Hospital apresenta técnica de regeneração de tecidos com tecnologia de bioimpressão 4D

Uma técnica de regeneração de tecidos inovadora no país, usada em dois procedimentos cirúrgicos em pacientes com lesões graves, foi apresentada nesta quarta-feira (27). O Hospital Nove de Julho, na cidade de São Paulo, divulgou a técnica com uma bioimpressora 4D que, em 30 minutos, sintetiza o tecido usado para repor a região lesionada a partir das células-troncos do próprio paciente.

Aprovados pela ANVISA, o equipamento e kit de tratamento são usados por órgãos como o FDA (EUA) e pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA). A técnica é para o tratamento em lesões de pele e feridas mais complexas, como úlceras do pé diabético, bem como queimaduras e câncer de pele. Logo, por utilizar material genético autólogo, ou seja, do próprio paciente, o risco de rejeição ao enxerto é menor do que com outro tipo de material.

“O potencial desta inovação é enorme. A reabilitação e a qualidade da regeneração são muito vantajosas para os pacientes, que recuperam a qualidade de vida”, afirma o diretor geral do Hospital Nove de Julho, Bruno Pinto.

Regeneração de tecidos por bioimpressão

Os primeiros pacientes submetidos ao procedimento, um apresentava perfil clínico com lesões graves decorrentes de pé diabético, uma complicação comum da doença e o outro, vítima de acidente de trânsito com feridas complexas na pele.

pesquisa sobre regeneração de tecidos
A bioimpressora usada em regeneração de tecidos (Foto: Divulgação)

Primeiramente, após a limpeza do tecido lesionado, um software faz uma imagem da região afetada e envia para a bioimpressora. Então, as células-tronco do paciente são microfiltradas a partir de amostras do tecido adiposo da região abdominal do paciente. O material é retirado por lipoaspiração e misturadas com cola natural de fibrina. A máquina, instalada dentro do centro cirúrgico, sintetiza o tecido formando uma base que receberá as células-tronco do paciente. Finalmente, o novo tecido, construído em camadas sobrepostas, fica pronto em cerca de 30 minutos para o enxerto. Porém, o período de cicatrização dura cerca de 30 dias.

“Apesar de o processo parecer simples, essa tecnologia abarca muitos avanços de última geração da medicina e da ciência. Ela une biotecnologia de alta qualidade com recursos computacionais e de inteligência artificial de ponta”, comenta o Dr. Heron Werner. Ele é coordenador do Biodesign Lab, uma parceria da Dasa com a PUC-Rio que desenvolve pesquisa com bioimpressão, inteligência artificial e metaverso na saúde, por exemplo. Entre os projetos coordenados por ele está a criação de modelos 3D virtuais e físicos para simulação de procedimentos médicos e auxílio em diagnóstico.

Regeneração de tecidos em 30 dias

Sobretudo, a nova tecnologia reduz drasticamente o tempo de tratamento para 30 dias. Em contrapartida, as feridas tratadas de forma convencional passam por seis meses de terapia, aproximadamente, com resultados não tão favoráveis. Além disso, o paciente passa por longos períodos sem um resultado efetivo, com internações prolongadas e de alto custo.

“Essa é uma tecnologia de ponta, inovadora, e que vai ajudar milhares de pessoas. Agora vamos evitar muitas amputações, principalmente em pacientes portadores de pés diabéticos e com feridas de difícil tratamento”, explica Dr. Maurício Pozza, sócio-proprietário da 1000Medic, empresa responsável por trazer a tecnologia para o Brasil.

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