Como desacelerar a demência? Neurologista explica

Como estacionar a demência? Em primeiro lugar, é importante entender que ela não é uma doença específica. Diversas doenças podem causar demência.

Isso significa que, quando falamos em demência, estamos nos referindo a uma condição de perda cognitiva (de memória, linguagem e capacidade de planejamento) que compromete a funcionalidade no dia a dia.

Em outras palavras, o cérebro deixa de realizar com facilidade tarefas que antes eram feitas naturalmente, por conta de um processo de declínio cognitivo.

As causas da demência

Para facilitar a compreensão, podemos dividir as causas em três grupos:

  • Causas neurodegenerativas
  • Causas vasculares
  • Causas reversíveis e tratáveis

1 – Doenças neurodegenerativas

Quando falamos no primeiro grupo, estamos nos referindo a doenças como o Alzheimer, a demência frontotemporal e a demência por corpúsculos de Lewy.

Todas são doenças neurodegenerativas que levam ao quadro demencial.

Essas condições são progressivas e, até o momento, não têm cura conhecida na medicina.

2 – Causas vasculares

O segundo grupo de causas envolve os casos de demência vascular, que surgem após pequenos ou grandes AVCs.

A diferença em relação às doenças neurodegenerativas está basicamente na instalação do quadro:

  • Nas doenças neurodegenerativas, a perda cognitiva é progressiva.
  • Nas causas vasculares, a instalação pode ser súbita, de uma hora para outra.

Essa piora pode continuar acontecendo em “degraus” se não corrigirmos os fatores de risco que geraram as lesões vasculares, como pressão alta, diabetes, colesterol descontrolado, apneia do sono e sedentarismo.

3 – Causas reversíveis e tratáveis

O terceiro grupo pode coexistir com os dois anteriores. Ou seja, um paciente com Alzheimer, por exemplo, também pode apresentar um tipo de demência tratável.

Aqui entram situações como:

  • Hipotireoidismo;
  • Deficiência de vitamina B12;
  • Apneia obstrutiva do sono grave não tratada;
  • Quadros depressivos não tratados, que podem simular demência, especialmente em idosos

São fatores reversíveis, que, quando tratados, melhoram o quadro de perda cognitiva.

É importante diferenciar também o que chamamos de Delirium, um estado agudo de alteração do estado mental, motivado por fatores como internações, desidratação ou infecções.

Quem tem familiares com demência, como Alzheimer, sabe que uma simples infecção urinária ou respiratória pode desencadear esse quadro de confusão e piora aguda, que muitas vezes melhora e volta ao estado anterior depois de tratado.

O que significa desacelerar a demência?

Na prática, desacelerar a demência significa lidar com a progressão do quadro de formas diferentes, dependendo da causa.

Nas doenças neurodegenerativas, sabemos que haverá progressão, em velocidade variável, e que ainda não existe cura. No caso do Alzheimer, mais recentemente surgiram terapias anti-beta-amiloide, que podem modificar o curso da doença em casos cuidadosamente selecionados e em fases iniciais.

Nas demências de causa vascular, o que está em nossas mãos é o controle rigoroso dos fatores de risco, como pressão, diabetes, colesterol, tabagismo e sedentarismo.

Já nas demências de causas tratáveis, é preciso corrigir o problema de origem. Muitas vezes, quando o tratamento é iniciado cedo, é possível até reverter a perda cognitiva.

Hábitos que ajudam a desacelerar a demência

É fundamental lembrar que o cérebro doente também tem neuroplasticidade. Isso significa que alguns hábitos podem ajudar a prolongar a autonomia e a qualidade de vida:

  • Atividade física regular
  • Sono de qualidade, muitas vezes com apoio médico
  • Treinamento e terapia cognitiva

Esses investimentos fazem diferença tanto para o paciente quanto para os familiares.

Diagnóstico: o primeiro passo para desacelerar a demência

O passo mais importante é chegar ao diagnóstico da causa da demência.

Com ele, é possível traçar um mapa de ação baseado em rigor e esperança realista:

  • Rigor, no sentido de reforçar todos os fatores que protegem o cérebro e reduzir os que aceleram a doença.
  • Esperança realista, para conduzir o processo de forma mais leve, sem falsas expectativas.

Além disso, a rede de apoio é essencial, já que o diagnóstico mexe não só com a vida do paciente, mas também com a dos familiares.

O conhecimento sobre a doença ajuda a tornar o cuidado mais leve e dá autonomia tanto para cuidadores familiares quanto profissionais.

Compartilhar informação beneficia a todos: o paciente, os familiares, os cuidadores — e até o médico, que se alegra em contribuir para que a progressão da doença seja um pouco mais lenta.

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Dra. Marília Graner

Sou neurologista, especialista em neurociência comportamental e cognitiva, com foco em como nosso cérebro molda pensamentos, emoções e comportamentos.

Meu objetivo é traduzir a ciência do cérebro de forma prática e acessível, ajudando pessoas a desenvolverem mais autoconfiança, equilíbrio emocional e clareza mental. Além disso, compartilho conhecimento sobre saúde mental, hábitos e produtividade, sempre integrando a ciência à vida cotidiana.

Instagram: @dra.mariliaganer

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Dra. Marília Graner
Dra. Marília Graner

Sou neurologista, especialista em neurociência comportamental e cognitiva, com foco em como nosso cérebro molda pensamentos, emoções e comportamentos. Meu objetivo é traduzir a ciência do cérebro de forma prática e acessível, ajudando pessoas a desenvolverem mais autoconfiança, equilíbrio emocional e clareza mental. Além disso, compartilho conhecimento sobre saúde mental, hábitos e produtividade, sempre integrando a ciência à vida cotidiana.

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