a 4.
Quanto mais hábitos saudáveis, menor o risco de diabetes
Durante os 17 anos de acompanhamento, cerca de 44 mil pessoas (ou seja, 27% dos participantes) desenvolveram diabetes tipo 2.
Mas os dados mostraram um padrão claro: quanto mais pontos no estilo de vida saudável, menor o risco de desenvolver a doença.
Pessoas que atingiram a pontuação máxima (4 pontos) tiveram 16% menos chance de ter diabetes do que aquelas que seguiram apenas um ou nenhum dos hábitos.
Mesmo quem não fez tudo certo teve algum benefício.
Cada ponto a mais no índice de estilo de vida representava uma redução de 6% no risco de diabetes tipo 2.
Ou seja: mesmo pequenas mudanças positivas no dia a dia já fazem diferença.
O que mais ajuda a prevenir o diabetes?
Entre os quatro hábitos avaliados, dois se destacaram como os mais protetores:
- Não fumar;
- Manter uma rotina de exercícios físicos.
Esses comportamentos, sozinhos, já tiveram um efeito muito importante na redução do risco de diabetes.
Por outro lado, o resultado relacionado ao álcool chamou a atenção.
Pessoas que se encaixavam no grupo de “consumo moderado” apresentaram um risco 19% maior de desenvolver diabetes.
Os pesquisadores acreditam que isso pode ter acontecido porque esse grupo misturava tanto quem realmente bebia pouco quanto quem não bebia nada, o que pode ter atrapalhado a análise dos dados.
Alimentação saudável ainda precisa melhorar
No estudo, a adesão às recomendações alimentares foi, de modo geral, baixa.
Veja alguns dados importantes:
- Apenas 3% dos participantes seguiram a orientação de consumir poucos grãos refinados.
- Só 6% limitaram a ingestão de carne vermelha não processada.
- O consumo de peixe teve maior adesão: 73% atingiram a recomendação.
- Para frutas, vegetais e carnes processadas, a adesão ficou em torno de 24%.
Mesmo com esse cenário pouco animador, como já mencionado, as pessoas que seguiam ao menos parte das recomendações alimentares apresentaram menor risco de desenvolver diabetes.
Isso, especialmente quando combinavam esse fator com os demais hábitos saudáveis.
E o peso? IMC ainda tem grande influência no risco de diabetes
Mesmo com o foco nos hábitos saudáveis, o peso corporal continua sendo um dos fatores mais importantes quando se fala em risco de diabetes tipo 2.
O estudo mostrou que:
- Pessoas com obesidade (ou seja, com IMC acima de 30 kg/m²) tiveram três vezes mais chance de desenvolver diabetes do que aquelas com peso considerado normal.
- Esse risco elevado foi ainda mais evidente entre nipo-americanos e nativos havaianos, possivelmente por fatores genéticos ou pela forma como a gordura se acumula no corpo, principalmente na região abdominal, o que é mais prejudicial à saúde.
Além disso:
- Quando os pesquisadores analisaram os dados considerando o IMC, a influência de alguns hábitos saudáveis (como alimentação e consumo de álcool) ficou menos evidente.
- Ainda assim, o estilo de vida saudável fez diferença: mesmo pessoas com sobrepeso ou obesidade que mantinham bons hábitos (como praticar exercícios e não fumar) tiveram menor risco de desenvolver diabetes do que aquelas com o mesmo peso, mas com comportamentos prejudiciais à saúde.
Ou seja, o peso importa, mas os hábitos também.
Manter um estilo de vida saudável pode ajudar a reduzir os riscos, mesmo que a pessoa esteja acima do peso ideal.
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Etnia e cultura fazem diferença no risco de diabetes
O impacto dos hábitos saudáveis variou entre os grupos étnicos:
- Afro-americanos tiveram 27% menos risco de desenvolver diabetes tipo 2 ao seguir um estilo de vida saudável.
- Latinos tiveram 18% menos risco.
- Europeus-americanos, 14% menos.
Mas entre nipo-americanos e nativos havaianos, os bons hábitos não mostraram efeito significativo depois que o peso corporal (IMC) foi considerado.
Esse resultado mostra que a prevenção precisa levar em conta as diferenças culturais e biológicas.
Estratégias mais personalizadas, que respeitem os costumes e o contexto de cada população, podem ser mais eficazes do que uma abordagem igual para todos.
Dois hábitos fazem mais diferença que os outros
Embora o índice LSRI inclua quatro fatores, os pesquisadores concluíram que dois deles foram os principais responsáveis pela proteção contra o diabetes: não fumar e praticar atividade física regularmente.
Esses dois comportamentos, juntos, já proporcionaram reduções significativas no risco, mesmo quando analisados isoladamente.
Isso indica que, mesmo que a pessoa ainda precise melhorar a alimentação ou lidar com o consumo de álcool, investir nesses dois pilares já pode fazer muita diferença.
Estilo de vida saudável ajuda mesmo sem perder peso
Um dos principais achados do estudo é que adotar hábitos saudáveis faz diferença, mesmo em pessoas com sobrepeso ou obesidade.
Ou seja, não é preciso atingir o “peso ideal” para proteger o corpo.
Parar de fumar, se movimentar mais no dia a dia e melhorar a alimentação já contribuem para reduzir o risco de diabetes tipo 2, independentemente do que a balança mostra.
Cuidar da saúde vai muito além do peso corporal.
O estudo reforça que mudanças simples no estilo de vida podem oferecer grandes benefícios; e quanto mais cedo começarem, melhor.
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