Energéticos: o que você precisa saber antes de abrir a próxima lata

Nos últimos anos, as bebidas energéticas deixaram de ser novidade e passaram a fazer parte do cotidiano de muitos brasileiros.

Elas aparecem em festas, longas jornadas de trabalho, maratonas de estudo e até no pré-treino. Mas será que todos realmente entendem como funcionam no corpo e quais riscos podem trazer?

Como médico, vejo cada vez mais pacientes que recorrem a esses produtos como aliados da produtividade ou do lazer, sem refletir sobre as consequências.

Quero trazer aqui uma visão clara: as bebidas energéticas promovem um estado de alerta artificial, que mascara o cansaço real do corpo. E quando o corpo é enganado, o preço chega em forma de sintomas e doenças.

Como as bebidas energéticas agem no organismo

Esses produtos contêm substâncias estimulantes como cafeína, taurina e extrato de guaraná.

Elas atuam diretamente no sistema nervoso central, disparando a liberação de adrenalina e dopamina.

O resultado imediato é uma sensação de foco, disposição e até euforia.

O problema surge depois.

Esse pico artificial pode ser seguido de taquicardia, ansiedade, irritabilidade, tremores, aumento da pressão arterial, dor de cabeça e insônia.

Em casos mais graves, o quadro pode evoluir para arritmias e mal-estar intenso.

É importante frisar: pessoas com histórico de hipertensão, ansiedade ou problemas cardíacos não devem consumir bebidas energéticas. E mesmo quem é saudável pode sofrer efeitos colaterais sérios quando exagera.

Sinais de alerta que não devem ser ignorados

Após consumir energéticos, sintomas como palpitações, dor no peito, tontura, suor frio, náusea, dor de cabeça intensa ou sensação de desmaio exigem atenção imediata.

Nessas situações, o ideal é procurar atendimento médico sem demora.

A mistura perigosa: energético com álcool

Muitos associam bebidas energéticas a festas e acabam misturando com álcool.

Essa combinação é arriscada: o energético disfarça a ação depressora do álcool sobre o sistema nervoso, fazendo com que a pessoa beba muito mais do que seu corpo consegue tolerar.

É como dirigir com um pé no freio e outro no acelerador: o organismo perde a capacidade de perceber seus próprios limites.

O resultado pode ser intoxicação, desidratação severa e até alterações cardíacas graves.

Pré-treinos: são diferentes dos energéticos?

O mercado fitness popularizou os “pré-treinos”, suplementos vendidos com a promessa de aumentar o desempenho físico.

Embora muitos contenham compostos úteis, como beta-alanina, creatina e aminoácidos, boa parte deles também traz doses elevadas de cafeína e outros estimulantes.

O risco está no uso indiscriminado.

Vejo com frequência pessoas que consomem o mesmo produto todos os dias, acreditando que terão sempre mais rendimento.

Mas cada organismo reage de forma diferente: o que ajuda uma pessoa pode causar ansiedade, tremores, dores de cabeça ou pressão alta em outra.

Além disso, os pré-treinos têm formulações padronizadas, sem ajuste para idade, peso, histórico clínico ou genética, o que aumenta a chance de reações adversas.

Não é porque está na prateleira que é seguro para todos.

Existe um consumo seguro de bebidas energéticas?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda até 400 mg de cafeína por dia para adultos saudáveis — algo próximo a quatro xícaras de café ou duas latas de energético padrão.

Acima disso, os riscos aumentam significativamente.

Mas não é apenas a quantidade que importa. É preciso observar como o corpo reage.

Sintomas como insônia, taquicardia, fadiga crônica ou irritabilidade são sinais de que algo não vai bem. Nesses casos, é fundamental reavaliar o consumo com acompanhamento médico.

O que realmente funciona para o corpo

É importante reforçar: nenhuma bebida energética ou suplemento substitui o básico.

Sono reparador, alimentação equilibrada, hidratação e pausas para descanso são pilares insubstituíveis.

Se o corpo está cansado, ele precisa de repouso, não de um “empurrão químico”.

Quando buscamos atalhos, corremos o risco de comprometer justamente o que queremos melhorar: a saúde, a disposição e a qualidade de vida.

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Danilo Almeida é médico pós-graduado em Nutrologia pela ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia) e fundador da Clínica Versio, localizada em Vitória/ES.

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Dr. Danilo Almeida
Dr. Danilo Almeida

Danilo Nunes Almeida (CRM/ES 17592) é médico pós-graduado em Nutrologia pela ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia) e pós-graduando em Metabolômica pela Academia Brasileira de Medicina Funcional Integrativa. Atua com foco em emagrecimento, saúde hormonal, saúde intestinal e medicina de precisão. Fundador da Clínica Versio, localizada em Vitória (ES), é especialista em transformar dados clínicos, como genética, microbiota e hipersensibilidades alimentares, em estratégias de tratamento personalizadas, com foco em resultados reais e sustentáveis.

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