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Vilão ou mocinho: o pão e a polêmica no BBB
Começou no Big Brother Brasil (BBB), o reality show da Rede Globo, e espalhou pela internet a maior discussão sobre comer ou não comer pão, este alimento versátil que faz parte do café da manhã da maioria dos brasileiros.
A protagonista da polêmica foi a coach de saúde Maíra Cardi, que é casada com o ator Arthur Aguiar, participante do programa. Ela postou vídeos nas redes sociais reclamando que o marido comeu pão no reality, algo que ela havia proibido, estragando “o trabalho que havia feito” no físico do ator.
“Amor, você não podia ter comido pão. Você acabou de destruir todo o trabalho que eu fiz em seu corpinho, nove quilos e 30 dias batalhando nesse corpinho para estar aí, bonito, para o Brasil inteiro ver e você comeu pão. Não faça isso!”, disse Maíra no vídeo.
Em defesa do pão de cada dia
A médica endocrinologista e nutróloga Fernanda Gomes de Melo, em contrapartida, defende o pão de cada dia. “Os carboidratos vêm sendo colocados como vilões na alimentação”, afirma a médica. Ela explica que a onda de dietas da moda que excluem esse nutriente deixam muita gente pensar que “carboidrato faz mal”, “carboidrato engorda”.
Fernanda lembra também da febre de excluir o consumo de glúten, porém sem saber a verdadeira necessidade disso ou não. “Eu sei, alguns vão dizer que o pão tem alto índice glicêmico, que o consumo pode levar a um pico de glicemia, seguido por um de insulina, que aumenta a fome e diminui a saciedade”. Entretanto, a nutróloga pontua que o principal é acabar com o “terrorismo nutricional”.
A médica orienta, portanto, a não confiar em quem impõe regras demonizando alimentos. Afinal não existe alimento “permitido” ou “proibido” em uma dieta saudável. Assim como não existe dieta perfeita ou ainda igual para todo mundo. “Em uma alimentação equilibrada e saudável pode haver espaço para o pãozinho, com certeza”, tranquiliza.
O pão não precisa ser abolido da dieta mesmo de quem está precisando perder peso, ou é diabético. O plano alimentar deve ser individualizado, levando em conta não só o que se come, mas como se come, com quem, qual horário, etc. Assim como é preciso conhecer o paciente, seu histórico de saúde, hereditariedade, hábitos e preferências individuais e necessidades de saúde.
“Até a questão do Índice Glicêmico dos alimentos pode variar entre as pessoas”, esclarece a médica. “Há um estudo israelense que demostrou que pessoas diferentes tinham respostas glicêmicas diferentes às mesmas comidas. Pode ser até pela variedade de bactérias no nosso intestino”.
O importante é o equilíbrio
“O segredo, se é que existe, é o equilíbrio. Eu sei, isso às vezes é bem difícil”, pontua. Para conquistar esse equilíbrio precisamos partir de um ponto de vista de auto-observação, autocuidado, de amor.
Igualmente, diferenciar o que é fome real do que é fome emocional, bem como outros motivos que nos fazem comer. Além disso, respeitar o corpo e a mente, ouvir apenas a opinião profissional, rejeitar a mentalidade de dieta, o terrorismo nutricional e também o fiscal de dieta alheia.
‘Comer em paz, até mesmo um pão, e com prazer é um ato revolucionário hoje em dia, mas é possível”, conclui.