Por que a mulher se sente mais cansada na menopausa? A resposta pode estar no ciclo menstrual

A menopausa é um marco na vida da mulher, cercado de transformações físicas e emocionais. Ondas de calor, alterações de humor, noites mal dormidas e, claro, a famosa fadiga. Este último sintoma, muitas vezes subestimado, pode ser um dos mais incômodos. Infelizmente, menopausa causa fraqueza no corpo como um todo.

Mas o que poucos sabem é que a resposta para o cansaço excessivo durante a menopausa pode estar diretamente ligada ao ciclo menstrual. Sim, o mesmo ciclo que acompanha as mulheres por décadas pode ser a chave para entender porque a menopausa causa fraqueza no corpo.

Hoje, aqui no SaúdeLAB vamos explicar porque a menopausa causa fraqueza no corpo e como amenizar os sintomas.

A menopausa e o ciclo menstrual: uma relação negligenciada

Um estudo recente liderado pela Universidade de Michigan trouxe à tona uma conexão surpreendente: o sangramento menstrual intenso, comum durante a transição para a menopausa, pode ser um dos principais responsáveis pela fadiga que tantas mulheres experimentam nessa fase.

A pesquisa, publicada na revista Menopause, acompanhou mais de 2.300 mulheres por quase uma década, analisando diários menstruais e sintomas relatados anualmente.

Os resultados sugerem que o cansaço não é apenas um efeito colateral dos hormônios em queda livre, mas também uma consequência direta da perda excessiva de sangue e, consequentemente, de ferro.

Quando falamos em menopausa, é comum associá-la ao fim da menstruação. No entanto, o caminho até esse momento é marcado por alterações significativas no ciclo menstrual.

Durante a perimenopausa — o período que antecede a última menstruação —, muitas mulheres experimentam sangramentos mais intensos e prolongados. Para até um terço delas, esse fluxo pode ser tão abundante a ponto de exigir trocas frequentes de absorventes ou até mesmo causar vazamentos inesperados.

O que poucas pessoas sabem é que, junto com o sangue, o corpo perde ferro, um mineral essencial para a produção de hemoglobina, responsável por transportar oxigênio no sangue. Quando os níveis de ferro caem, a fadiga aparece. E é aí que a menopausa causa fraqueza no corpo de forma mais intensa.

A professora Sioban Harlow, autora principal do estudo, explica que a fadiga na menopausa pode ter duas origens principais: a interrupção do sono devido a ondas de calor ou sangramentos noturnos, e a deficiência de ferro causada pela perda excessiva de sangue.

Quando perdemos sangue, perdemos ferro. E um dos sintomas mais comuns da deficiência de ferro é a fadiga“, destaca Harlow.

O impacto da fadiga na qualidade de vida

A fadiga não é apenas um incômodo passageiro. Ela pode ter um impacto profundo na qualidade de vida, afetando a produtividade, o humor e até a capacidade de realizar atividades cotidianas. Para as mulheres que já lidam com outros sintomas da menopausa, como insônia e alterações de humor, o cansaço excessivo pode ser a gota d’água.

Mas há boas notícias: tanto o sangramento uterino anormal quanto a fadiga são condições tratáveis. E você não precisa sofrer em silêncio. Aqui estão algumas dicas práticas para ajudar a amenizar a fadiga e recuperar sua energia:

Monitore seu ciclo menstrual: Anote a duração e a intensidade do seu fluxo. Se você perceber que está tendo sangramentos prolongados (mais de oito dias) ou muito intensos, isso pode ser um sinal de que seu corpo está perdendo ferro em excesso.

Verifique seus níveis de ferro: Um exame de sangue simples pode detectar deficiências de ferro ou anemia. Se necessário, suplementos de ferro podem ajudar a recuperar a energia. Converse com seu médico sobre essa possibilidade.

Invista em uma dieta rica em ferro: Alimentos como carne vermelha, feijão, lentilha, espinafre e castanhas são excelentes fontes de ferro. Combiná-los com alimentos ricos em vitamina C, como laranja e limão, pode aumentar a absorção do mineral.

Priorize o sono: A qualidade do sono é crucial para combater a fadiga. Tente criar uma rotina noturna relaxante, evite cafeína à noite e mantenha o quarto fresco para minimizar as ondas de calor.

Mantenha-se ativa: Pode parecer contraditório, mas a prática regular de exercícios físicos leves, como caminhadas ou ioga, pode aumentar sua energia e melhorar o humor.

O que mais você pode fazer?

Além dessas dicas, é importante lembrar que a menopausa é uma fase de transformação, e cada mulher a vivencia de forma única. Se você está se sentindo sobrecarregada pela fadiga, não hesite em buscar apoio.

Converse com outras mulheres que estão passando pela mesma experiência, participe de grupos de apoio ou procure um profissional de saúde que entenda suas necessidades.

E, acima de tudo, lembre-se de que você não está sozinha. A fadiga na menopausa pode ser desafiador, mas com as informações e ferramentas certas, é possível recuperar sua energia e viver essa fase com mais conforto e vitalidade.

Como identificar se a fadiga está ligada à perda de ferro

Se você está na menopausa e sente um cansaço que não melhora mesmo após uma boa noite de sono, pode ser útil observar outros sinais que indicam deficiência de ferro.

Além da fadiga, sintomas como pele pálida, unhas quebradiças, queda de cabelo, tonturas e falta de ar ao realizar esforços leves podem ser indicativos de que seu corpo está com baixos níveis de ferro.

Se você desconfia que isso pode estar acontecendo com você, não hesite em procurar um exame de sangue para verificar seus níveis de ferritina (a proteína que armazena ferro no corpo) e hemoglobina. Esses exames são simples e podem trazer clareza sobre o que está causando sua fadiga.

Alimentos que ajudam a combater a fadiga

A alimentação é uma grande aliada para recuperar a energia durante a menopausa. Além de incluir alimentos ricos em ferro, como mencionado anteriormente, é importante garantir que sua dieta seja balanceada e rica em nutrientes essenciais. Aqui estão algumas sugestões:

  • Proteínas magras: Carnes brancas, peixes (especialmente salmão e sardinha, ricos em ômega-3) e ovos são ótimas fontes de proteína, que ajudam a manter a energia ao longo do dia.
  • Grãos integrais: Arroz integral, quinoa e aveia são ricos em fibras e liberam energia de forma gradual, evitando picos de glicose no sangue que podem causar sonolência.
  • Frutas e vegetais coloridos: Abóbora, cenoura, beterraba, laranja e mamão são ricos em vitaminas e antioxidantes que ajudam a combater o estresse oxidativo e melhoram a disposição.
  • Sementes e oleaginosas: Castanhas, nozes, sementes de abóbora e gergelim são fontes de magnésio, um mineral que ajuda a reduzir a fadiga e melhorar a qualidade do sono.

Hidratação: um segredo simples para mais energia

A desidratação pode piorar a sensação de cansaço, e muitas vezes nem percebemos que não estamos bebendo água suficiente. Durante a menopausa, a hidratação adequada é ainda mais importante, pois ajuda a regular a temperatura corporal (reduzindo as ondas de calor) e mantém o metabolismo funcionando bem.

Tente beber pelo menos 2 litros de água por dia. Se você tem dificuldade de lembrar, use aplicativos de celular ou coloque lembretes ao longo do dia. Chás naturais, como camomila ou hortelã, também são ótimas opções para variar e manter-se hidratada.

Movimente-se para recuperar a energia

Pode parecer difícil pensar em se exercitar quando você está se sentindo exausta, mas a atividade física é uma das melhores formas de combater a fadiga. Exercícios leves e regulares ajudam a melhorar a circulação sanguínea, aumentar a produção de endorfinas (hormônios do bem-estar) e regular os níveis de energia.

Aqui estão algumas ideias para começar:

  • Caminhadas: 30 minutos por dia já fazem uma grande diferença. Convide uma amiga ou ouça uma playlist animada para tornar o momento mais prazeroso.
  • Ioga: Além de melhorar a flexibilidade e o equilíbrio, a ioga ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade, que podem piorar a fadiga.
  • Alongamentos: Se você não tem tempo para uma atividade mais longa, dedicar 10 minutos pela manhã para se alongar já ajuda a despertar o corpo e a mente.

O poder do descanso consciente

Durante a menopausa, o sono pode ser afetado por vários fatores, como ondas de calor noturnas, ansiedade ou até mesmo a necessidade de ir ao banheiro com mais frequência. Para melhorar a qualidade do seu descanso, experimente estas estratégias:

  • Crie um ritual noturno: Tome um banho quente, leia um livro ou pratique técnicas de relaxamento, como meditação ou respiração profunda, antes de dormir.
  • Mantenha o quarto fresco: Use roupas leves e mantenha a temperatura ambiente agradável para evitar as ondas de calor noturnas.
  • Evite telas antes de dormir: A luz azul de celulares e computadores pode interferir na produção de melatonina, o hormônio do sono.

Quando buscar ajuda profissional

Embora muitas mulheres consigam amenizar a fadiga com mudanças no estilo de vida, é importante reconhecer quando é hora de buscar ajuda profissional.

Se você perceber que o cansaço está afetando significativamente sua qualidade de vida, ou se os sintomas persistirem mesmo após ajustes na alimentação e rotina, não hesite em procurar um médico.

Além de avaliar seus níveis de ferro, o profissional pode investigar outras possíveis causas de fadiga, como distúrbios da tireoide, depressão ou apneia do sono. Lembre-se de que você não precisa enfrentar isso sozinha — há tratamentos e suporte disponíveis para ajudá-la a recuperar sua vitalidade.

A menopausa é uma fase de transformação, e é normal que o corpo passe por ajustes durante esse período. No entanto, a fadiga não precisa ser uma companheira constante.

Ao entender a conexão entre o ciclo menstrual, a perda de ferro e o cansaço, você pode tomar medidas práticas para recuperar sua energia e viver essa fase com mais leveza e disposição.

Cuide do seu corpo, ouça suas necessidades e não tenha medo de buscar ajuda quando necessário. Afinal, você merece se sentir bem, em qualquer fase da vida.

Leia mais: Entenda o que é dor crônica e por que as mulheres são mais afetadas do que os homens (segundo estudo)

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Elizandra Civalsci Costa
Elizandra Civalsci Costa

Farmacêutica (CRF MT n° 3490) pela Universidade Estadual de Londrina e Especialista em Farmácia Hospitalar e Oncologia pelo Hospital Erasto Gaertner. - Curitiba PR. Possui curso em Revisão de Conteúdo para Web pela Rock Content University e Fact Checker pela poynter.org. Contato (65) 99813-4203

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