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Descubra por que comer cenoura pode ajudar jovens a ter menos ansiedade e mais bem-estar
O que cenouras, frutas coloridas e vegetais verde-escuros têm em comum? Todos são ricos em betacaroteno, um nutriente que, segundo uma nova pesquisa europeia, pode desempenhar um papel importante na saúde mental dos jovens.
O estudo, realizado por instituições da Suécia, aponta que adolescentes com maior ingestão desse antioxidante apresentaram menos sintomas psicossomáticos, como ansiedade e estresse, e relataram uma melhor qualidade de vida.
Os dados reforçam a ideia de que a alimentação tem um impacto direto não só na saúde física, mas também na saúde emocional — especialmente em uma fase da vida marcada por intensas transformações hormonais, sociais e cognitivas.
O que é o betacaroteno?
O betacaroteno é um pigmento natural presente em alimentos como cenoura, abóbora, manga, mamão e espinafre. Ele pertence ao grupo dos carotenóides, substâncias conhecidas por sua potente ação antioxidante.
No organismo, o betacaroteno é convertido em vitamina A, essencial para funções como a visão, o sistema imunológico e o desenvolvimento celular.
Mas além dos benefícios tradicionais, novas evidências científicas vêm associando o betacaroteno à saúde mental e emocional, especialmente durante a adolescência.
O estudo sueco: alimentação e sintomas emocionais
A pesquisa publicada no European Journal of Nutrition foi conduzida por cientistas da Swedish School of Sport and Health Sciences, em colaboração com a Universidade de Uppsala e o Karolinska Institutet.
Eles analisaram dados de adolescentes suecos e investigaram a relação entre a ingestão de antioxidantes e os sintomas psicossomáticos — aqueles em que fatores emocionais causam ou agravam desconfortos físicos, como dores de cabeça, cansaço e tensão muscular.
Os resultados mostraram que os adolescentes com maior consumo de betacaroteno apresentavam menos sintomas de ansiedade e relataram melhor qualidade de vida, em comparação aos que consumiam menos alimentos ricos nesse nutriente.
Ansiedade em jovens: um desafio crescente
Segundo os pesquisadores, cerca de 50% dos transtornos mentais que afetam os adultos têm início antes dos 14 anos, e muitos dos sintomas ansiosos surgem ainda antes dos 10 anos. Esse dado é alarmante, principalmente quando se observa o crescimento dos índices de sofrimento emocional em adolescentes nos últimos anos.
A alimentação, muitas vezes negligenciada como fator protetivo da saúde mental, surge nesse cenário como uma ferramenta acessível e preventiva. Os achados suecos reforçam a importância de se estimular desde cedo o consumo regular de frutas, legumes e verduras, especialmente os ricos em antioxidantes como o betacaroteno.
Diferenças entre meninas e meninos
O estudo também trouxe um dado interessante sobre diferenças entre os sexos. Enquanto os meninos suecos ultrapassaram a recomendação diária de vitamina C em cerca de 7%, as meninas ficaram 9% abaixo da meta.
Apesar dessas diferenças nutricionais, os efeitos do betacaroteno na saúde emocional foram observados em ambos os grupos.
Essa constatação levanta uma reflexão: meninas adolescentes podem estar em maior risco de deficiências nutricionais e, consequentemente, mais vulneráveis aos impactos negativos na saúde mental. Esse alerta é valioso para profissionais de saúde, pais e educadores.
Por que os jovens precisam de mais betacaroteno?
Durante a adolescência, o corpo passa por uma série de mudanças hormonais e neurológicas que exigem suporte nutricional adequado. A alimentação tem impacto direto sobre a produção de neurotransmissores — substâncias que regulam o humor, o sono e o comportamento.
Nesse contexto, o betacaroteno surge como um aliado. Ao reduzir o estresse oxidativo no cérebro, ele pode proteger as funções cognitivas e reduzir os sintomas de ansiedade e estresse, como demonstrado no estudo sueco.
Os adolescentes com maior ingestão de betacaroteno relataram menos sintomas psicossomáticos — como dores de cabeça sem causa orgânica aparente, cansaço frequente e alterações de humor.
Além disso, esses jovens apresentaram uma melhor percepção de qualidade de vida, um indicador importante da saúde mental.
Por que focar na cenoura?
Embora existam diversas fontes de betacaroteno, a cenoura se destaca por várias razões:
- Acessibilidade: está presente na maioria dos lares brasileiros, com baixo custo e fácil preparo;
- Versatilidade: pode ser consumida crua, cozida, ralada, em sucos, sopas, saladas ou até bolos;
- Alta densidade nutricional: além de betacaroteno, é rica em fibras, potássio e vitamina K.
Essas características fazem da cenoura uma aliada estratégica na saúde dos jovens, especialmente em um contexto em que o consumo de alimentos ultraprocessados tem aumentado significativamente.
Embora os benefícios da cenoura sejam amplamente conhecidos, o desafio está em incorporá-la de maneira regular e atraente na alimentação dos adolescentes, uma fase da vida marcada por preferências alimentares instáveis e, muitas vezes, pela influência de dietas ultraprocessadas.
Algumas estratégias simples podem ajudar:
- Snacks rápidos: palitos de cenoura crua com homus, guacamole ou iogurte temperado funcionam como lanches práticos e nutritivos;
- Sucos e vitaminas: combinar cenoura com frutas como laranja, maçã ou manga em sucos naturais mantém o betacaroteno e melhora o sabor;
- Inclusão em pratos quentes: ralada em arroz, feijão, ensopados ou refogados, a cenoura pode passar quase despercebida no sabor, mas manter seus nutrientes;
- Assada ou grelhada: uma alternativa saudável às batatas fritas, a cenoura assada com ervas e azeite é uma opção que agrada muitos paladares jovens.
Tornar os vegetais mais visíveis nas refeições da família, associando sabor e praticidade, é uma forma eficaz de criar hábitos saudáveis desde cedo — com impactos positivos que vão muito além do prato.
O papel da nutrição preventiva na adolescência
A adolescência é uma janela de oportunidade crucial para a formação de hábitos alimentares que podem perdurar por toda a vida.
É também um período marcado por intensas transformações hormonais, cognitivas e emocionais. Por isso, a nutrição preventiva ganha destaque como uma ferramenta essencial de promoção da saúde física e mental.
A pesquisa sueca apontou que o consumo adequado de antioxidantes, como o betacaroteno, está associado a uma redução dos sintomas psicossomáticos. Isso inclui desde dores corporais de origem emocional até quadros de ansiedade leve a moderada.
Além disso, a deficiência de nutrientes importantes, como a vitamina A (derivada do betacaroteno), pode comprometer:
- A função imunológica;
- O desenvolvimento neurológico;
- A regulação do humor.
Mesmo em países desenvolvidos, como a Suécia, foi observada uma defasagem na ingestão de micronutrientes — especialmente entre as meninas.
Assim, estimular o consumo de vegetais ricos em betacaroteno é mais do que uma sugestão dietética: trata-se de um investimento estratégico na saúde emocional e no desenvolvimento integral do jovem.
A alimentação é um dos pilares mais poderosos — e muitas vezes negligenciados — da saúde mental. A nova evidência científica reforça aquilo que muitos profissionais da saúde já observavam na prática: o que os jovens comem influencia diretamente como eles se sentem, pensam e se comportam.
Com um estilo de vida cada vez mais acelerado, conectado e cercado por alimentos ultraprocessados, estimular o retorno a alimentos naturais, como a cenoura, é uma forma de recuperar o equilíbrio.
Além de ser acessível, versátil e rica em nutrientes, ela carrega um potencial preventivo importante para condições como ansiedade, estresse e baixa autoestima.
Por fim, é fundamental que famílias, escolas e profissionais da saúde trabalhem juntos para promover uma educação alimentar baseada em evidências e que respeite as particularidades da adolescência. Ensinar os jovens a cuidarem de sua alimentação é também ensinar autocuidado, autonomia e equilíbrio.
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