O que é endometriose? Doença fez mulher desmaiar de dor aos 13 anos – e só foi diagnosticada 8 anos depois

O que é endometriose? Essa pergunta ainda intriga muitas mulheres que sofrem por anos com dores intensas, fadiga extrema e ciclos menstruais incapacitantes, sem entender o que realmente está acontecendo com seus corpos.

Um exemplo marcante vem do Reino Unido: Bekki Thomas, de 26 anos, chegou a desmaiar de agonia no fundo da sala de aula aos 13 anos, mas só foi diagnosticada com endometriose oito anos depois.

O relato foi publicado pela BBC, revelando um cenário comum para muitas mulheres no mundo todo: demora no diagnóstico, descrédito médico e falta de acesso a tratamentos adequados.

Aqui, no SaúdeLab, vamos explicar o que é endometriose, quais os sintomas mais comuns, como é feito o diagnóstico e o que pode ser feito para tratar a doença.

O que é endometriose?

Segundo o Ministério da Saúde, a endometriose é uma doença que acontece quando partes do endométrio (o tecido que reveste o útero e é eliminado durante a menstruação) não saem do corpo como deveriam.

Em vez disso, elas se espalham para outros lugares, como ovários, trompas ou até mesmo a cavidade abdominal.

Lá, esse tecido continua crescendo e sangrando, causando inflamação, dor e outros problemas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva no mundo têm endometriose, o que representa mais de 190 milhões de pessoas.

No Brasil, estima-se que 1 em cada 10 mulheres sofra com a condição, segundo a FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

Por que é perigosa?

• Pode causar dores muito fortes, principalmente cólicas menstruais intensas e progressivas (que pioram com o tempo).
• Pode levar a dificuldade para engravidar ou até infertilidade, se afetar órgãos reprodutivos.
• Muitas mulheres sofrem anos sem diagnóstico, pois os sintomas são confundidos com cólicas “normais”.

Quais são os sintomas da endometriose?

A endometriose pode ser silenciosa em alguns casos, mas frequentemente provoca sintomas que interferem profundamente na vida da mulher.

Os principais são:

• Cólicas menstruais incapacitantes (dismenorreia);
• Dor durante a relação sexual (dispareunia);
• Dor pélvica crônica;
• Dor ao evacuar ou urinar, principalmente durante a menstruação;
• Fadiga e cansaço extremo;
• Alterações intestinais (diarreia, prisão de ventre);
• Infertilidade;
• Sangramentos intensos ou irregulares;
• Inchaço abdominal.

“Eu passava por isso três semanas por mês”, relatou Bekki Thomas à BBC, explicando que também sofria com dores nas costas e alterações severas na pele.

Por que o diagnóstico demora tanto?

O tempo médio de diagnóstico da endometriose é de 7 a 10 anos, segundo dados da Endometriosis UK.

Essa demora ocorre por diversos fatores:

• Naturalização da dor menstrual como algo “normal”;
• Falta de conhecimento da condição por parte de alguns profissionais de saúde;
• Sintomas que se confundem com outras doenças;
• Exames que nem sempre identificam lesões em fases iniciais.

No caso de Bekki, médicos atribuíram os sintomas a “ansiedade” e “exercício excessivo”.

Só depois que sua irmã pesquisou os sintomas na internet, ela voltou ao consultório e pediu para investigar endometriose.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico envolve a combinação de histórico clínico detalhado, exame físico e exames de imagem especializados.

Entre os principais métodos, estão:

• Ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal: detecta focos profundos de endometriose no intestino e outros órgãos pélvicos.
• Ressonância magnética pélvica: útil para mapear a extensão da doença.
• Laparoscopia: cirurgia minimamente invasiva considerada o padrão-ouro para diagnóstico e remoção de lesões.

É fundamental que a mulher seja ouvida com atenção e que os sintomas não sejam minimizados.

A escuta qualificada é um pilar essencial no enfrentamento da doença.

Quais os tratamentos para endometriose?

Depois de entender o que é endometriose e como ela pode afetar a qualidade de vida da mulher, é importante conhecer os principais tratamentos disponíveis.

Embora não tenha cura, a doença pode ser controlada com medidas que aliviam os sintomas e ajudam a preservar a fertilidade.

Veja as opções mais indicadas:

• Tratamento hormonal: uso de anticoncepcionais, análogos de GnRH ou DIU com hormônio (como o Mirena), indicado em casos como o de Bekki.
• Cirurgia: remoção dos focos de endometriose por videolaparoscopia, recomendada para casos mais graves ou resistentes ao tratamento clínico.
• Medicamentos para dor: como analgésicos e anti-inflamatórios.
• Terapias de suporte: fisioterapia pélvica, psicoterapia e alimentação anti-inflamatória podem ajudar bastante no controle dos sintomas.

A escolha do tratamento deve ser personalizada, considerando a idade da paciente, a intensidade da dor e o desejo de ter filhos.

Endometriose e infertilidade

Estudos indicam que entre 30% e 50% das mulheres com endometriose podem apresentar dificuldades para engravidar.

Isso acontece porque a doença pode:

• Obstruir as trompas;
• Alterar a anatomia pélvica;
• Provocar inflamações que afetam a ovulação e a implantação do embrião.

No entanto, com tratamento adequado (seja clínico, cirúrgico ou com auxílio da reprodução assistida) muitas mulheres conseguem engravidar.

A dor não pode ser normalizada

A história de Bekki Thomas, evidencia o que muitas mulheres vivem: a dor constante, o descrédito, a solidão e a demora para obter respostas.

A endometriose é uma doença séria, com impacto físico, emocional e social.

E é importante mencionar que o conhecimento está crescendo. Há mais mulheres compartilhando suas histórias, mais médicos se especializando e mais formas de cuidar.

Informar-se é o primeiro passo para reconhecer os sinais e buscar ajuda.

Se você sente dores menstruais intensas ou outros sintomas descritos aqui, procure um ginecologista.

De acordo com o Ministério da Saúde, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) são a porta de entrada para o diagnóstico da endometriose.

Lá, as mulheres têm acesso a consultas e exames que ajudam a identificar a doença antes que ela se agrave.

Se for necessário um tratamento mais complexo, como cirurgia, a paciente é encaminhada para um hospital especializado.

Você merece ser ouvida, diagnosticada e tratada com respeito.

FAQ – Perguntas frequentes sobre endometriose

Endometriose pode causar dor fora do período menstrual?

Sim. A dor pélvica crônica é um dos sinais de alerta e pode persistir mesmo fora do ciclo.

Existe endometriose intestinal ou pulmonar?

Sim. A endometriose pode atingir outros órgãos, como o intestino, bexiga, diafragma e até os pulmões (endometriose torácica).

Endometriose tem relação com doenças autoimunes?

Alguns estudos sugerem essa conexão, mas ainda não há evidência conclusiva.

O que piora a endometriose?

Estresse crônico, alimentação inflamatória e atrasos no diagnóstico podem agravar os sintomas.

Existe endometriose silenciosa?

Sim. Algumas mulheres têm a condição, mas não apresentam sintomas perceptíveis.

A alimentação pode ajudar no controle da endometriose?

Sim. Dietas anti-inflamatórias e com baixo teor de alimentos ultraprocessados podem auxiliar na redução de sintomas, embora não substituam o tratamento médico.

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