Odontologia biológica: mitos sobre canal, flúor e tratamentos “naturais” são rebatidos por especialista

Dr. Jamil Shibli aborda os riscos da odontologia biológica e alerta sobre as desinformações que circulam nas redes sociais.

A odontologia biológica tem ganhado espaço nas redes sociais e entre pessoas em busca de tratamentos considerados mais naturais. Mas o que realmente está por trás dessa abordagem?

Para esclarecer o tema, o SaúdeLab conversou com o Dr. Jamil Shibli, especialista em odontologia com formação pela UNESP e atuação internacional em universidades como a University at Buffalo (EUA) e a Universidade de Leuven (Bélgica). Atualmente, é professor nos programas de graduação e pós-graduação da Universidade Guarulhos (UnG) e do Hospital Israelita Albert Einstein.

Na entrevista, o doutor alertou sobre desinformações que têm circulado nas redes, principalmente sobre tratamentos como o uso do flúor, canal, amálgama e implantes de titânio.

A seguir, ele explica o que é mito e o que é verdade quando o assunto é odontologia biológica.

“Odontologia biológica”: o que realmente significa?

Segundo o Dr. Jamil Shibli, o termo odontologia biológica tem sido interpretado de maneiras diferentes por profissionais e influenciadores, mas muitas vezes está associado a uma prática que procura conectar a saúde bucal à saúde geral do corpo.

Em tese, ela priorizaria o uso de produtos mais naturais e menos invasivos.

Contudo, ele faz um alerta importante:

Até hoje, não existe nenhuma evidência científica que comprove essas abordagens como superiores. Então, quando alguém usa o termo ‘odontologia biológica’ para justificar tratamentos que não são baseados em ciência, na verdade está indo contra os princípios que a própria biologia prega.

De acordo com o especialista, é fundamental que o paciente saiba distinguir entre práticas embasadas em ciência e aquelas que apenas se utilizam de termos como “natural” para atrair atenção.

Tratamentos naturais substituem os convencionais?

Um dos principais pontos de conflito entre a odontologia biológica e a odontologia tradicional é a substituição de tratamentos consagrados por alternativas naturais. Essa substituição, no entanto, pode ser perigosa.

É comum ver profissionais que se dizem biológicos sugerirem que tratamentos convencionais são tóxicos ou prejudiciais, e isso é um risco enorme”, explica o Dr. Jamil.

Todos os procedimentos realizados por cirurgiões-dentistas formados e registrados são baseados em ciência, pesquisa e tecnologia. E, muitas vezes, esses tratamentos já usam abordagens naturais dentro do que é cientificamente comprovado.

Para o especialista, o discurso de que tratamentos naturais são automaticamente melhores acaba iludindo pessoas que não têm conhecimento técnico e abre espaço para desinformação.

O flúor é vilão ou aliado na saúde bucal?

Entre os temas mais polêmicos nas discussões sobre odontologia biológica, o flúor é um dos que mais gera dúvidas.

Há quem afirme que ele é prejudicial à saúde e deveria ser evitado. No entanto, a ciência tem uma resposta clara sobre isso.

O flúor é, sim, extremamente benéfico para a prevenção de cáries, principalmente em crianças em fase de formação dos dentes”, afirma o doutor.

Ele destaca que o Brasil é referência mundial na pesquisa sobre o uso do flúor, e menciona o professor Jaime Cury, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (Unicamp), como uma das maiores autoridades no tema.

Claro que qualquer substância usada de forma incorreta pode causar danos, mas quando o flúor é aplicado corretamente, ele é seguro e altamente eficaz”, completa.

Tratamento de canal faz mal?

Outro alvo frequente de críticas em conteúdos ligados à odontologia biológica é o tratamento de canal.

Em algumas postagens, ele é retratado como perigoso e até como causa de doenças graves.

Mas, segundo o Dr. Jamil, essa ideia está completamente equivocada.

O tratamento de canal é justamente o que evita complicações graves. As infecções mais sérias na boca geralmente são resultado de um canal que não foi tratado. Já houve casos de pessoas que morreram por infecções originadas nos dentes, justamente por não terem feito o tratamento adequado”, explica.

Ele reforça que é essencial buscar informações com profissionais qualificados e registrados no Conselho Regional ou Federal de Odontologia.

Você pode consultar se o dentista é realmente especialista na área e verificar suas credenciais. Hoje em dia, isso está acessível para todos.

Amálgama, implantes de titânio e a busca por modismos

A tentativa de seguir práticas consideradas mais naturais também levou à demonização de materiais como o amálgama e os implantes de titânio.

Mas será que essas preocupações têm fundamento?

Sobre o amálgama (material metálico usado em restaurações), o Dr. Jamil explica que ele só deve ser removido se estiver com algum problema técnico — como infiltração ou cárie.

Não se deve retirar o amálgama apenas por precaução. E sim, ele já foi substituído por materiais mais modernos, com melhor adaptação e estética. Por isso, não é mais utilizado rotineiramente.

Já no caso dos implantes, muitos pacientes são influenciados a remover implantes de titânio para substituí-los por modelos de zircônia, sob o argumento de que seriam mais naturais.

Mas o especialista alerta: “Não existe nenhum estudo que comprove que a zircônia é superior ao titânio. Pelo contrário, mecanicamente o titânio é mais resistente. Se o implante está funcionando bem, não há por que trocar.

Informação de qualidade é o melhor tratamento

Diante de tantas informações — e desinformações — circulando, especialmente nas redes sociais, o Dr. Jamil reforça que o caminho mais seguro para cuidar da saúde bucal é se informar por fontes confiáveis.

O papel do profissional de saúde é levar informação de qualidade à população. Se você tiver dúvidas sobre um tratamento ou sugestão que viu na internet, converse com um dentista de confiança. Nada substitui o acompanhamento profissional”, finaliza.

Dr. Jamil Shibli, especialista em odontologia e professor nos programas de graduação e pós-graduação da Universidade Guarulhos (UnG) e do Hospital Israelita Albert Einstein.

Instagram: @jamilshibli

LinkedIn: Jamil Shibli

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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