Deficiência de iodo: entenda os riscos, doenças e como prevenir

O iodo é um micronutriente essencial para o bom funcionamento do organismo, embora muitas vezes passe despercebido na rotina alimentar.

Mesmo em pequenas quantidades, ele é indispensável para a produção dos hormônios da tireoide, que regulam funções vitais como o metabolismo, a temperatura corporal e o desenvolvimento do sistema nervoso, especialmente durante a gestação e a infância.

A deficiência de iodo ainda é considerada um problema de saúde pública em diversas regiões do mundo e pode desencadear uma série de doenças, com destaque para o bócio e o hipotireoidismo.

Além disso, em casos mais graves, pode comprometer o desenvolvimento neurológico de crianças e causar déficits cognitivos irreversíveis.

Aqui, no SaúdeLAB, você vai entender quais são as doenças causadas pela falta de iodo, como identificar os sintomas, o que pode levar à deficiência e quais medidas simples podem ser adotadas para evitar esse problema.

Por que o iodo é essencial para a saúde?

O iodo desempenha um papel central em diversos processos fisiológicos. A principal função desse mineral é servir de matéria-prima para a produção dos hormônios tireoidianos: triiodotironina (T3) e tiroxina (T4).

Esses hormônios são responsáveis por regular o metabolismo basal — ou seja, a quantidade de energia que o corpo gasta em repouso — e influenciam diretamente a função cardiovascular, a digestão, a saúde muscular e a manutenção do peso corporal.

Durante a gestação e os primeiros anos de vida, o iodo também é fundamental para o desenvolvimento cerebral do feto e da criança. A falta desse nutriente nesse período crítico pode afetar de forma permanente a capacidade cognitiva e o aprendizado.

Além disso, o iodo contribui para o funcionamento adequado do sistema imunológico e ajuda a manter o equilíbrio hormonal em todas as fases da vida.

Fontes naturais de iodo:

  • Peixes de água salgada (salmão, bacalhau, atum)
  • Frutos do mar (camarão, ostra, mexilhão)
  • Algas marinhas (nori, kombu, wakame)
  • Laticínios (leite, iogurte, queijo)
  • Ovos
  • Sal iodado (principal fonte utilizada em políticas públicas de prevenção)

Embora o sal iodado seja a fonte mais acessível para grande parte da população, o consumo excessivo de sal comum sem iodação, como o sal grosso artesanal, tem se tornado uma preocupação, especialmente entre pessoas que buscam opções mais naturais sem orientação nutricional adequada.

O que pode causar deficiência de iodo?

A deficiência de iodo pode surgir por diversos fatores, muitos deles ligados ao padrão alimentar ou à geografia da região. A seguir, veja as causas mais comuns:

Dietas com pouco sal ou uso de sal sem iodo

Com o aumento da conscientização sobre os riscos do excesso de sódio, muitas pessoas reduziram o consumo de sal — o que é benéfico para a saúde cardiovascular, mas pode levar à deficiência de iodo quando não há substituições adequadas.

O uso de sal grosso ou artesanal, que geralmente não é iodado, também pode contribuir para esse desequilíbrio.

Vegetarianismo estrito sem compensação adequada

Pessoas que seguem dietas vegetarianas ou veganas estritas e não consomem peixes, laticínios ou ovos podem apresentar menor ingestão de iodo, especialmente se não utilizam sal iodado ou suplementos. Nesses casos, é fundamental o acompanhamento nutricional.

Solo pobre em iodo (regiões endêmicas)

Em algumas regiões do Brasil e do mundo, o solo é naturalmente pobre em iodo, o que faz com que os alimentos cultivados nessas áreas também apresentem baixo teor do mineral.

Populações que consomem basicamente produtos locais e não utilizam sal iodado correm maior risco de desenvolver doenças associadas à deficiência.

Gravidez e lactação

Durante a gestação e o período de amamentação, a necessidade de iodo aumenta significativamente.

Isso ocorre porque o organismo da gestante precisa produzir hormônios tanto para si quanto para o desenvolvimento do bebê.

A deficiência de iodo nesse período pode comprometer o crescimento intrauterino e o desenvolvimento neurológico da criança.

Consumo excessivo de alimentos bociogênicos

Alguns alimentos, como couve, repolho, nabo e mandioca crua, contêm substâncias que podem interferir na absorção do iodo e na função da tireoide.

Esses alimentos são chamados de bociogênicos. Quando consumidos em grandes quantidades e sem preparo adequado (como o cozimento), podem favorecer a deficiência do mineral, especialmente em pessoas com ingestão insuficiente de iodo.

📌 Leitura Recomendada: 30 alimentos ricos em iodo para proteger a sua tireoide

Sintomas da falta de iodo: sinais de alerta no corpo

A deficiência de iodo nem sempre é percebida de forma imediata, mas com o tempo pode provocar alterações significativas no funcionamento do corpo. Os sintomas surgem devido à redução na produção dos hormônios da tireoide, que afeta o metabolismo e diversas funções vitais.

Entre os principais sinais de alerta estão:

  • Cansaço excessivo e lentidão mental: sensação constante de fadiga, mesmo após repouso adequado, e dificuldade para manter o raciocínio ágil.
  • Queda de cabelo: os fios tornam-se mais fracos, finos e com tendência à queda.
  • Pele seca e sem viço: resultado do metabolismo mais lento e da menor atividade celular.
  • Intestino preso: o trânsito intestinal pode ficar mais lento, favorecendo a constipação.
  • Inchaço no pescoço (bócio): o aumento da glândula tireoide é uma das manifestações mais visíveis da deficiência.
  • Ganho de peso: mesmo sem alteração na dieta, pode ocorrer aumento de peso corporal.
  • Dificuldade de concentração e memória: o desempenho cognitivo pode ser afetado, com maior dificuldade para memorizar ou manter o foco.
  • Em gestantes: há risco aumentado de aborto espontâneo, parto prematuro e comprometimento do desenvolvimento neurológico do bebê.

Esses sintomas nem sempre aparecem todos ao mesmo tempo, mas sua persistência deve acender um sinal de alerta para investigar uma possível deficiência de iodo ou disfunção da tireoide.

Quais são as doenças causadas pela falta de iodo?

A deficiência de iodo pode evoluir para doenças clínicas, muitas delas com impacto direto na qualidade de vida. A seguir, veja as principais condições associadas:

1. Bócio endêmico

O bócio é o aumento anormal da glândula tireoide, visível na região anterior do pescoço.

Ele ocorre como uma tentativa do organismo de compensar a falta de iodo, estimulando a tireoide a captar o máximo possível do mineral para manter a produção hormonal.

Em regiões com deficiência crônica de iodo, o bócio pode atingir grande parte da população.

2. Hipotireoidismo

Quando a tireoide não consegue produzir hormônios em quantidade suficiente devido à falta de iodo, ocorre o hipotireoidismo.

A condição pode ser leve, moderada ou grave, e interfere em funções como metabolismo, crescimento, temperatura corporal e ritmo cardíaco. É uma das doenças mais comuns ligadas à deficiência de iodo.

3. Cretinismo

O cretinismo é uma condição rara, porém grave, que ocorre quando há deficiência severa de iodo durante a gestação ou nos primeiros anos de vida.

A doença se manifesta com atraso no desenvolvimento físico e neurológico, baixa estatura, dificuldades motoras, surdez e deficiência intelectual.

Apesar de rara, ainda é observada em regiões carentes de programas de iodação do sal.

4. Déficit de desenvolvimento neurológico em crianças

Mesmo em quadros menos graves que o cretinismo, a falta de iodo na infância pode comprometer o desenvolvimento neurológico.

Estudos apontam para redução do quociente de inteligência (QI), dificuldades de linguagem, atenção e aprendizado escolar.

5. Comprometimento do metabolismo e da fertilidade

A deficiência de iodo pode desacelerar o metabolismo e interferir na função reprodutiva. Alterações no ciclo menstrual, infertilidade e maior risco de complicações gestacionais são possíveis consequências, tanto em homens quanto em mulheres.

📌 Leitura Recomendada: Sal marinho iodado é saudável? Descubra os benefícios e como consumir de forma equilibrada

Como saber se estou com deficiência de iodo?

O diagnóstico da deficiência de iodo nem sempre é imediato, mas pode ser investigado a partir da persistência de sintomas e da análise clínica feita por um profissional da saúde.

Quando suspeitar

A presença de sinais como fadiga constante, inchaço no pescoço, alterações no peso e sintomas de hipotireoidismo deve motivar uma investigação, especialmente se houver histórico de dieta restritiva, uso de sal não iodado ou gestação.

Avaliação clínica e exames laboratoriais

O médico poderá solicitar uma avaliação detalhada da função da tireoide, por meio de exames como:

  • TSH (hormônio estimulante da tireoide): indica se a glândula está sendo estimulada excessivamente.
  • T3 e T4 livres: hormônios tireoidianos que refletem a atividade da glândula.
  • Ultrassonografia da tireoide: avalia o tamanho da glândula, presença de bócio ou nódulos.
  • Exame de iodo urinário: em situações específicas, avalia a ingestão recente de iodo, sendo mais utilizado em pesquisas populacionais ou casos especiais.

Importante: sempre com orientação médica

A interpretação dos exames e a confirmação de deficiência de iodo devem ser feitas por um profissional capacitado, como um endocrinologista ou nutrólogo. A automedicação com suplementos de iodo pode trazer riscos à saúde, especialmente em pessoas com disfunções da tireoide preexistentes.

📌 Leitura Recomendada: 7 inimigos da tireoide: saiba o que pode prejudicar sua saúde hormonal

Como prevenir a deficiência de iodo no dia a dia?

Apesar de ser um problema silencioso, a deficiência de iodo pode ser evitada com estratégias simples, baseadas na alimentação e no uso consciente de fontes seguras do mineral. O segredo está no equilíbrio: nem excesso, nem ausência.

Uso adequado de sal iodado

O sal de cozinha iodado é a principal estratégia de prevenção adotada em diversos países, incluindo o Brasil. A recomendação é utilizar sal com moderação (até 5g por dia), garantindo tanto o controle do sódio quanto o aporte necessário de iodo.

É importante observar se o rótulo do produto indica a iodação. O uso frequente de sal grosso artesanal ou sal rosa, por exemplo, pode representar risco de deficiência quando não há compensação com outros alimentos ricos em iodo.

Alimentos fontes naturais de iodo

Além do sal iodado, é possível obter iodo por meio de uma alimentação variada e equilibrada. As melhores fontes naturais incluem:

  • Peixes marinhos (como salmão, atum e bacalhau)
  • Frutos do mar (ostras, camarões, mexilhões)
  • Algas marinhas, como nori, kombu e wakame (com orientação, pois o excesso pode ser prejudicial)
  • Laticínios (leite, iogurte, queijos)
  • Ovos

Manter esses alimentos na rotina, especialmente em dietas com restrição de sal, é essencial para garantir a ingestão adequada do mineral.

Cuidados em dietas restritivas ou veganas

Pessoas que seguem dietas sem alimentos de origem animal precisam redobrar a atenção. A ausência de peixes, ovos e laticínios pode diminuir significativamente o aporte de iodo.

Nestes casos, a suplementação pode ser indicada, mas sempre sob supervisão de um nutricionista ou médico.

Populações de risco

Alguns grupos exigem atenção especial em relação ao iodo:

  • Gestantes e lactantes: a necessidade do mineral aumenta nessas fases devido ao desenvolvimento do bebê e à produção de leite.
  • Idosos: podem apresentar alterações na absorção de nutrientes e ter maior risco de disfunções da tireoide.
  • Pessoas em dietas restritivas ou com condições clínicas específicas (como doença celíaca ou bariátrica)

A prevenção da deficiência começa com a conscientização e a adoção de escolhas alimentares equilibradas e orientadas.

Quando procurar ajuda médica?

Nem sempre os sintomas de deficiência de iodo são específicos. Por isso, é importante observar sinais persistentes e buscar avaliação profissional nas seguintes situações:

  • Presença de sintomas compatíveis com hipotireoidismo, como cansaço, ganho de peso, constipação e queda de cabelo.
  • Alterações visíveis ou palpáveis no pescoço, como aumento de volume ou sensação de nódulo.
  • Planejamento de gravidez ou suspeita de gestação, para garantir o aporte adequado desde as primeiras semanas.
  • Dieta restritiva prolongada, especialmente vegana, sem orientação nutricional.

O diagnóstico e a conduta devem ser sempre realizados por endocrinologista, clínico geral ou nutrólogo.

A suplementação de iodo, quando necessária, deve ser feita com critério, pois o excesso também pode prejudicar a saúde da tireoide.

A deficiência de iodo ainda é uma condição pouco percebida, mas com impactos significativos na saúde, especialmente quando afeta a função da tireoide ou o desenvolvimento neurológico de crianças.

Felizmente, trata-se de um problema totalmente prevenível com mudanças simples no dia a dia, como o uso de sal iodado, a inclusão de alimentos fontes de iodo e o acompanhamento profissional em fases mais críticas da vida, como a gestação.

Observar sinais no corpo e buscar orientação diante de sintomas persistentes é fundamental para evitar complicações. A informação é uma das maiores aliadas na prevenção de doenças silenciosas como essa.

FAQ – Perguntas frequentes sobre deficiência de iodo

Quais os principais sintomas da falta de iodo?

Fadiga, queda de cabelo, ganho de peso, pele seca, prisão de ventre, lentidão mental, entre outros.

A deficiência de iodo pode causar hipotireoidismo?

Sim, é uma das causas mais conhecidas e preveníveis de hipotireoidismo, principalmente em populações que consomem pouco sal iodado.

O sal de cozinha comum já tem iodo suficiente?

Sim, desde que seja sal iodado. O uso de sal grosso ou dietas com pouco sal, sem compensação alimentar, pode levar à deficiência.

A falta de iodo é perigosa na gravidez?

Sim. A deficiência durante a gestação pode afetar o desenvolvimento cerebral do bebê, aumentar o risco de aborto e parto prematuro.

Como posso aumentar meu consumo de iodo com segurança?

Consumindo peixes, frutos do mar, ovos, laticínios e sal iodado com moderação. Em dietas restritivas, é importante ter acompanhamento profissional.

📌 Leitura Recomendada: Sal iodado e o marinho: entenda as diferenças e saiba quando usar cada um deles

Compartilhe este conteúdo
Elizandra Civalsci Costa
Elizandra Civalsci Costa

Farmacêutica (CRF MT n° 3490) pela Universidade Estadual de Londrina e Especialista em Farmácia Hospitalar e Oncologia pelo Hospital Erasto Gaertner. - Curitiba PR. Possui curso em Revisão de Conteúdo para Web pela Rock Content University e Fact Checker pela poynter.org. Contato (65) 99813-4203

plugins premium WordPress

VIRE A CHAVE PARA EMAGRECER

INSCRIÇÕES GRATUITAS E VAGAS LIMITADAS