Dieta da USP: Todos os Benefícios e Malefícios

A polêmica sobre a dieta da USP iniciou-se nos anos 90, mas continua até hoje.

Ainda que a famosa Universidade de São Paulo não se posicione como autora dessa dieta, tampouco a endosse, esse processo de emagrecimento permanece como um dos preferidos de quem busca perder peso rápido.

Mas como funciona exatamente a dieta da USP original? Quais são suas vantagens, desvantagens e quais são as suas variações ao longo de mais de duas décadas de existência? Será que seguir os procedimentos desse processo de perda de peso realmente traz resultados sem prejudicar a saúde?

Se você faz parte do grupo de pessoas que quer emagrecer a qualquer custo, ou mesmo se é um curioso sobre o mundo das dietas, este artigo é para você. A seguir iremos falar tudo que há para falar sobre a dieta da Universidade de São Paulo, de modo a esclarecer todas as dúvidas que possam existir sobre seu funcionamento!

Dieta da USP original

Os profissionais de saúde da Universidade de São Paulo jamais confirmaram que foram eles os responsáveis por criar essa famosa e polêmica dieta. Desde os anos 90, então, muito tem se falado sobre esse processo de emagrecimento, principalmente sobre sua origem.

O que nos interessa, entretanto, é sobre como funciona a tal dieta. Em primeiro lugar é preciso que você saiba que essa dieta é hipocalórica. Isso significa que ela prega consumo bastante baixo de calorias diárias. Há, aliada às poucas calorias, um corte quase completo dos carboidratos. Você deverá se dedicar à ingestão de proteínas e de gorduras.

A promessa realizada por essa dieta é de uma perda de peso de até 14 quilos em duas semanas. É uma média incrível de 1 quilo perdido por dia, a depender de cada organismo e da maneira como as pessoas seguem a dieta.

Por que e como a dieta da USP ajuda a emagrecer

Os dois motivos principais do emagrecimento acelerado causado por essa dieta são bastante simples de serem compreendidos. Por um lado, você ingere muito menos calorias do que deveria, ficando mesmo abaixo do necessário para manter o corpo em bom funcionamento.

Em um segundo momento, a eliminação quase completa de carboidratos inicialmente faz com que o corpo perca muitos líquidos e desinche. Isso é uma garantia inegável de que você irá emagrecer rápido e com eficiência.

Riscos e consequências da dieta da USP original

Quando você faz uma dieta restritiva como a da USP, é fortemente recomendado que não faça atividades físicas de alta intensidade. Não ingerir ou ingerir poucos carboidratos fará com que você acabe perdendo massa magra. Com a eliminação da massa magra, você perde energia, o que pode causar tonturas e até desmaios.

Outra consequência complicada da dieta da USP é que ela não privilegia as fibras. Há uma ingestão maior de lanches proteicos. Sem muitas fibras, você terá problemas de má digestão, como constipação, o que pode contribuir para a manutenção do peso.

Como dá para ver, a dieta da USP não é exatamente um processo de emagrecimento que levará você a reeducar sua alimentação. Não há uma mudança de hábitos, que é a grande responsável por perder peso com saúde e de forma a manter os quilos a mais longe de você.

Tenha em mente que essa dieta é apenas perda de líquidos e de massa muscular. A gordura continua lá, praticamente intacta. É por esse motivo que após os 14 dias da dieta você tem grandes chances de voltar a recuperar os quilos perdidos. E, o que é pior, visto que é uma dieta restritiva, há possibilidade de você desenvolver compulsões alimentares perigosas.

Veja abaixo algumas consequências ruins da dieta da USP:

Mau hálito

Como ocorre com muitas dietas low carb, tendo como exemplo a cetogênica, o jejum (ou jejum intermitente) ou ainda a baixa ingestão de alimentos faz com que o hálito fique terrível. E a grande responsável por isso é a falta de glicose. Sem a energia fornecida por alimentos como os carboidratos, por exemplo, o corpo vai recorrer aos ácidos graxos.

A quebra das células de gordura liberam os corpos cetônicos, que mantém na respiração e na boca um cheiro muito semelhante ao da acetona. E, como todos sabem, esse cheiro não é dos melhores.

Dores de cabeça

A ausência de carboidratos em sua dieta só vai lhe fazer mal. Depois de 24 horas sem esse nutriente, você até aguenta bem. No segundo, há fraqueza, enquanto no terceiro vêm dores de cabeça insuportáveis, tonturas e sensação de que vai desmaiar.

Isso ocorre porque a ausência de carboidratos faz com que o corpo elimine muitos líquidos. A redução dos líquidos no corpo diminui o transporte de oxigênio para todas as células, resultando em dores de cabeça.

Ansiedade, irritação e mau humor

Toda dieta restritiva causa problemas psicológicos e de ansiedade. Primeiro porque você se priva de comer as coisas que mais gosta. Você as outras pessoas na rua ingerirem aquilo que mais lhe apetece, o que origina pensamentos que o levam a pensar a desistir.

O desejo de chegar até o fim e de ver resultados gera uma ansiedade perigosa. Você começa a focar demais no assunto “comida”, gerando a liberação do cortisol, o hormônio do estresse. Estressado e de mau humor, há muito poucas chances de você querer continuar sua dieta.

Além disso, na maioria dos casos você não para apenas a dieta, mas sim começa a comer de forma compulsiva para compensar e aplacar sua ansiedade. Tudo isso, aliado à produção de cortisol, causa tonturas, confusão mental, dificuldade de tomada de decisão e de memória. Esse hormônio ainda favorece o armazenamento de gordura.

Queda de cabelo com a dieta da USP

De nada adianta você cuidar diariamente dos seus cabelos se estiver em uma dieta restritiva como a dieta da USP. Uma perda de peso muito rápida e acentuada faz com o corpo pare de dar atenção a funções e situações “secundárias”. O organismo focará sua atenção em manter suas funções vitais em dia e perfeitas, fazendo com que os fios, por exemplo, deixem de crescer com saúde.

Essas consequências costumam aparecer de três a quatro meses depois da prática da dieta, mas elas certamente irão se manifestar em algum momento. Você até pode utilizar técnicas “milagrosas” para manter os fios saudáveis e fortes, contudo saiba que isso pode não adiantar.

Fome constante

A fome constante e incontrolável que aparece quando você entra em uma dieta restritiva não é um comando do Universo para lhe punir. Na verdade, é mais uma questão biológica e até evolutiva. Sempre que o seu corpo reduz drasticamente a ingestão de calorias, o organismo ativa a fome, em uma tentativa de fazer você comer e sobreviver por mais tempo.

Todas as dietas, sejam restritivas ou não, reduzem o hormônio da saciedade, a leptina, mas aumentam a grelina, o hormônio da vontade de se alimentar. Ainda assim, quanto maior a restrição calórica, maior será a fome que irá lhe atacar!

Efeito sanfona

Por fim, o temível efeito sanfona. É muito mais comum do que imaginamos isso de perder muito peso em pouco tempo para, logo em seguida, recuperar tudo em uma questão de dias. Infelizmente isso é ainda mais normal e recorrente em dietas de alta restrição calórica. Esse fenômeno, no entanto, é facilmente explicável.

Em primeiro lugar você deve ter em mente que o corpo reduz drasticamente o metabolismo e entra no modo “economia de energia” quando percebe uma baixa ingestão calórica. É como se ele entendesse que você ficará dias, semanas ou meses sem voltar a se alimentar direito.

O efeito sanfona ocorre justamente porque ao final da dieta o corpo ainda está com o metabolismo reduzido. Todas as calorias são vistas como excesso e são armazenadas como gordura. Aliás, as chances de você ficar com mais peso e mais gordura do que antes da dieta são enormes!

Essas dietas como a da USP diminuem quase ao extremo a quantidade de massa magra, os músculos. Conforme você pede a massa muscular, mais gordura você armazena e menos caloria perde.

Vale a pena fazer a dieta da USP original?

A dieta da Universidade de São Paulo não é polêmica à toa. Embora haja diversos comentários e depoimentos a respeito da eficácia desse método de emagrecimento, ela não é de todo benéfica. Na verdade, se pesarmos os prós e contras, veremos que há mais motivos para não segui-la do que para segui-la.

Uma dieta alimentar precisa estar relacionada, acima de tudo, a dois fatores primordiais: reeducação alimentar e promoção da saúde. O emagrecimento devido a uma dieta restritiva, no entanto, não contempla esses dois fatores.

No caso da dieta da USP, não há qualquer ligação com uma reeducação da sua alimentação. Você simplesmente corta quase por completo os carboidratos e adiciona verdadeiras bombas de proteína e de gordura. Não há uma tentativa, por parte do plano da dieta, de mudar seus hábitos alimentares, visto que ela dura apenas 14 dias no máximo. Depois tudo volta ao normal.

A não reeducação alimentar está intimamente ligada a não promoção de saúde. Como visto acima, as consequências negativas dessa dieta são muitas. E todas elas prejudicam e muito seu corpo e seu psicológico.

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Dieta da sopa da USP

Uma das variações da dieta da Universidade de São Paulo é a da sopa. A dieta da sopa, assim como ocorre com a dieta do ovo, é incluir o alimento pelo menos duas vezes por dia em seu cardápio. Você praticamente zera o consumo de carboidratos, dando preferência a legumes, cozidos ou não, a carnes e a outras fontes de proteína.

Essa versão da dieta é ainda mais restritiva, visto que as sopas não costumam ser muito calóricas. As massas e as batatas, elementos comuns a pratos desse tipo, são inteiramente cortados. O ideal, portanto, é que faça pratos de sopa repletos de verduras e de carnes, de modo que ingira as poucas calorias que precisa, mas sem carboidratos.

Cardápio da dieta da USP

Uma breve procura na internet vai lhe revelar que há uma nova dieta da USP, totalmente reformulada em relação à original, mas saiba que ela continua sendo igual àquela divulgada nos anos 90. O cardápio, tanto da primeira dieta quanto das atuais, continua restritivo e de emergência, ou seja: é feito para perda de peso excessiva, massiva e rápida, mas sem qualquer saúde.

Se você, apesar de todos os alertas e recomendações quiser tentar seguir a dieta mesmo assim, nós disponibilizamos um cardápio abaixo. Confira sete dias da dieta. Na segunda semana, basta repitir os pratos!

Primeiro dia

  • Café da manhã: apenas um cafezinho preto, sem açúcar e sem adoçante;
  • Almoço: um omelete ou dois ovos cozidos;
  • Jantar: salada verde, com alface, rúcula e pepino à vontade.

Segundo dia

  • Café da manhã: café preto e uma bolacha de água e sal;
  • Almoço: um bife de carne vermelha e uma porção de salada verde;
  • Jantar: fatias de peito de peru light à vontade.

Terceiro dia

  • Café da manhã: um iogurte natural light e sem sabor;
  • Almoço: dois pães tostados, dois ovos cozidos e uma salada de alface com tomate;
  • Jantar: a mesma salada do almoço, com presunto por cima;

Quarto dia

  • Café da manhã: bolacha água e sal e chá verde;
  • Almoço: queijo minas à vontade e salada de cenoura com beterraba;
  • Jantar: iogurte natural misturado à salada de fruta.

Quinto dia

  • Café da manhã: ovos mexidos com presunto;
  • Almoço: quatro bifes de frango grelhados;
  • Jantar: salada de tomate, de cenoura, de beterraba e de rúcula à vontade.

Sexto dia

  • Café da manhã: café preto e bolachas de água e sal;
  • Almoço: filés de peixe temperados com limão à vontade;
  • Jantar: omelete com salada verde;

Sétimo dia

  • Café da manhã: iogurte natural sem açúcar;
  • Almoço: qualquer carne grelhada;
  • Jantar: salada verde com atum.

Fonte bibliográfica:

Walker KZ and O’Dea K. Is a low fat diet the optimal way to cut energy intake over the long-term in overweight people? Nutr Metab Cardiovac Dis 2001;11:244-8.

Crédito das imagens: Unsplash

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Elizandra Civalsci Costa
Elizandra Civalsci Costa

Farmacêutica (CRF MT n° 3490) pela Universidade Estadual de Londrina e Especialista em Farmácia Hospitalar e Oncologia pelo Hospital Erasto Gaertner. - Curitiba PR. Possui curso em Revisão de Conteúdo para Web pela Rock Content University e Fact Checker pela poynter.org. Contato (65) 99813-4203

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