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O que é a Síndrome das Pernas Inquietas?
A síndrome das pernas inquietas pode parecer inofensiva, mas quem convive com ela sabe o quanto atrapalha o descanso e o bem-estar.
É aquela sensação incômoda nas pernas — como um formigamento ou coceira por dentro — que surge justamente quando você quer relaxar ou dormir. E o alívio só vem quando você se levanta e começa a se mexer.
Embora comum, essa condição ainda é pouco conhecida e, muitas vezes, confundida com cansaço, má circulação ou ansiedade.
Aqui, no SaúdeLAB, você vai descobrir o que realmente é a síndrome das pernas inquietas, por que ela acontece, quais são os sinais de alerta e como buscar alívio de forma eficaz.
O que é a síndrome das pernas inquietas?
A síndrome das pernas inquietas (SPI) é um distúrbio neurológico sensório-motor caracterizado por uma necessidade irresistível de mover as pernas, geralmente acompanhada de sensações desconfortáveis como formigamento, coceira interna, queimação ou a impressão de que algo está se movendo sob a pele.
Esses sintomas costumam surgir ou se agravar durante o repouso, principalmente à noite, e tendem a melhorar com o movimento dos membros inferiores.
Também conhecida como doença das pernas inquietas ou doença de Willis-Ekbom, a condição foi descrita pela primeira vez em 1672 pelo médico britânico Thomas Willis, e mais detalhada no século XX pelo neurologista sueco Karl-Axel Ekbom.
Por isso, o nome “doença de Willis-Ekbom” ainda é usado em publicações científicas.
A SPI é considerada uma condição crônica e pode variar de leve a severa. Em casos mais intensos, interfere significativamente na qualidade do sono e no bem-estar diário, levando à insônia, fadiga e até sintomas emocionais, como irritabilidade e ansiedade.
Apesar de sua prevalência — que pode chegar a 10% da população — a síndrome das pernas inquietas ainda é subdiagnosticada.
Muitas pessoas confundem os sintomas com má circulação ou efeitos do cansaço, o que pode atrasar o tratamento.
O diagnóstico correto e precoce é essencial para aliviar os sintomas, identificar possíveis causas secundárias e melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados.
Quais são os sintomas da síndrome das pernas inquietas?
Os sintomas da síndrome das pernas inquietas variam de pessoa para pessoa, mas costumam seguir um padrão característico.
Eles geralmente se intensificam à noite ou durante longos períodos de inatividade, como ao deitar-se para dormir, assistir televisão ou permanecer sentado por muito tempo.
Os principais sintomas incluem:
- Sensações anormais nas pernas, descritas como formigamento, queimação, coceira interna, pontadas ou uma sensação de “algo se arrastando” sob a pele;
- Urgência em mover as pernas para aliviar o desconforto, o que pode ocorrer de forma involuntária ou contínua;
- Alívio parcial ou total dos sintomas com o movimento, como andar, alongar ou movimentar os membros;
- Piora dos sintomas no período noturno ou ao repousar, dificultando o início e a manutenção do sono;
- Distúrbios do sono, como insônia, sonolência diurna e cansaço constante;
- Movimentos periódicos dos membros durante o sono (PLMS), que podem ocorrer mesmo sem a percepção da pessoa e afetar o ciclo do sono.
Esses sintomas podem surgir em qualquer idade, mas tendem a se tornar mais intensos e frequentes com o passar dos anos.
Muitas vezes, a pessoa não associa esses sinais à síndrome das pernas inquietas, o que retarda o diagnóstico e o início do tratamento adequado.
Quais são as causas da síndrome das pernas inquietas?
A síndrome das pernas inquietas pode ter diferentes origens, sendo dividida em causas primárias (ou idiopáticas) e causas secundárias, associadas a outras condições de saúde. Conhecer essas causas é essencial para direcionar o tratamento e controlar os sintomas.
Causas primárias (idiopáticas ou hereditárias)
As causas primárias da síndrome das pernas inquietas não estão ligadas a nenhuma condição de saúde subjacente. Em geral, acredita-se que existam alterações no funcionamento dos circuitos dopaminérgicos do cérebro, responsáveis pelo controle dos movimentos.
Há também forte associação familiar: até 60% dos casos têm histórico genético, o que reforça a hipótese hereditária.
Causas secundárias
As causas secundárias envolvem a presença de alguma condição clínica ou o uso de substâncias que podem desencadear ou agravar os sintomas. Entre as principais estão:
- Deficiência de ferro – comum em diversas faixas etárias, principalmente em mulheres e vegetarianos, pode interferir nos níveis de dopamina no cérebro;
- Doenças renais crônicas – pacientes em diálise frequentemente relatam sintomas da síndrome;
- Diabetes mellitus – a neuropatia diabética pode agravar a sensibilidade nas pernas;
- Gravidez – especialmente no terceiro trimestre, devido a alterações hormonais e deficiência de ferro;
- Uso de medicamentos – antidepressivos, antipsicóticos, anti-histamínicos e alguns antinauseantes podem desencadear ou agravar a condição.
Além das causas diretas, existem fatores de risco que aumentam a probabilidade de desenvolvimento da síndrome:
- Histórico familiar da condição;
- Idade avançada (maior incidência após os 40 anos);
- Estilo de vida sedentário;
- Privação de sono e estresse constante.
Tabela: Comparativo entre causas primárias e secundárias
Identificar se a síndrome das pernas inquietas é primária ou secundária ajuda a determinar se os sintomas podem ser revertidos com o tratamento da causa subjacente, como a reposição de ferro ou ajuste de medicamentos.
Como é feito o diagnóstico da síndrome das pernas inquietas?
O diagnóstico da síndrome das pernas inquietas é essencialmente clínico, ou seja, não existe um exame específico que confirme a condição.
A avaliação é feita com base nos sintomas relatados pelo paciente, no histórico médico e na exclusão de outras possíveis causas.
Atualmente, os critérios mais aceitos internacionalmente são os estabelecidos pelo International Restless Legs Syndrome Study Group (IRLSSG), que incluem:
- Desejo incontrolável de mover as pernas, geralmente acompanhado de sensações desconfortáveis;
- Início ou agravamento dos sintomas durante o repouso ou inatividade;
- Alívio parcial ou total dos sintomas com o movimento;
- Piora dos sintomas no final do dia ou à noite;
- Exclusão de outras condições médicas ou neurológicas que possam justificar os sintomas.
Além disso, o profissional de saúde pode utilizar ferramentas complementares para confirmar o diagnóstico e descartar causas secundárias:
- Histórico clínico detalhado, incluindo padrão de sono, hábitos de vida, uso de medicamentos e histórico familiar;
- Diário do sono, para registrar horários e qualidade do sono, além da frequência dos sintomas;
- Polissonografia, exame do sono que pode ser indicado em casos mais complexos ou quando há suspeita de outros distúrbios associados;
- Exames laboratoriais, principalmente para verificar níveis de ferro, ferritina, função renal, glicemia e vitamina B12, entre outros marcadores relevantes.
O diagnóstico correto é fundamental para que o tratamento seja adequado, especialmente nos casos secundários, em que é possível tratar a causa de base e obter melhora significativa dos sintomas.
Síndrome das pernas inquietas tem cura?
A síndrome das pernas inquietas primária, que não está associada a outras doenças ou deficiências específicas, não tem cura definitiva até o momento.
Trata-se de uma condição crônica, que pode ser controlada com acompanhamento médico e mudanças no estilo de vida.
No entanto, quando a síndrome tem causas secundárias, como a deficiência de ferro ou doenças renais crônicas, os sintomas podem desaparecer após o tratamento da condição de base.
Por isso, a investigação detalhada é fundamental em todos os casos.
O objetivo principal do tratamento é proporcionar alívio dos sintomas, melhorar a qualidade do sono e promover o bem-estar geral. S
Mesmo nos casos sem cura, é possível alcançar controle eficaz dos sintomas com intervenções adequadas, melhorando significativamente a qualidade de vida do paciente.
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Como tratar a síndrome das pernas inquietas?
O tratamento da síndrome das pernas inquietas deve ser individualizado, com base na gravidade dos sintomas, na presença de causas secundárias e nas características de cada paciente.
Ele pode incluir mudanças no estilo de vida, correção de deficiências nutricionais e, quando necessário, uso de medicamentos.
1. Mudanças no estilo de vida
Intervenções não farmacológicas são o primeiro passo para o controle dos sintomas, especialmente nos casos leves a moderados. As principais medidas incluem:
- Estabelecer uma rotina de sono regular, com horários fixos para dormir e acordar, evitando luz azul e estímulos eletrônicos antes de dormir;
- Praticar atividades físicas leves ou moderadas, como caminhadas ou alongamentos, que ajudam a reduzir a inquietação das pernas;
- Evitar substâncias estimulantes, como cafeína, nicotina e álcool, especialmente no final do dia;
- Adotar técnicas de relaxamento, como meditação, ioga, massagem nas pernas e banho morno antes de dormir, que contribuem para acalmar o sistema nervoso.
Essas medidas muitas vezes são suficientes para controlar os sintomas em pessoas com manifestações leves da síndrome.
2. Suplementação e correção de deficiências
Em casos de síndrome das pernas inquietas secundária, é fundamental tratar a causa de base. Entre as condutas mais comuns estão:
- Reposição de ferro, quando há deficiência comprovada por exames laboratoriais. A ferritina deve ser mantida em níveis adequados, geralmente acima de 50–75 ng/mL, conforme orientações clínicas;
- Outras correções nutricionais, como a suplementação de vitamina B12, ácido fólico ou magnésio, podem ser indicadas de acordo com os resultados dos exames e sintomas apresentados.
A suplementação deve ser sempre orientada por um profissional de saúde, com acompanhamento periódico.
3. Uso de medicamentos
Nos casos mais intensos, quando os sintomas comprometem a qualidade de vida mesmo após as medidas iniciais, o uso de medicamentos pode ser necessário. As principais classes utilizadas são:
- Agonistas dopaminérgicos (como pramipexol ou ropinirol): atuam nos receptores de dopamina e são frequentemente a primeira escolha para tratamento;
- Anticonvulsivantes (como gabapentina ou pregabalina): usados quando há dor associada ou em pacientes com intolerância aos dopaminérgicos;
- Opioides, em casos refratários e com dor intensa, sempre com controle rigoroso devido ao risco de dependência;
- Benzodiazepínicos (como clonazepam): podem ajudar no sono, mas devem ser usados com cautela devido ao potencial sedativo e de dependência.
Importante reforçar que o uso de medicamentos deve ser sempre prescrito por um médico, com avaliação contínua da resposta ao tratamento e dos possíveis efeitos colaterais.
O manejo inadequado pode piorar os sintomas ao longo do tempo, inclusive levando a um efeito reverso dos medicamentos, em que a síndrome se intensifica em vez de melhorar.
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Qual a relação entre a síndrome das pernas inquietas e o sono?
A síndrome das pernas inquietas está diretamente relacionada à qualidade do sono, já que os sintomas tendem a se manifestar ou se agravar durante o período de descanso, principalmente à noite.
Isso ocorre porque a condição está associada à inatividade corporal, fazendo com que muitas pessoas sintam grande dificuldade para adormecer ou permanecer dormindo.
Os sintomas noturnos interrompem os ciclos do sono, levando a despertares frequentes, sono fragmentado e sensação de fadiga ao acordar.
Essa interrupção constante pode evoluir para um quadro de insônia crônica, prejudicando o desempenho nas atividades diurnas, aumentando a irritabilidade e afetando a saúde física e mental como um todo.
Com o tempo, a privação de sono provocada pela síndrome pode contribuir para o surgimento ou agravamento de distúrbios psicológicos, como ansiedade e depressão, criando um ciclo difícil de romper: o estresse piora os sintomas e a piora dos sintomas gera ainda mais estresse.
Além disso, muitos pacientes relatam movimentos involuntários das pernas durante o sono, conhecidos como movimentos periódicos dos membros (PLMS), que ocorrem de forma rítmica e involuntária.
Esse fenômeno está presente em boa parte dos casos de síndrome das pernas inquietas e agrava ainda mais a dificuldade de obter um sono reparador.
Síndrome das pernas inquietas na gravidez: o que saber?
A síndrome das pernas inquietas durante a gravidez é uma condição comum, especialmente no terceiro trimestre, afetando cerca de 1 em cada 5 gestantes.
O aumento da prevalência nesse período está relacionado a mudanças hormonais, aumento do volume sanguíneo e, principalmente, à deficiência de ferro, que é comum durante a gestação.
Apesar de causar desconforto significativo e atrapalhar o sono da gestante, a condição tende a desaparecer espontaneamente após o parto.
No entanto, o impacto na qualidade de vida durante a gravidez pode ser expressivo, especialmente nos últimos meses de gestação.
As opções de tratamento durante a gravidez são, preferencialmente, não farmacológicas, visando garantir a segurança da mãe e do bebê. Entre as medidas recomendadas estão:
- Estabelecimento de uma boa higiene do sono;
- Alongamentos suaves antes de dormir;
- Banhos mornos à noite;
- Compressas quentes ou massagens nas pernas;
- Correção de deficiências nutricionais, principalmente ferro, sempre com orientação médica.
Caso os sintomas sejam intensos ou persistentes, é fundamental que a gestante procure orientação do obstetra, que poderá investigar causas associadas e, se necessário, encaminhar para acompanhamento especializado com neurologista ou clínico.
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Quando procurar um médico?
Embora muitas pessoas convivam com os sintomas da síndrome das pernas inquietas sem buscar ajuda, é essencial procurar um profissional de saúde quando:
- Os sintomas ocorrem com frequência e prejudicam a qualidade do sono ou das atividades diárias;
- As medidas simples, como mudanças no estilo de vida, não apresentam resultado satisfatório;
- Existe suspeita de causa secundária, como deficiência de ferro, doenças renais ou uso de medicamentos que podem estar agravando a condição;
- A síndrome se manifesta em crianças ou adolescentes, o que também pode ocorrer e exige investigação precoce.
O acompanhamento médico é indispensável para a avaliação correta da gravidade dos sintomas, exclusão de outras condições e indicação do melhor plano terapêutico.
Como conviver com a síndrome das pernas inquietas?
A convivência com a síndrome das pernas inquietas pode ser desafiadora, mas com medidas adequadas é possível manter uma boa qualidade de vida. Entre as estratégias recomendadas estão:
- Apoio psicológico e familiar, que ajuda a lidar com os impactos emocionais causados pelos sintomas e melhora a adesão ao tratamento;
- Participação em grupos de apoio ou fóruns sobre a síndrome, onde é possível compartilhar experiências, trocar informações e encontrar acolhimento;
- Monitoramento regular dos sintomas, registrando frequência, intensidade e gatilhos, para que o médico possa ajustar o tratamento conforme necessário;
- Adaptação da rotina diária, como planejar pausas em longas viagens, evitar longos períodos sentado e usar técnicas para aliviar os sintomas em ambientes públicos (cinemas, teatros, transportes).
A informação e o autocuidado são aliados importantes para quem convive com a síndrome, ajudando a reduzir os impactos da condição no cotidiano.
Síndrome das pernas inquietas tem relação com outras doenças?
A síndrome das pernas inquietas pode estar associada a outras condições de saúde, tanto como causa secundária quanto como comorbidade. Entre as mais comuns estão:
- Doença de Parkinson – embora diferentes, ambas as condições envolvem alterações nos sistemas dopaminérgicos e podem coexistir em alguns pacientes;
- Neuropatias periféricas – lesões nos nervos das pernas podem gerar sintomas semelhantes aos da síndrome, exigindo avaliação diferenciada;
- Transtornos do sono, como insônia e apneia do sono, que podem ser agravados ou confundidos com os efeitos da SPI;
- Deficiências nutricionais, especialmente de ferro, folato e magnésio, frequentemente associadas à síndrome.
Essas relações reforçam a importância de uma abordagem multidisciplinar e de uma investigação completa, especialmente em pacientes com sintomas persistentes ou agravamento progressivo.
É possível viver bem mesmo com a síndrome
A síndrome das pernas inquietas, apesar de crônica na maioria dos casos, pode ser controlada com acompanhamento médico e mudanças no estilo de vida.
O diagnóstico precoce, aliado a estratégias personalizadas de cuidado, permite que a maioria das pessoas conviva com a condição sem prejuízos significativos na rotina.
É essencial que o paciente se sinta acolhido, compreenda os mecanismos da síndrome e conte com uma rede de apoio, tanto familiar quanto profissional.
Ao longo do tempo, o conhecimento sobre a condição, aliado à adesão ao tratamento, tende a resultar em melhora dos sintomas e mais qualidade de vida.
Se você ou alguém próximo apresenta sintomas semelhantes, não hesite em procurar orientação profissional. O diagnóstico e o tratamento corretos podem fazer toda a diferença.
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