Ansiedade: sintomas, como controlar e tratamentos

A ansiedade em si é um sentimento natural e comum do ser humano. Uma resposta ao meio em que se vive, frente a determinadas situações. Esse sentimento pode ser considerado, inclusive, um alerta do corpo, ou seja, uma reação frente a situações mais difíceis de se lidar; seja por possíveis “perigos” físicos ou psicológicos. Elas também podem ser consideradas como sentimentos de expectativas e respostas que estão para chegar.

É comum ainda que cada pessoa vivencie diferentes situações de ansiedade, como por exemplo ao falar em público, aguardar por uma data importante – viagens, aniversários e entrevistas, por exemplo -, vésperas de testes e exames. Algumas pessoas passam por esse sentimento de forma mais branda e outras mais intensas. Porém, só é considerada como uma patologia (doença), quando esta altera e compromete a saúde emocional e mental.

Ou seja, a ansiedade ultrapassa os limites da normalidade e chega a fazer com que o indivíduo reaja de forma inadequada aos estímulos do dia a dia. A intensidade e a duração podem variar mas, na maioria dos casos, provocam confusão e distorção da realidade. É comum ainda que a pessoa fique “paralisada” no sentido de não conseguir reagir devido à preocupação e/ou medo extremo diante de situações simples. Quando a ansiedade dura mais tempo do que o habitual, recebe o nome de ansiedade crônica e pode provocar tensões e estresses a níveis elevados e irreais, comprometendo a saúde do organismo.

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Quais os tipos de ansiedade e como se manifestam

De acordo com o relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2019, o Brasil é o primeiro colocado da lista de pessoas que mais sofrem com a ansiedade, no mundo! São 18,6 milhões de brasileiros que vivem com o transtorno, o que representa 9,3% da população.

Como você leu, a ansiedade é um sentimento comum e normal do ser humano. Porém, de acordo com o Manual de Classificação de Doenças Mentais (DSM.IV), quando há uma preocupação excessiva ou expectativa apreensiva, que seja persistente e de difícil controle, com duração de pelo menos seis meses, passa a ser um Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). De forma geral, o TAG provoca inquietação, irritabilidade, perturbação do sono, tensão, fadiga e dificuldade de concentração.

Uma das saídas para quem desenvolve um tipo de ansiedade difícil de lidar e controlar e o Transtorno de Ansiedade Social, no qual a pessoa opta por se isolar para sentir certo alívio. Sair de casa e realizar situações de convivência social passam a ser tão difíceis e o medo toma conta do corpo, até que o isolamento se torna um refúgio. Esse tipo de transtorno pode se agravar a ponto da pessoa não conseguir sair para jantar com os amigos, ir ao supermercado ou mesmo conviver com pessoas “estranhas”.

Portanto, quando os sintomas da ansiedade se manifestam de forma exacerbada, pode-se dizer que a pessoa está passando por uma Crise de Ansiedade no qual os principais sintomas são taquicardia, dificuldade de respiração e controle da mesma, medo excessivo e tremores por todo o corpo. Nestes casos, muitas vezes, as pessoas não conseguem reagir ou até mesmo se movimentarem. Trata-se de um descontrole das emoções diante de situações corriqueiras ou que gerem algum tipo de estresse.

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Ansiedade, depressão e ataque de pânico: são as mesmas coisas?

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Crédito: Pixabay

A resposta é não! Apesar dos três casos são considerados como transtornos emocionais e estarem relacionados com a saúde mental das pessoas, possuem sintomas e tratamentos diferenciados. Mesmo que sejam classificados a partir de disfunções psicológicas que podem causar sofrimento e até mesmo dor física.

Os transtornos mentais acontecem quando há alterações no modo como o pensamento e as emoções são processados e, consequentemente, a forma como o corpo reage diante destas emoções, provocando um tipo de comportamento específico (mesmo que seja o de não conseguir reagir a nada). Agora veja como cada um destes se classifica e as diferenças entre ansiedade, depressão e crise de pânico:

  • Ansiedade: acontece quando há preocupação e medo extremos diante de situações simples e rotineiras. Os sintomas físicos podem atrapalhar atividades cotidianas e são difíceis de serem controlados.

A duração é de pelo menos 6 meses e podem vir acompanhada de pelo menos 3 sintomas como: dificuldade de concentração; fadiga; perturbação do sono; irritabilidade; inquietação e tensão muscular.

Os sintomas psicológicos podem ser de sensação de algo ruim vai acontecer e até mesmo dificuldade de esquecer algum problema. Já os sintomas físicos variam de dor e aperto no peito, suor, tremor a até mesmo boca seca.

  • Depressão: trata-se de uma doença psiquiátrica e considerada crônica. Ela é caracterizada pela tristeza que não passa. Diferente daquela sentida por todos, natural quando algo ruim acontece. O ponto é que este mal-estar emocional acontece sem nenhum motivo aparente e, não passa.

Os sintomas da depressão mais comuns são a insônia, desânimo e fadiga; além de irritabilidade, ansiedade e angústia. Há também a falta de capacidade de sentir alegria e prazer, assim como desinteresse e falta de motivação. Pode gerar pensamentos suicidas, sensação de inutilidade, fracasso, pessimismo, culpa e baixa autoestima. Há relatos ainda de dificuldades no desempenho sexual, perda ou aumento de apetite e peso.

  • Crise do Pânico: também conhecida como síndrome do pânico, acontece quando há um agravamento da ansiedade. Ou seja, surgem crises repentinas, sentimento de ansiedade aguda, medo e desespero a nível aterrorizante. Pode causar sentimentos extremos como medo de perder o controle da vida; medo de enlouquecer e até mesmo medo de ter um ataque cardíaco.

Um dos sintomas mais comuns da crise do pânico é o medo de sair de casa ou estar em locais públicos. Trata-se da fobia social (agorafobia) em que há o medo de conseguir “escapar” de forma fácil e rápida. Há ainda a sensação constante de perigo; medos variados; palpitações e taquicardia; calafrios ou ondas de calor; náusea; vômito; tremores; tontura; desmaio; dores de cabeça e até mesmo dificuldade para engolir.

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22 Sintomas de ansiedade: psicológicos e físicos

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Crédito: Pixabay

Quando a ansiedade saudável passa a ser um Transtorno de Ansiedade Generalizada (ou outro transtorno similar) pode ser identificada a partir de sintomas psicológicos e físicos, que chegam a atrapalhar a rotina das pessoas. Conheça quais são os mais comuns:

Sintomas psicológicos da ansiedade

  • Tensão e nervosismo constante;
  • Sensação de que algo ruim vai acontecer ou está acontecendo;
  • Dificuldade de concentração, até mesmo para tarefas simples;
  • Medo constante (muitas vezes irracional ou exagerado);
  • Pensamento obsessivo por determinadas situações (ou consequências);
  • Descontrole sobre o pensamento e dificuldade de esquecer um problema;
  • Preocupação exacerbada e que não condiz com a realidade;
  • Problemas para dormir (perturbações do sono);
  • Perfeccionismo (necessidade de alto desempenho em tudo);
  • Irritabilidade elevada;
  • Desejo compulsivo alimentar (mesmo sem fome ou necessidade de comer);
  • Agitação das pernas e braços (constantemente).

Sintomas físicos da ansiedade

  • Dor/Aperto no peito, com ou sem taquicardia (aumento das batidas do coração);
  • Falta de ar, dificuldade para respirar ou respiração ofegante;
  • Transpiração excessiva (muito suor);
  • Tremores por todo o corpo, principalmente nas mãos e pernas;
  • Mãos e pés frios ou mesmo suados;
  • Náusea e, eventualmente, vômitos;
  • Boca seca;
  • Tensão muscular (provoca dores intensas);
  • Problemas digestivos e/ou gastrointestinais;
  • Dor de barriga ou diarreia.

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Ansiedade tem cura? Como controlar e quais os tratamentos

A ansiedade crônica, como explicada e classificada como o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), não tem cura. Entretanto, o estado de ansiedade, sim. Desta forma, é possível afirmar que o transtorno ou as crises são controláveis. Portanto, o tratamento para ansiedade é possível e indicado, principalmente, para aquelas pessoas que sofrem com esse problema. Desta forma, controlando as crises, fica muito mais fácil de manter a rotina e os compromissos do dia a dia.

O primeiro passo, para saber se será necessário realizar algum tipo de tratamento, é preciso fazer o diagnóstico de ansiedade. Não existem exames clínicos que possam confirmar o TAG. Porém, como muitos dos pacientes possuem sintomas físicos, os médicos podem realizar determinados exames que ajudam a descartar outras doenças que estejam relacionadas, por exemplo, com a taquicardia ou falta de ar.

Também há possibilidade de relacionar com hipertireoidismo. Ou então, verificar se os medicamentos já utilizados para tratar outras doenças, estão provocando algum tipo de estado de ansiedade. A partir daí, com o descarte de outras doenças, é possível dar o diagnóstico de ansiedade de forma assertiva.

Como controlar a ansiedade em momentos de crise

Uma vez que a ansiedade é algo comum a todos os seres humanos, existem algumas situações que podem desencadear transtornos crônicos ou mesmo momentâneos. Para ambas situações, é possível controlar a ansiedade para evitar crises, ou então para conseguir sair de uma crise. Conheça algumas das melhores dicas e estratégias que vão ajudar a aliviar este sentimento no dia a dia:

  • Relaxamento: existem diversas técnicas de relaxamento com respiração profunda diafragmática, que tem por intuito reduzir a pressão arterial e desacelerar a frequência cardíaca. Desta forma, reduz o estresse associado à ansiedade. Isto também ajuda a relaxar o corpo e a mente, para acalmar.
  • Mindfulness, Meditação e Yoga: para quem ainda não conhece o que é mindfulness, de forma simples e objetiva, pode ser explicada como a prática de estar consciente, sem julgamento, pensando apenas no presente. Ou seja, controlar e trabalhar a mente para que ela aprenda a não remoer situações passadas ou a se preocupar e ter medo de coisas futuras. Já a meditação e a prática de Yoga podem ajudar a relaxar o corpo e a mente, novamente, para que ele não entre em crise de ansiedade. Ou mesmo para controlar diante de uma situação que esteja a provocar este tipo de estresse e sentimento de ansiedade.
  • Hábitos saudáveis: essa dica é para ter uma vida plena, em todos os sentidos. Praticar exercícios, manter uma alimentação saudável, descansar e cuidar da mente e do corpo. Essa é uma das melhores estratégias para prevenir o estresse, assim como sentimentos de ansiedade, que podem se transformar em Transtorno de Ansiedade Generalizada. Os exercícios, por exemplo, ajudam a reduzir os hormônios do estresse, assim como aumentam o do humor. Você pode, por exemplo, começar a correr ou mesmo fazer caminhada para começar a se exercitar.
  • Identificação dos gatilhos: é muito importante conhecer o próprio corpo e como ele reage diante de determinadas situações. Portanto, observe e tente refletir quais são os tipos de situações que intensificam o sentimento de ansiedade e, que de alguma forma, são gatilhos para as crises. Desta forma, você também conseguirá determinar a hora de começar as técnicas e dicas para ajudar a controlar a ansiedade.
  • Apoio dos amigos e/ou familiar: não é vergonhoso contar para a família que você sofre algum tipo de transtorno, como é o caso da ansiedade. Portanto, conte a eles o que acontece com você e os conscientize das possibilidades de te ajudar, durante situações que causem algum tipo de estresse ou desconforto. Ter com quem conversar, desabafar ou até mesmo para fazer uma companhia silenciosa podem ser estratégias eficientes para controlar a ansiedade.

Tratamentos para ansiedade: terapias ou medicamentos?

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Crédito: Pxhere

Não existe uma regra específica e cada caso é único. Para algumas pessoas, algum tipo de terapia já é suficiente para tratar o problema. Em outros casos pode se fazer necessário o uso de algum tipo de medicamento, seja ela farmacológico ou natural. Também existe a possibilidade de combinar esses dois tipos de tratamento para ansiedade.

Por isso o indicado é buscar ajuda profissional, seja com o seu médico de confiança para que ele dê o diagnóstico e proponha as alternativas mais adequadas. Você também pode começar com a ajuda de um psicólogo e, no caso de ser necessário, ele pode encaminhar para um psiquiatra, para que, com o acompanhamento correto, faça a introdução de algum medicamento.

  • Tipos de terapia para ansiedade: existem algumas abordagens que são recomendadas para o tratamento da ansiedade com base em terapias, como é o caso de: psicanálise freudiana; psicanálise junguiana; psicanálise lacaiana; gestalt; terapia cognitivo-comportamental; terapia cognitivo-construtivista; terapia reichiana; analítico comportamental; método do psicodrama; método EMDR ou até mesmo terapias de grupo. O ideal é ler e se informar sobre cada uma das opções e ver qual a que você mais se identifica, para tratar o transtorno. O médico terapeuta, psicólogo ou psiquiatra também podem te ajudar na escolha do melhor tratamento.
  • Medicamento para ansiedade: existem diversos medicamentos (sob prescrição médica) que ajudam no tratamento da ansiedade. Dentre os mais comuns e utilizados estão: antidepressivos; ansiolíticos e antipsicóticos. Eles podem ser: Alprazolam; Buspirona; Bromazepam; Clonazepam; Cloxazolam; Diazepam; Fluoxetina; Hidroxizina; Lorazepam; Mirtazapina; Paroxetina; Risperidona; Sertralina; Trazodona e Venlafaxina.
  • Remédios naturais para ansiedade: existem algumas plantas que podem ajudar, no sentido de complemento ao tratamento da ansiedade. Eles não são substitutos. Portanto, não deixe de consultar o médico especialista. Entre os mais comuns e que ajudam estão: chá de folhas de maracujá; chá de camomila; alface; passiflora; Kava-Kava; Valeriana e Lúpulo. Podem agir como calmante nas horas de crise.
  • Meios alternativos: você sabia que existem alguns aplicativos que podem te ajudar nessa missão de controlar a ansiedade no dia a dia? Alguns dos mais conhecidos e gratuitos são: Sanvello (iOSAndroid e Web); MindShift (Android e iOS) e HeadSpace (iOS e Android).

Como ajudar alguém com crise de ansiedade (ou crise do pânico)?

O primeiro passo, caso você conheça alguém que sofre com algum tipo de transtorno é incentivá-la a buscar pela ajuda profissional, seja médica, psiquiátrica ou mesmo para realizar alguma terapia com psicólogos ou profissionais capacitados. Também é importante saber escutar e estar disposto a conversar sobre seus medos e preocupações. Lembre-se que, para você pode não parecer relevante, mas para essa pessoa é sim. Não critique, apenas aprenda a ouvir e apoiar!

No caso de presenciar uma crise, o mais indicado é: não deixe esta pessoa sozinha e tente acalmá-la, no sentido de pedir que ela respire fundo e devagar. Para algumas pessoas, já é suficiente este tipo de orientação. Em caso de estar no trânsito, encoste o carro em algum local seguro e o deixe com a devida sinalização (pisca alerta caso seja necessário). Em locais públicos, busque por um espaço aberto e que seja calmo para que esta pessoa possa se recompor. Sempre com a mesma dica de respirar fundo.

Se achar necessário, vá com a pessoa para um centro de atendimento médico ou hospital. Se for o caso, pronto-socorro. É melhor pecar pelo excesso do que a situação piorar e levar a algum tipo de consequência. Com o tempo, a própria pessoa aprenderá quais são os melhores métodos para acalmar, assim como também conseguirá sentir quando está para acontecer uma crise. Enquanto isso, ajude-a e oriente da melhor maneira possível, sempre com bastante calma.

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Elizandra Civalsci Costa
Elizandra Civalsci Costa

Farmacêutica (CRF MT n° 3490) pela Universidade Estadual de Londrina e Especialista em Farmácia Hospitalar e Oncologia pelo Hospital Erasto Gaertner. - Curitiba PR. Possui curso em Revisão de Conteúdo para Web pela Rock Content University e Fact Checker pela poynter.org. Contato (65) 99813-4203

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