Probióticos e emoções: ciência aponta uma relação intrigante

Pesquisa publicada no npj Mental Health Research demonstrou que a suplementação com probióticos específicos diminuiu significativamente o humor negativo em indivíduos saudáveis.

A conexão entre intestino e cérebro tem ganhado cada vez mais atenção na ciência, e um estudo recente publicado no npj Mental Health Research reforça a ideia de que os probióticos podem ter um impacto significativo no equilíbrio emocional—mesmo em pessoas saudáveis.

A pesquisa sugere que, embora questionários tradicionais não tenham captado mudanças drásticas, o monitoramento diário do humor revelou que os probióticos ajudaram a reduzir emoções negativas ao longo do tempo.

Esse achado abre novas perspectivas para estratégias de prevenção em saúde mental, destacando como intervenções simples—como a suplementação com bactérias benéficas—podem modular nosso bem-estar emocional de forma sutil, porém relevante.

Entenda mais sobre o assunto aqui, no SaúdeLAB.

O eixo intestino-cérebro e a influência dos probióticos

Estudos anteriores já haviam demonstrado que a microbiota intestinal—a comunidade de microrganismos que habita nosso trato digestivo—desempenha um papel crucial na regulação do humor, do estresse e até mesmo de transtornos como ansiedade e depressão.

Em experimentos com animais, por exemplo, camundongos que receberam microbiota de humanos deprimidos passaram a exibir comportamentos semelhantes aos da depressão.

No entanto, os resultados em seres humanos saudáveis ainda eram inconsistentes. Algumas análises indicavam benefícios, enquanto outras não encontravam efeitos significativos.

O novo estudo buscou esclarecer essa questão, investigando se os probióticos poderiam melhorar a regulação emocional em adultos sem diagnósticos psiquiátricos.

Como o estudo foi realizado?

A pesquisa envolveu 88 participantes saudáveis, divididos em dois grupos: um recebeu um suplemento probiótico com nove cepas bacterianas, incluindo Lactobacillus acidophilus, Bifidobacterium lactis e Lacticaseibacillus casei, enquanto o outro grupo tomou um placebo à base de maltodextrina e amido de milho.

O experimento durou quatro semanas, e os voluntários foram avaliados antes e depois do período de intervenção.

Além de questionários psicológicos tradicionais—como escalas para medir depressão, afeto positivo e negativo, estresse percebido e reatividade emocional—os participantes registraram diariamente seu humor e características intestinais.

Essa abordagem permitiu captar variações sutis que os testes convencionais poderiam ter perdido.

Os resultados: probióticos reduziram o humor negativo gradualmente

Os questionários padrão não mostraram diferenças significativas entre os grupos após as quatro semanas. No entanto, os relatos diários de humor revelaram algo interessante:

  • O grupo que tomou probióticos apresentou uma redução gradual no humor negativo, especialmente após duas semanas de suplementação.
  • Esse efeito não foi detectado pelos questionários tradicionais, sugerindo que eles podem não ser sensíveis o suficiente para captar mudanças sutis em pessoas saudáveis.
  • Além disso, indivíduos com maior aversão ao risco (medida por um dos subitens do questionário LEIDS-R) foram os que mais se beneficiaram, apresentando uma melhora mais acentuada no humor.
  • Outro dado curioso foi que os probióticos não alteraram a frequência ou consistência das fezes, indicando que o efeito emocional não estava necessariamente ligado a mudanças digestivas óbvias.

Por que isso importa?

Os resultados sugerem que os probióticos podem ser uma ferramenta preventiva para a saúde mental, ajudando a modular emoções negativas antes que elas se tornem um problema mais sério. Isso é particularmente relevante em um contexto em que:

  • Estratégias de prevenção em saúde mental ainda são limitadas.
  • Intervenções nutricionais, como o uso de probióticos, são pouco invasivas e acessíveis.
  • O monitoramento contínuo do humor pode ser mais eficaz do que avaliações pontuais para detectar melhorias sutis.

Limitações e próximos passos

Apesar dos achados promissores, o estudo tem limitações:

  • O tamanho da amostra foi relativamente pequeno (44 pessoas por grupo).
  • O período de intervenção foi curto (apenas quatro semanas).
  • Os mecanismos exatos pelos quais os probióticos influenciam o humor ainda não estão totalmente esclarecidos.

Futuras pesquisas poderão explorar:

  • Quais cepas bacterianas têm efeitos mais pronunciados.
  • Se os benefícios se mantêm em longo prazo.
  • Como os probióticos interagem com outros fatores, como dieta e estilo de vida.

Embora os probióticos não sejam uma “solução mágica” para transtornos mentais, o estudo reforça a ideia de que o intestino e o cérebro estão profundamente conectados.

Para pessoas saudáveis que buscam um equilíbrio emocional mais estável, a suplementação com probióticos pode ser uma estratégia complementar válida—especialmente quando combinada com outras práticas de bem-estar, como alimentação balanceada, exercícios e sono adequado.

À medida que a ciência avança, fica cada vez mais claro que cuidar do intestino é também cuidar da mente—e os probióticos podem ser um aliado nessa jornada.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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