Doença inflamatória intestinal: sintomas que você não deve ignorar

Nem sempre damos atenção aos sinais que o nosso corpo envia, especialmente quando envolvem o intestino.

Dor abdominal, diarreia frequente ou até aquele sangramento discreto nas fezes podem parecer algo passageiro, mas, em alguns casos, são sinais e sintomas de doença inflamatória intestinal, um conjunto de condições que merecem atenção médica e acompanhamento especializado.

O que são as doenças inflamatórias intestinais

A chamada doença inflamatória intestinal (DII) é um grupo de enfermidades crônicas que causam inflamação persistente no trato digestivo.

As duas formas mais conhecidas são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa.

Embora tenham características em comum (como diarreia e dor abdominal), elas se diferenciam pela forma e pelo local onde a inflamação ocorre.

A doença de Crohn pode afetar qualquer parte do tubo digestivo, da boca ao ânus. Já a retocolite ulcerativa compromete principalmente o intestino grosso (cólon) e o reto.

Essas doenças não têm cura definitiva, mas, com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível controlar a inflamação, reduzir as crises e manter uma boa qualidade de vida, com longos períodos de remissão.

Os principais sintomas de doença inflamatória intestinal

Reconhecer os sinais e sintomas de doença inflamatória intestinal é o primeiro passo para buscar ajuda médica.

Eles variam em intensidade e podem aparecer de forma gradual ou repentina. Entre os mais comuns, estão:

  • Diarreia persistente: evacuações mais frequentes, líquidas ou com muco por semanas.
  • Dor ou cólicas abdominais: resultado direto da inflamação intestinal, podem surgir em diferentes regiões do abdômen.
  • Sangue nas fezes: um dos sinais mais preocupantes, podendo indicar inflamação ou úlceras intestinais.
  • Perda de peso sem explicação: consequência da má absorção de nutrientes e da redução do apetite.
  • Fadiga e fraqueza: ligadas à inflamação crônica, à anemia ou à carência nutricional.
  • Anemia: provocada por sangramentos recorrentes e dificuldade na absorção de ferro.
  • Alterações no hábito intestinal: em alguns casos, pode haver alternância entre diarreia e prisão de ventre; geralmente associada a estreitamentos do intestino em fases mais avançadas da doença.

Esses sintomas não são exclusivos das DIIs e podem se confundir com outras condições, como síndrome do intestino irritável, infecções intestinais ou intolerâncias alimentares.

Por isso, o diagnóstico deve sempre ser feito por um coloproctologista ou gastroenterologista.

Fatores de risco e diagnóstico

A DII pode surgir em qualquer idade, mas é mais comum entre os 15 e 35 anos.

Ter um parente próximo com a doença, fumar ou fazer uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroides aumenta o risco ou pode agravar os sintomas.

O diagnóstico envolve uma avaliação completa, com histórico clínico, exames laboratoriais e exames de imagem ou endoscópicos, como colonoscopia e ressonância magnética.

Em alguns casos, o exame de calprotectina fecal (um marcador de inflamação intestinal) ajuda a confirmar o quadro.

Vale lembrar que o diagnóstico nem sempre é simples, já que a doença pode se manifestar de formas diferentes em cada pessoa. Por isso, o olhar experiente do especialista é essencial.

Tratamento: controlar para viver melhor

O tratamento da doença inflamatória intestinal é sempre individualizado.

O objetivo é controlar a inflamação, aliviar os sintomas e evitar complicações.

Entre as principais abordagens estão:

  • Medicamentos: incluem anti-inflamatórios intestinais, imunossupressores, corticoides e medicamentos biológicos que ajudam a equilibrar a resposta do sistema imunológico.
  • Ajustes na alimentação: identificar e evitar alimentos que pioram os sintomas é fundamental. Dietas específicas, como a baixa em FODMAPs, podem ajudar em alguns casos.
  • Terapia nutricional: em quadros graves, pode ser necessária a reposição de nutrientes por via enteral ou parenteral.
  • Cirurgia: indicada quando há complicações, como estreitamentos, abscessos ou perfurações, ou quando o tratamento clínico não é suficiente.

Com o avanço das técnicas minimamente invasivas e da cirurgia robótica, é possível realizar procedimentos mais precisos e com recuperação mais rápida, especialmente em casos de Crohn e retocolite ulcerativa.

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Doença inflamatória intestinal: um desafio também para os idosos

Embora seja mais frequente em adultos jovens, a doença inflamatória intestinal também está aumentando entre pessoas com mais de 60 anos.

O envelhecimento traz desafios adicionais: maior risco de complicações, presença de outras doenças e uso de múltiplos medicamentos.

Por isso, o tratamento em idosos deve ser conduzido com cuidado redobrado, equilibrando o controle da inflamação com a segurança e a qualidade de vida do paciente.

O papel do diagnóstico precoce

Estar atento aos sinais e sintomas de doença inflamatória intestinal é fundamental para buscar ajuda no momento certo.

Quanto antes o diagnóstico for feito, menores são os riscos de complicações e maiores as chances de controlar a doença.

Ignorar sintomas como diarreia frequente, dor abdominal e sangue nas fezes pode atrasar o início do tratamento, e, desse modo, permitir que a inflamação cause danos permanentes ao intestino.

Em resumo, ouvir o corpo é um ato de cuidado.

Se você tem notado alterações persistentes no funcionamento do intestino, procure um coloproctologista.

Com o diagnóstico correto e um plano de tratamento adequado, é possível viver bem, com mais conforto, segurança e qualidade de vida, mesmo convivendo com uma doença inflamatória intestinal.

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Dr. Alexandre Nishimura

Médico cirurgião-geral, cirurgião robótico e coloproctologista. Membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva, Robótica e Digital (SOBRACIL). Atua com foco em técnicas avançadas e tratamentos de alta precisão.

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