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Seu filho pode ter problemas de visão e você não percebeu; veja os sinais e sintomas de alerta
Os sinais de problema de visão em crianças podem passar despercebidos por pais e professores, mas têm grande impacto no aprendizado e no desenvolvimento dos pequenos.
O início do ano letivo marca o retorno às salas de aula e reforça a importância de cuidar da saúde ocular dos alunos.
De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), cerca de 20% das crianças em idade escolar apresentam algum problema de visão.
Entre os mais comuns estão miopia, hipermetropia e astigmatismo. Essas condições podem afetar diretamente o desempenho escolar, já que grande parte do aprendizado depende da visão.
Muitas crianças não percebem que enxergam mal, pois nunca tiveram outra referência.
Por isso, é essencial que pais e educadores fiquem atentos a sinais como aproximação excessiva de livros e telas, dores de cabeça frequentes e dificuldade para enxergar o quadro na escola.
Para entender melhor essa questão, conversamos com o oftalmologista Marco Antônio Félix Filho, que explicou os principais sinais de alerta e reforçou a importância do acompanhamento oftalmológico desde os primeiros anos de vida.
Problemas de visão podem afetar o desempenho escolar
Segundo o especialista, muitas crianças enfrentam dificuldades na escola sem que os pais ou professores percebam que a causa pode estar nos olhos.
“Se a criança não enxerga bem, ela não consegue acompanhar as aulas da mesma forma que os colegas. Isso pode levar a uma queda no rendimento, falta de interesse e até mesmo desmotivação“, explica o oftalmologista Marco Antônio Félix Filho.
Os problemas de visão podem ser confundidos com transtornos de aprendizado, como déficit de atenção.
“Uma criança que tem dificuldade para copiar o conteúdo do quadro ou que se distrai com facilidade pode, na verdade, estar apenas com um erro de refração que precisa ser corrigido“, alerta o médico.
Outro ponto importante é que crianças com dificuldades visuais podem evitar atividades que exigem esforço ocular, como ler, desenhar ou até mesmo brincar ao ar livre.
“Muitas vezes, a criança não reclama porque acha que todo mundo enxerga da mesma maneira que ela. Por isso, os pais precisam observar o comportamento dos filhos e buscar ajuda especializada se notarem algo diferente“, reforça.
Estrabismo e ambliopia: sinais que não podem ser ignorados
Além dos erros refrativos mais comuns, como miopia e hipermetropia, o oftalmologista Marco Antônio Félix Filho destaca que alguns problemas visuais são mais evidentes e exigem atenção imediata.
“O estrabismo, que é quando um dos olhos fica desalinhado, é um sinal de alerta importante. Pode indicar que há um problema mais sério em um dos olhos, que precisa ser tratado o quanto antes“, explica.
O médico também chama atenção para a ambliopia, conhecida como “olho preguiçoso”.
Esse problema ocorre quando um dos olhos não se desenvolve corretamente devido à falta de estímulo visual causada por uma ametropia (como miopia, hipermetropia ou astigmatismo) ou um grau elevado que não foi corrigido com óculos, lentes de contato ou outros métodos.
“Se não tratado até os sete/oito anos de idade, a ambliopia pode causar uma deficiência permanente na visão do olho afetado“, alerta.
O especialista destaca que a única forma de evitar esse tipo de complicação é através de exames oftalmológicos regulares.
“O ideal é que toda criança passe pela primeira avaliação oftalmológica ainda no primeiro ano de vida, para detectar possíveis problemas congênitos. Depois disso, os exames devem ser feitos anualmente ou conforme orientação médica“, recomenda.
Quando é indicada avaliação oftalmológica: sinais e sintomas de problemas visuais
Como muitas crianças não conseguem expressar que têm dificuldades para enxergar, os pais precisam ficar atentos aos sinais e sintomas de problemas de visão.
Sintomas (o que a criança sente e pode relatar):
- Dor de cabeça frequente;
- Sensação de cansaço visual;
- Sensibilidade à luz (fotofobia);
- Visão embaçada ou dupla.
- Sinais (o que os pais e professores podem observar):
- Aproximar muito os olhos de livros, cadernos e telas;
- Dificuldade para enxergar o quadro na escola ou copiar conteúdos corretamente;
- Lacrimejamento excessivo;
- Piscar constantemente ou esfregar os olhos com frequência;
- Falta de interesse por atividades que exigem esforço visual, como leitura e desenho.
“Se a criança apresentar qualquer um desses sinais ou sintomas, é fundamental levá-la ao oftalmologista para uma avaliação. Quanto mais cedo o problema for detectado, mais fácil será o tratamento“, afirma Félix Filho.
A epidemia da miopia e os desafios da vida digital
Um problema que vem crescendo entre crianças e adolescentes é a miopia progressiva, causada, entre outros fatores, pelo excesso de tempo em telas e a pouca exposição à luz natural.
“Hoje vivemos uma verdadeira epidemia de miopia. O uso prolongado de celulares, tablets e computadores, combinado com menos tempo ao ar livre, tem aumentado os casos desse problema“, explica o especialista.
A miopia faz com que a criança tenha dificuldade para enxergar de longe, prejudicando a visão em sala de aula.
“O problema é que, se não controlada, a miopia pode avançar muito e aumentar o risco de complicações no futuro“, assegura o médico.
Felizmente, existem formas de frear esse avanço.
“Além do uso de óculos adequados, algumas medidas podem ajudar a conter a progressão da miopia, como colírios específicos e lentes especiais. Mas o mais importante é incentivar hábitos saudáveis, como brincar ao ar livre e limitar o tempo de tela“, finaliza o oftalmologista Marco Antônio Félix Filho.
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