Quem tem pressão alta pode tomar castanha-da-índia? A resposta não é tão simples como parece

Quem tem pressão alta pode tomar castanha-da-índia sem preocupação? Essa é uma dúvida comum entre quem busca alternativas naturais para melhorar a circulação sanguínea.

A castanha-da-índia, conhecida cientificamente como Aesculus hippocastanum, ganhou popularidade por seus efeitos benéficos no tratamento de varizes, inchaço nas pernas e problemas circulatórios. No entanto, quando o assunto é pressão arterial, será que esse remédio natural é seguro?

Se você está considerando incluir a castanha-da-índia na sua rotina, mas não sabe se ela é compatível com sua pressão arterial, continue lendo. Aqui, no SaúdeLAB, vamos esclarecer todas as dúvidas com informações baseadas em evidências científicas e orientações médicas confiáveis.

O que é a castanha-da-índia?

A castanha-da-índia é uma árvore originária dos Balcãs e da Ásia Ocidental, mas seu uso se espalhou por diversas partes do mundo devido às suas propriedades medicinais.

Seu fruto, que lembra uma noz, contém uma semente rica em compostos ativos, sendo o mais conhecido a escina – uma substância com potente ação anti-inflamatória e venotônica (que fortalece as veias).

Na medicina tradicional, a castanha-da-índia é amplamente utilizada para:

• Melhorar a circulação sanguínea, especialmente em casos de insuficiência venosa crônica.
• Reduzir inchaço e desconforto nas pernas, comum em quem passa muito tempo em pé ou sentado.
• Auxiliar no tratamento de varizes e hemorroidas, graças ao seu efeito vasoprotetor.

Apesar desses benefícios, seu uso exige atenção, especialmente por quem tem condições cardiovasculares pré-existentes, como a hipertensão.

Benefícios da castanha-da-índia para a saúde

A castanha-da-índia é reconhecida por seus múltiplos benefícios, especialmente no sistema circulatório. Seu principal composto ativo, a escina, age fortalecendo as paredes dos vasos sanguíneos e melhorando o fluxo venoso. Mas quais são exatamente esses efeitos?

Melhora da circulação sanguínea

A escina tem uma ação vasoprotetora, o que significa que ajuda a reduzir a fragilidade dos capilares e veias. Isso é especialmente útil para quem sofre com má circulação, sensação de peso nas pernas e até mesmo varizes.

Estudos mostram que o extrato de castanha-da-índia pode aumentar a resistência vascular e reduzir o extravasamento de líquidos para os tecidos, diminuindo o inchaço.

Redução de inchaço e insuficiência venosa

Pessoas que ficam muito tempo em pé ou sentadas costumam sofrer com retenção de líquidos e dor nas pernas. A castanha-da-índia ajuda a reduzir o edema (inchaço) por meio de sua capacidade de melhorar o retorno venoso.

Uma pesquisa  demonstrou que pacientes com insuficiência venosa crônica tiveram melhora significativa nos sintomas após o uso do extrato.

Potencial anti-inflamatório e antioxidante

Além de seus efeitos circulatórios, a castanha-da-índia possui propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes. Isso significa que ela pode ajudar a combater processos inflamatórios associados a problemas vasculares e até mesmo proteger as células contra danos oxidativos.

Um estudo  destacou sua eficácia na redução da inflamação em casos de flebite (inflamação das veias).

Mas, apesar desses benefícios, uma dúvida crucial permanece: quem tem pressão alta pode tomar castanha-da-índia sem riscos?

Quem tem pressão alta pode tomar castanha-da-índia?

Esta é a questão que mais preocupa quem tem hipertensão. Afinal, se a castanha-da-índia influencia a circulação, será que ela também afeta a pressão arterial?

Efeitos sobre a pressão arterial

Alguns estudos sugerem que a escina pode ter um leve efeito vasoconstritor, ou seja, ela pode estreitar temporariamente os vasos sanguíneos. Em teoria, isso poderia aumentar a pressão arterial, especialmente em pessoas que já têm hipertensão.

No entanto, outras pesquisas indicam que o principal efeito da castanha-da-índia é na circulação venosa (veias), não necessariamente nas artérias, que são mais relacionadas à pressão arterial.

Uma revisão publicada no British Journal of Clinical Pharmacology mostrou que, embora a escina possa alterar a permeabilidade vascular, seu impacto direto sobre a pressão arterial sistêmica ainda não está totalmente claro.

Isso significa que, em alguns casos, pode haver uma influência, mas não de forma tão significativa quanto se imaginava.

Riscos para hipertensos

O maior problema para quem tem pressão alta está na possível interação com medicamentos anti-hipertensivos. Alguns compostos da castanha-da-índia podem potencializar ou interferir na ação de remédios para controle da pressão, levando a variações perigosas. Além disso, o uso excessivo pode causar efeitos colaterais como:

• Aumento da pressão em pessoas sensíveis.
• Tonturas e desequilíbrio eletrolítico (em casos de abuso do suplemento).

Portanto, o ideal é ter cautela e consultar seu médico sobre a possibilidade ou não de associar a castanha-da-índia. Afinal, quem tem pressão alta pode tomar castanha-da-índia somente com acompanhamento médico, especialmente aqueles com hipertensão descontrolada ou que tomam múltiplos medicamentos – devem evitá-la.

O Consenso Brasileiro de Hipertensão não contraindica explicitamente o uso, mas reforça a necessidade de supervisão médica antes de incluir qualquer suplemento na rotina.

Contraindicações e efeitos colaterais da castanha-da-índia

Apesar de seus benefícios, a castanha-da-índia não é indicada para todos. Alguns grupos específicos devem evitá-la completamente:

• Quem não deve tomar:

Gestantes e lactantes: Não existem estudos suficientes sobre sua segurança durante a gravidez e amamentação.

Pessoas com doenças renais ou hepáticas: O metabolismo dos compostos ativos pode sobrecarregar esses órgãos.

Pacientes que usam anticoagulantes: A castanha-da-índia pode potencializar o efeito de medicamentos como varfarina, aumentando o risco de sangramentos.

Crianças: Não há dados suficientes sobre sua segurança para menores de 18 anos.

• Efeitos adversos mais comuns:

Quando consumida em excesso ou por pessoas sensíveis, pode causar:

• Náuseas e desconforto gastrointestinal
• Dores de cabeça
• Coceira e irritações na pele
• Tontura em casos raros

Vale ressaltar que o consumo da castanha-da-índia crua ou in natura é perigoso, pois contém esculina, uma substância tóxica que pode causar envenenamento. Somente os extratos padronizados e processados corretamente são seguros para uso.

Como usar castanha-da-índia com segurança?

Para quem deseja usufruir dos benefícios da castanha-da-índia sem riscos, é essencial seguir algumas recomendações:

• Formas de consumo disponíveis:

Cápsulas: A forma mais segura e padronizada, com dosagem controlada.

Extrato fluido: Deve ser usado com orientação profissional.

Chá: Não recomendado, pois a preparação caseira não elimina completamente as substâncias tóxicas.

• Dosagem segura:

A quantidade geralmente indicada por especialistas varia entre:

• 100-150 mg de escina por dia (equivalente a 250-300 mg do extrato seco)
• Nunca ultrapassar 600 mg diários do extrato

Recomendação crucial para hipertensos:

Se você tem pressão alta e está considerando o uso da castanha-da-índia:

• Consulte seu cardiologista antes de iniciar o consumo
• Monitore regularmente sua pressão arterial
• Informe seu médico sobre todos os medicamentos que já toma

A castanha-da-índia se mostra um recurso valioso para problemas circulatórios, com comprovados benefícios no tratamento de varizes, inchaço nas pernas e insuficiência venosa. No entanto, para quem tem pressão alta, a questão “pode ou não pode tomar” exige uma resposta cuidadosa.

Embora não exista uma contraindicação absoluta para hipertensos, o potencial de interferência na pressão arterial e a possibilidade de interação com medicamentos exigem precaução. O uso só deve ser considerado sob supervisão médica, com acompanhamento regular.

Se você convive com hipertensão e está interessado nos benefícios da castanha-da-índia, não deixe de conversar com seu cardiologista. Essa simples atitude pode fazer a diferença entre usufruir dos seus benefícios ou enfrentar complicações indesejadas.

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