Lavagem nasal pode ir para o pulmão? Entenda os riscos e saiba como evitar problemas

A lavagem nasal é um recurso cada vez mais utilizado para aliviar sintomas de rinite, sinusite e congestão nasal. Mas, será que a lavagem nasal pode ir para o pulmão?

Apesar de ser considerada segura e eficaz, muitas pessoas têm dúvidas sobre os possíveis riscos, especialmente quando sentem o soro “descendo” pela garganta ou ao observar engasgos em crianças durante o procedimento.

Afinal, lavagem nasal pode ir para o pulmão? Esse medo é legítimo e precisa ser esclarecido com base científica e orientações corretas.

Aqui no SaúdeLAB, você vai entender quais os riscos reais e como fazer a lavagem nasal com segurança para evitar problemas.

Será que a lavagem nasal pode ir para o pulmão?

Não é comum que o soro da lavagem nasal vá para os pulmões quando a técnica é feita corretamente.

Porém, em casos raros de aspiração, principalmente em pessoas com dificuldades de deglutição (como idosos, pacientes neurológicos) ou em crianças muito pequenas, pode haver risco de o líquido ser levado à via aérea inferior, o que representa um risco à saúde.

O que acontece durante a lavagem nasal?

Ao fazer a lavagem, o soro fisiológico entra por uma das narinas e percorre as cavidades nasais, auxiliando na remoção de muco, poeira e agentes irritantes. Quando bem aplicada, a solução sai pela outra narina ou escorre pela garganta, sendo eliminada naturalmente.

Por onde o soro passa?

A anatomia do nariz e da faringe é formada de forma que, normalmente, o líquido da lavagem percorre o trato respiratório superior, sem acessar os pulmões. As vias aéreas inferiores — como a traqueia e os brônquios — são protegidas por uma estrutura chamada epiglote, que impede a entrada de líquidos nos pulmões durante a deglutição.

Quando o soro pode ser aspirado acidentalmente?

Se a lavagem nasal for feita com pressão excessiva, ou em uma pessoa com o reflexo de deglutição comprometido, há o risco de o líquido ultrapassar a epiglote e ser aspirado para os pulmões.

Esse quadro é chamado de aspiração pulmonar e pode causar tosse imediata, desconforto torácico e, em casos mais graves, infecção respiratória.

Casos clínicos raros de pneumonia aspirativa

Embora extremamente raros, há relatos médicos de pneumonia aspirativa provocada por aspiração acidental de líquidos, inclusive soro fisiológico, durante procedimentos nasais.

Esses casos geralmente envolvem pacientes com fatores de risco, como doenças neurológicas, refluxo gastroesofágico grave ou problemas na coordenação da deglutição.

Na população saudável, o risco é praticamente nulo quando a técnica é feita de forma adequada.

Quais são os riscos reais da lavagem nasal?

A lavagem nasal é um procedimento seguro quando feito da maneira correta. No entanto, como qualquer técnica de cuidado com a saúde, pode oferecer riscos se mal executada ou realizada sem os cuidados básicos de higiene e posicionamento. Entre os principais riscos estão:

Aspiração pulmonar (rara)

Como mencionado anteriormente, em casos bastante raros, o soro pode ser aspirado para os pulmões, especialmente em pessoas com dificuldade de deglutição ou em bebês.

Isso pode causar inflamações nas vias aéreas inferiores, como broncoaspiração e pneumonia aspirativa. É um risco baixo, mas que justifica a atenção à técnica e ao perfil do paciente.

Desconforto ou ardência

Algumas pessoas relatam ardência ou desconforto durante a lavagem. Isso pode ocorrer se o soro estiver muito gelado, for aplicado com pressão excessiva ou se houver feridas ou inflamações na mucosa nasal.

Nesses casos, o ideal é ajustar a temperatura do soro (levemente morno ou em temperatura ambiente) e reduzir a pressão da aplicação.

Otite média (quando mal realizada em bebês)

Em bebês, principalmente quando a lavagem é feita com força ou com a criança deitada, há risco de o líquido atingir a tuba auditiva, que liga o nariz ao ouvido. Isso pode favorecer infecções, como a otite média. A técnica correta e a postura adequada são fundamentais para evitar esse problema.

Contaminação do frasco ou do soro

O uso repetido de frascos de soro abertos, seringas ou squeezes sem higienização adequada pode causar contaminações.

Microrganismos presentes no ambiente ou nas mãos podem se proliferar nesses recipientes e serem levados às vias respiratórias. É essencial manter os frascos limpos, preferir soro em frascos pequenos e sempre lavar os acessórios após o uso.

Uso de água não estéril

Jamais se deve realizar lavagem nasal com água da torneira ou filtrada. Apenas soro fisiológico 0,9% estéril ou soluções específicas (como soluções salinas balanceadas para lavagem nasal) são indicadas.

O uso de água contaminada pode levar bactérias ou protozoários para o trato respiratório e gerar infecções graves, especialmente em pessoas imunossuprimidas.

Sinais de que a lavagem nasal foi feita de forma incorreta

A maioria dos desconfortos durante ou após a lavagem nasal é leve e passageira. No entanto, alguns sinais devem ser observados com atenção, pois podem indicar erro na técnica ou risco de complicações:

  • Tosse intensa ou engasgo durante ou logo após o procedimento
  • Desconforto no peito, como sensação de peso ou ardência
  • Sensação de sufocamento ou falta de ar durante a aplicação
  • Febre ou sinais de infecção respiratória (tosse persistente, secreção purulenta, chiado no peito) nos dias seguintes

Caso algum desses sintomas ocorra, é recomendável interromper o uso da técnica e procurar avaliação médica, especialmente se houver suspeita de aspiração ou infecção secundária.

✨ Leitura Recomendada: Remédio caseiro para desentupir o nariz: veja como aliviar o sintoma de forma natural e segura

Como fazer a lavagem nasal com segurança

Realizar a lavagem nasal de forma correta é essencial para obter os benefícios do procedimento e evitar riscos. Veja os principais cuidados:

Postura adequada

Mantenha a cabeça levemente inclinada para o lado, com a boca aberta. Isso facilita a saída do soro pela outra narina ou pela boca, evitando que o líquido vá para o ouvido ou para as vias aéreas inferiores.

Quantidade e pressão do soro

Use a quantidade adequada de soro conforme a orientação médica ou do fabricante do dispositivo. Para adultos, geralmente entre 10 e 20 ml por narina. A pressão deve ser leve a moderada — o suficiente para percorrer as vias nasais sem causar dor ou desconforto.

Frascos próprios para lavagem nasal

Prefira dispositivos próprios para esse fim, como seringas sem agulha, frascos tipo squeeze ou neti pot. Eles permitem controle da quantidade e da pressão do líquido, além de serem mais higiênicos e fáceis de usar.

Evite fazer a lavagem deitado (especialmente em bebês)

A posição horizontal pode favorecer o refluxo do soro para o ouvido ou mesmo o risco de aspiração. Em bebês, o ideal é realizar a lavagem com a criança inclinada, com o tronco elevado e a cabeça levemente virada para o lado.

Não forçar quando há obstrução total

Se a narina estiver completamente entupida, forçar a entrada do soro pode causar dor ou refluxo para o ouvido. Nesses casos, é melhor usar soluções em spray ou gotas para amolecer o muco antes da lavagem com maior volume.

Lavagem nasal em bebês e crianças: cuidados especiais

Em crianças, os benefícios da lavagem nasal são bem conhecidos, especialmente para aliviar o desconforto de gripes, resfriados e alergias. No entanto, o procedimento exige ainda mais cuidado e adaptação à idade:

Quando fazer e quando evitar

A lavagem pode ser feita em situações de congestão nasal, rinite, sinusite ou para hidratar as mucosas em ambientes secos. No entanto, deve ser evitada em casos de febre sem diagnóstico, otite em curso ou lesões nasais, salvo orientação médica.

Técnicas seguras para cada idade

  • Recém-nascidos: uso de soro em gotas ou jatos suaves, com o bebê no colo, cabeça inclinada lateralmente.
  • Bebês maiores: pode-se usar seringa ou frasco com jato leve, sempre com o tronco elevado e apoio seguro da cabeça.
  • Crianças maiores: já podem utilizar técnicas semelhantes às dos adultos, com supervisão.

Riscos de engasgo em recém-nascidos

O sistema de deglutição do recém-nascido ainda é imaturo, o que aumenta o risco de engasgo.

Por isso, o soro deve ser administrado com suavidade, sem forçar, e preferencialmente em pequena quantidade por vez. O engasgo leve é comum, mas se houver tosse persistente ou dificuldade para respirar, deve-se interromper a aplicação e procurar atendimento.

Acompanhamento pediátrico

Em caso de dúvidas sobre a técnica ou se a criança apresentar reações adversas, é fundamental contar com a orientação de um(a) pediatra ou otorrinolaringologista, que poderá indicar a forma mais segura e eficaz de realizar o procedimento conforme a idade e condição clínica da criança.

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O que fazer se engasgar ou se sentir mal após a lavagem nasal?

Mesmo quando realizada com cuidado, a lavagem nasal pode causar desconfortos ocasionais, como tosse ou sensação de engasgo. Saber como agir nesses momentos é fundamental para evitar complicações e manter a segurança do procedimento.

Primeiros cuidados imediatos

Se houver engasgo leve, o ideal é manter a calma, respirar pela boca e inclinar o corpo levemente para frente, permitindo que o líquido escorra naturalmente. Tossir ajuda a expulsar qualquer resíduo que tenha se deslocado para a garganta.

Evite deitar ou ingerir alimentos logo após o episódio. Observe os sinais do corpo nas horas seguintes.

Quando procurar atendimento médico

É importante procurar avaliação médica se os sintomas persistirem ou se houver piora nas horas ou dias seguintes à lavagem nasal. Especialmente nos seguintes casos:

  • Tosse contínua ou que piora com o tempo
  • Dificuldade para respirar
  • Chiado no peito ou sensação de peso
  • Febre nas 24–72 horas após o episódio
  • Presença de secreção amarelada ou com odor forte

Esses sinais podem indicar que o líquido foi parcialmente aspirado para os pulmões ou que houve alguma irritação ou infecção secundária.

Sintomas de alerta

Fique atento especialmente se ocorrerem:

  • Febre sem causa aparente
  • Tosse persistente ou produtiva após o procedimento
  • Sensação de falta de ar, respiração acelerada ou superficial
  • Dor no peito ou sensação de desconforto profundo ao respirar

Nesses casos, a avaliação médica deve ser imediata, principalmente em crianças pequenas, idosos ou pessoas com doenças respiratórias.

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FAQ – Dúvidas comuns sobre lavagem nasal

Abaixo, respondemos às perguntas mais frequentes sobre a segurança e a prática da lavagem nasal, com base em evidências e recomendações médicas.

Pode causar pneumonia?

Em casos muito raros, se o soro for aspirado diretamente para os pulmões, pode haver risco de pneumonia aspirativa. No entanto, isso é incomum em pessoas saudáveis e que utilizam a técnica de forma correta.

É perigoso fazer lavagem nasal todos os dias?

Não. Para a maioria das pessoas, a lavagem nasal diária pode ser benéfica, ajudando a manter as vias respiratórias limpas, especialmente em ambientes secos ou com alta poluição. No entanto, o excesso ou a técnica inadequada pode causar irritações ou efeitos indesejados, como ressecamento excessivo da mucosa.

Posso usar água da torneira para lavar o nariz?

Não é recomendado. A água da torneira, mesmo que filtrada, pode conter microrganismos potencialmente nocivos. O ideal é sempre usar soro fisiológico 0,9% ou soluções salinas estéreis próprias para lavagem nasal.

Como saber se o líquido foi para o pulmão?

Sinais como tosse persistente, febre, chiado no peito e dificuldade para respirar podem indicar que houve aspiração do líquido. Nesses casos, a avaliação médica é essencial para afastar riscos como infecção ou irritação pulmonar.

Pode ficar tranquilo, mas com técnica certa

A lavagem nasal é um recurso seguro, eficaz e acessível para manter a saúde das vias respiratórias, prevenir infecções e aliviar sintomas de congestão nasal.

No entanto, como qualquer prática de cuidado com o corpo, exige atenção à técnica e ao uso correto dos materiais.

Os riscos existem, mas são raros e, na maioria das vezes, evitáveis com medidas simples — como usar o soro adequado, manter a postura correta e higienizar os frascos.

Em caso de dúvidas ou desconfortos frequentes, a orientação de um profissional de saúde é o melhor caminho para garantir segurança e bons resultados.

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Enf. Raquel Souza de Faria
Enf. Raquel Souza de Faria

Sou Raquel Souza de Faria, Enfermeira (COREN – MG 212.681) Especialista em Docência do Ensino Superior, Consultora de Enfermagem em Núcleo de Segurança do Paciente, Gestora de Serviços de Atenção Básica/Saúde da Família. Empresária e Empreendedora, amante da Fitoterapia e das Terapias Holísticas, oferecendo bem-estar e prevenção de doenças como Auriculoterapêuta e Esteticista.
E-mail: raqueldefaria68@gmail.com

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