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Câncer de Pâncreas: O inimigo silencioso que levou Léo Batista
A morte de Léo Batista, no último dia 19 de janeiro, chamou a atenção para uma das doenças mais desafiadoras da medicina moderna: o câncer de pâncreas.
Aos 92 anos, o jornalista esportivo, conhecido por sua voz marcante e presença icônica na televisão, enfrentou um dos tipos de câncer mais letais.
Sua partida nos convida a refletir sobre a complexidade dessa doença, que muitas vezes é diagnosticada tardiamente, dificultando o tratamento e reduzindo as chances de cura.
O câncer de pâncreas é notoriamente silencioso em seus estágios iniciais, o que o torna tão perigoso.
Muitos pacientes não apresentam sintomas até que a doença esteja em estágio avançado, e os sinais, quando aparecem, são frequentemente vagos: perda de peso inexplicada, dor abdominal que irradia para as costas, fraqueza, icterícia (amarelamento da pele e olhos), náuseas e alterações no apetite.
Infelizmente, essas manifestações também são comuns em outras doenças menos graves, atrasando ainda mais o diagnóstico.
Lembro-me de um paciente que tratei, um homem na faixa dos 50 anos, que chegou ao consultório relatando cansaço constante e uma perda de peso rápida que não conseguia explicar.
Inicialmente, ele atribuiu os sintomas ao estresse e à rotina atribulada.
Quando a icterícia surgiu, ele procurou ajuda médica e, após uma série de exames, descobrimos o câncer de pâncreas.
O tumor já estava em um estágio avançado, e a cirurgia não era mais uma opção viável. Como em muitos outros casos, o tempo foi um adversário cruel.
A melhor chance de cura para o câncer de pâncreas é a remoção cirúrgica do tumor, algo que é altamente provável quando a doença é diagnosticada precocemente.
Contudo, a maioria dos pacientes só descobre a doença quando ela já se espalhou para outros órgãos. Nesses casos, o tratamento se concentra em controlar a progressão do câncer e melhorar a qualidade de vida, utilizando quimioterapia, radioterapia e cuidados paliativos.
Apesar dos avanços nos tratamentos, a taxa de sobrevivência para casos avançados ainda é baixa, reforçando a importância da conscientização e da detecção precoce.
Os fatores de risco para o câncer de pâncreas incluem o tabagismo, a obesidade, o diabetes e condições inflamatórias crônicas, como a pancreatite.
Exposições ocupacionais a certas substâncias químicas também podem aumentar o risco.
Embora fatores genéticos estejam presentes em cerca de 10% a 15% dos casos, a maior parte está ligada ao estilo de vida.
Isso significa que ações preventivas, como manter o peso saudável, adotar uma dieta equilibrada, evitar o cigarro e controlar condições como o diabetes, podem reduzir significativamente as chances de desenvolver a doença.
O caso de Léo Batista nos deixa um legado além de sua contribuição ao jornalismo esportivo.
Ele nos alerta para a importância de estarmos atentos aos sinais que nosso corpo dá, por mais sutis que sejam.
Se você perceber alterações persistentes, como perda de peso inexplicável, dores abdominais ou mudanças na coloração da pele e dos olhos, não hesite em buscar orientação médica.
O câncer de pâncreas é, sem dúvida, um dos grandes desafios da oncologia. No entanto, ao conscientizarmos a população e incentivarmos hábitos saudáveis, podemos, em algum momento, reduzir sua incidência e impactar positivamente o prognóstico daqueles que enfrentam essa doença.
A memória de Léo Batista deve nos inspirar a cuidar de nossa saúde e a valorizar cada dia, buscando sempre a prevenção e a detecção precoce.
Dr. Victor Cordeiro Trevas – Médico especialista em Oncologia
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