Multiplicam os casos de doenças psiquiátricas entre policiais penais
Com 22% de afastamentos por problemas médicos, o índice de suicídio no sistema prisional é o triplo da média nacional
São Paulo- Em 2022, multiplicaram-se os casos de doenças psiquiátricas entre policiais penais, segundo o Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo (SIFUSPESP). E os índices são alarmantes: Aproximadamente 22% dos servidores enfrentam problemas médicos e 10% deste total refere-se a doenças psiquiátricas.
“O sistema prisional de São Paulo vive hoje uma epidemia de doenças psiquiátricas. São 3,5 mil de pessoas afastadas por depressão, ansiedade crônica e Síndrome de Burnout“, comenta Fábio Jabá, presidente do SIFUSPESP.
Ele explica que entre os outros policiais penais afastados, porém, a maioria é relacionada ao estresse, como diabetes e hipertensão. “Quando você vai conversar com o servidor, ouve dele que o ambiente de trabalho é estressante, além do temor pela própria segurança e da família, são os fatores que os adoecem”, completa o sindicalista.
“O quadro completo de servidores é de 50 mil (49,5 mil), mas hoje temos apenas 34 mil. E, desses, 7,5 mil estão afastados por doenças que surgem porque somos submetidos a enorme estresse emocional”, aponta o tesoureiro do sindicato, Alancarlo Fernet.
Recorde de suicídios entre policiais penais
Seis servidores tiraram a vida entre janeiro a outubro deste ano. Inclusive, o número de suicídios na Polícia Penal é o triplo da média nacional, de 6,3 casos para cada 100 mil habitantes, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). “Certamente o trabalho dentro de um presídio é massacrante do primeiro ao último minuto. Quando termina o turno de trabalho, a tensão e o medo acompanham o servidor até a casa dele. Então, sempre que põe os pés na rua teme ser alvo de criminosos”, ressalta Fernet.
A Polícia Penal representa a primeira barreira entre a população carcerária e o mundo exterior, por isso os policiais penais costumam ser os primeiros alvos da vingança por parte dos criminosos. “Este ano, 10 policiais penais foram vítimas de agressão no trabalho, e um deles foi assassinado na rua por um grupo criminoso. Portanto, a falta de regulamentação da Polícia Penal deixa um vácuo jurídico para a nossa atuação”, explica o presidente do sindicato.
Então, na prática, policiais penais lidam com mesmos problemas que qualquer outra polícia, mas não possuem armas acauteladas do Estado, nem a proteção jurídica necessária. “Com frequência as ameaças atingem nossas famílias. Como ter saúde mental em um cenário desse?”, questiona Jabá.