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Com insônia? Conheça a história do homem que não dorme e os mistérios das doenças do sono
A insônia é um problema que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, mas poucos casos são tão misteriosos quanto o de Thai Ngoc, um homem vietnamita que afirma não dormir há mais de 60 anos.
Desde os anos 1960, ele segue uma rotina de vigília constante, sem fechar os olhos sequer por um segundo, o que já atraiu a atenção de médicos, jornalistas e curiosos de diferentes partes do mundo. Por aqui, você conhecerá mais sobre a extraordinária história de Ngoc e de outros casos raros de pessoas que alegam nunca dormir.
Além disso, abordaremos, aqui no Saúdelab, informações importantes sobre doenças do sono, as consequências da insônia e o que a ciência incluindo a psiquiatria revela sobre os impactos da falta de descanso.
Thai Ngoc: uma vida sem descanso
Thai Ngoc, conhecido localmente como Hai Ngoc, nasceu no Vietnã e hoje vive como agricultor em uma aldeia rural. Ele afirma que parou de dormir em 1962, quando tinha cerca de 20 anos, após contrair uma febre de origem desconhecida.
Desde então, não foi mais capaz de fechar os olhos para um verdadeiro descanso. Aos 80 anos, ele se mantém produtivo, cuidando de suas plantações e produzindo vinho artesanal, sem aparentes sinais de exaustão ou debilidade severa causados pela privação de sono.
Para os vizinhos e familiares, Ngoc é uma figura única. Relatam que nunca o viram dormir, nem mesmo cochilar. Ao longo dos anos, ninguém foi capaz de comprovar que ele descansa de forma convencional.
Alguns atribuem sua condição a um transtorno neurológico raro, enquanto outros acreditam que fatores como estresse e eventos traumáticos da Guerra do Vietnã – em que ele lutou de 1964 a 1966 – podem estar ligados à sua insônia crônica. Apesar de sua produtividade impressionante, Thai Ngoc admite sentir falta do sono.
“Gostaria de poder dormir”, disse ele em entrevista ao youtuber Drew Binsky.
Ele descreve o sono como uma “sensação agradável” que há décadas não experimenta. Medicamentos para dormir e tratamentos tradicionais foram tentados, mas nenhum trouxe resultados permanentes. Segundo o médico Nguyen Gia Thieu, que examinou Ngoc, a insônia aparentemente permanente é consequência de um transtorno do sistema nervoso.
No entanto, o profissional observou que, apesar da falta de sono, o agricultor não apresenta sinais de doenças graves.
Outros casos semelhantes
Curiosamente, Ngoc não é o único caso documentado de alguém que afirma viver sem dormir. Há exemplos históricos que também desafiaram o conhecimento médico sobre o sono.
Um dos mais conhecidos é o de Al Herpin, um homem americano que, segundo ele mesmo, nunca dormiu na vida. Herpin viveu até os 94 anos e no início do século passado foi entrevistado pelo jornal The New York Times, onde afirmou que nunca sentiu cansaço ou os efeitos da privação de sono.
Embora tenha sido examinado por médicos, ninguém conseguiu explicar sua condição. Sua história é até hoje um mistério, já que não há provas de que ele realmente nunca tenha dormido, mas também não há explicações definitivas para seu caso.
Outro exemplo interessante é o de Paul Kern, um soldado húngaro da Primeira Guerra Mundial. Depois de ser ferido por um tiro na cabeça, em 1915, ele alegou que nunca mais conseguiu dormir. Kern viveu mais de 40 anos após o ferimento sem descansar, o que desconcertou médicos da época.
Embora seu caso tenha sido amplamente discutido, os especialistas nunca conseguiram identificar uma causa para sua insônia extrema. A história de Kern também continua sendo um enigma.
As implicações da privação de sono
Todos esses casos desafiam o que a ciência conhece sobre os efeitos da privação de sono. Estudos mostram que o sono é essencial para funções vitais como memória, reparação celular e regulação do humor.
A falta de descanso pode levar a uma série de problemas, incluindo doenças cardiovasculares, transtornos metabólicos e declínio cognitivo. O descanso para o corpo humano desempenha funções essenciais, como:
- Consolidar memórias e processar informações adquiridas durante o dia;
- Repor energias e reparar tecidos corporais;
- Regular hormônios como o cortisol (ligado ao estresse) e a leptina (que controla o apetite);
- Fortalecer o sistema imunológico.
A privação de sono, mesmo em curto prazo, pode ter consequências graves.
- Após 24 horas sem dormir, surgem cansaço extremo e dificuldades de concentração.
- Em 48 horas, há maior irritabilidade e lapsos de memória.
- Após 72 horas, os efeitos são ainda mais severos, incluindo alucinações, paranóia e comprometimento do sistema cardiovascular.
Casos extremos, como a insônia familiar fatal, mostram que a falta de sono prolongada pode ser fatal. Essa condição genética rara destrói áreas do cérebro responsáveis pelo controle do sono e pode levar à morte em questão de meses.
No entanto, Thai Ngoc afirma que sua saúde permanece estável, assim como aconteceu com os outros homens que, ao longo da vida, também afirmaram nunca ter dormido. Ngoc diz nunca ter adoecido seriamente e raramente pega até mesmo um resfriado.
Leia agora: Sono profundo ideal: como saber se você está dormindo corretamente?
Doenças neurológicas relacionadas à insônia
Embora a condição de Thai Ngoc e desses outros homens apresentados seja extremamente rara, existem diversas doenças neurológicas e condições médicas que podem causar insônia severa.
Entre elas estão:
Síndrome das pernas inquietas (SPI): Uma condição caracterizada por uma sensação desconfortável nas pernas, que faz com que a pessoa sinta a necessidade urgente de movê-las, dificultando o início e a manutenção do sono.
Apneia do sono: Caracteriza-se por pausas respiratórias durante o sono, interrompendo o descanso e causando uma fragmentação do sono. Isso pode resultar em sérias complicações de saúde, como hipertensão, problemas cardíacos e aumento do risco de derrames.
Insônia crônica: Uma dificuldade persistente de adormecer ou manter o sono, que afeta a qualidade de vida e pode durar meses ou até anos. Ela pode ser causada por diversos fatores, como estresse, ansiedade, dor crônica ou problemas hormonais.
Transtornos pós-traumáticos (PTSD): O transtorno de estresse pós-traumático é uma condição psicológica que pode resultar de eventos traumáticos, como combate militar ou acidentes graves. Uma pessoa com PTSD pode sofrer com flashbacks, pesadelos e um estado de alerta constante, dificultando o sono.
Além dessas condições, há outras que também podem causar insônia severa, como:
Síndrome de Kleine-Levin: Conhecida como “síndrome da Bela Adormecida”, essa condição rara pode causar episódios de sono excessivo, mas também pode levar a períodos de insônia. Durante os episódios de sono excessivo, os pacientes dormem por longos períodos, mas fora desses episódios podem ter dificuldade em adormecer.
Transtornos do ritmo circadiano: O ritmo circadiano é o ciclo natural de sono e vigília do corpo. Distúrbios nesse ritmo, como a síndrome do atraso de fase do sono ou o transtorno do trabalho por turnos, podem dificultar a adaptação dos horários de sono, resultando em insônia crônica.
Doença de Alzheimer e outras formas de demência: Pacientes com doenças neurodegenerativas como o Alzheimer frequentemente enfrentam distúrbios do sono. À medida que a condição progride, a capacidade de dormir é gravemente afetada, e os pacientes podem passar noites em claro devido a confusão mental e desorientação.
Lesões cerebrais traumáticas: Danos ao cérebro, como aqueles causados por concussões ou outros traumas cranianos, também podem alterar os padrões de sono. A incapacidade do cérebro de regular adequadamente o ciclo de sono e vigília pode levar a distúrbios do sono, incluindo insônia.
O que fazer para melhorar o sono
Para pessoas que enfrentam dificuldades para dormir, existem medidas práticas que podem ajudar a melhorar a qualidade do sono:
- Criação de um ambiente favorável: manter o quarto escuro, silencioso e com temperatura agradável.
- Rotina de horários: estabelecer horários regulares para dormir e acordar, mesmo nos fins de semana.
- Evitar estimulantes: limitar o consumo de cafeína, álcool e refeições pesadas antes de dormir.
- Praticar técnicas de relaxamento: meditação, yoga ou respiração profunda podem ajudar a acalmar a mente.
- Consultar um especialista: em casos persistentes, buscar orientação médica para investigar possíveis causas subjacentes, como doenças neurológicas.
Aprenda agora: Higiene do sono: saiba como se preparar par dormir melhor
Perguntas frequentes sobre sono e insônia
Veja algumas curiosidades sobre o assunto:
É possível morrer por não dormir?
Sim, em casos extremos, como na insônia familiar fatal, a privação de sono pode levar à morte. Embora isso seja raro, a falta de descanso prolongado compromete seriamente a saúde física e mental.
O que acontece se não dormir por três dias?
O corpo entra em estado de alerta extremo, o que pode causar confusão mental, alucinações e riscos à saúde cardiovascular e imunológica.
O que é bom para dormir rápido?
Relaxar antes de deitar, evitar luz azul de dispositivos eletrônicos e consumir chás calmantes, como camomila ou melissa, podem ajudar a pegar no sono mais rapidamente.
Doenças que causam insônia: quais são?
Condições como depressão, ansiedade, Parkinson, Alzheimer e transtornos do sono, como apneia e síndrome das pernas inquietas, estão entre as principais causas.
Na sequência, assista também:
TRIPTOFANO: o que é, para que serve e onde encontrar
Este aminoácido desempenha diversas funções cruciais para o bom funcionamento do nosso organismo. Dentre eles, podemos destacar:
- Ajuda na construção e manutenção da massa muscular;
- Participa do processo de produção de melatonina (hormônio do sono) e serotonina (neurotransmissor importante para a regulação do humor e bem-estar);
- Auxilia no controle do apetite;
- Contribui para a boa memorização.